sábado, 30 de dezembro de 2006

sem título

O homem diante de mim não aparenta a idade que tem, de forma alguma. Claro, alguns olhos clínicos podem identificar traços que denunciem a passagem do tempo, a qual ele às vezes sente nublar sua vista e curvar-lhe as costas. Mas não é algo que todos notem, o homem deve ficar feliz consigo mesmo, pois aparenta ser mais jovem. Chamo-o homem pois conheço sua idade. Externamente, porém, ele mais parece um menino. Um menino que só há pouco encontrou pistas interessantes sobre o mundo e sua composição.
Ele tem o mundo à sua espera, não há dúvida.
Digo isso tudo a ele sem palavras. A nós dois, basta nos vermos nos olhos, e tudo se entende. Ele se sente grato pela atenção, gosta de saber que é querido. Uma única lágrima escorre de seu olho direito. Com satisfação o homem percebe que pode chorar sem parecer uma criança desesperada, como tantas vezes ocorrera, mesmo após o término de sua infância. Por isso mesmo ele sorri, é um sorriso franco, lindo, convenhamos, lindo é quem o sorri e é menino o suficiente para fazê-lo.
Despedimo-nos sem cerimônias. Dou meia-volta e vou em frente.
Ouço alguém dizer parabéns.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

confidência e tentativa de auto-ajuda


Preciso dizer: eu desanimo com as coisas. Se me proponho uma determinada tarefa e começo a encontrar dificuldades em cumpri-la, sinto-me perdido, acho que tudo está muito errado, dá vontade de desistir. Sou o oposto do brasileiro do slogan. Acontece que detesto me sentir derrotado, não lido bem com adversidades.
Pensando bem, sou assim desde criança. Nunca gostei de perder. Se começava mal uma partida de videogame, por exemplo, logo procurava o botão reset. Para parecer que nunca havia feito nada errado, sabe? Tudo que eu fizesse devia beirar o impecável. Isso explica também por que eu chorava na quarta série quando não tirava dez em alguma prova - acredite, não é uma coisa fácil de admitir.
Sem contar meu total desinteresse por esportes coletivos. De vez em quando penso: o que me desmotivava de fato? Eu era naturalmente ruim e não valia a pena tentar, ou eu era ruim e não iria me expor?
Já desisti de várias coisas nesta vida. De algumas, talvez, por me recusar a lidar com as dificuldades peculiares a cada caminho.
Mas por quê? Todos sofrem, nada é fácil, às vezes nem mesmo para os bem-nascidos. Custei a perceber isso e, ainda hoje, ciente dessa verdade, minhas cabeçadas ainda provocam dores intensas, próximas do insuportável. Não posso continuar agindo dessa maneira. Sou adulto, preciso ser prático, tomar decisões e, sim, manter-me firme, convicto, aceitando todos as implicações, especialmente as ruins, de ter seguido por uma estrada e não por outra. A vida não tem um botão reset - eu o utilizava quase sem pensar no Atari. As dificuldades de nosso percurso continuam registradas. E isso é bom. Um dia a gente alcança a linha de chegada, olha para trás e pensa: "olha só o que eu venci".

violência, de novo

E ontem foi a vez do Rio. Ao longo do dia, a mídia falou e falou dos ataques "covardes" a alvos policiais e ônibus ocorridos desde a madrugada anterior. Aliás, bastante espertos, os bandidos: suas ações podem estragar o mais badalado réveillon do Brasil - duvido que não ostente esse título, tem cobertura da Globo!
De uma hora para outra, o Rio de Janeiro se tornou perigosíssimo, como aconteceu com São Paulo meses atrás. Nada de revanchismo bairrista aqui. Na verdade, o medo é uma constante para quem mora em qualquer grande cidade brasileira. A situação é mais assustadora ainda em regiões periféricas, mas disso não há necessidade de falar o tempo todo. Vez ou outra, porém, em que a bandidagem decide que o terror deve tomar conta de todos. Neste caso específico, a ordem foi estragar a sua, a nossa festa, a de quem viesse. Talvez não houvesse muito a comemorar.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

sobre o fim de ano...anos atrás

Algo que escrevi há exatos dois anos, em meu antigo diário, e agora está aqui porque penso praticamente da mesma forma. Em vez de escrever a mesma coisa outra vez, aproveito o texto antigo.
Transcrevo-me sem alterações, deixando à mostra pequenos erros que hoje não cometeria. Entendam, naqueles dias eu nem pensava em publicar.

(...)
Ontem eu estava pensando no quanto esta semana é estranha. Sim, porque o ano praticamente acabou, mas o ano que vem...bom, não veio ainda. Até certo ponto, esta é uma semana indefinida. Esquisito achar isso da época em que se faz aniversário, mas não posso evitar. Tirando o fato de eu soprar velinhas, o que não é lá muito relevante para o resto do mundo, fica a sensação de que tudo de realmente importante relativo a 2004 já aconteceu, e agora estamos apenas cumprindo tabela.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

natal

Lá fora, mais precisamente nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, tão influentes em nossa cultura - não se pode negar - Natal bonito de verdade é aquele em que faz bastante frio, as pessoas têm de usar roupas pesadas para se aquecerem. O ideal é haver neve. Ver os flocos caindo levemente durante a noite e no dia seguinte acordar com as ruas e as casas cobertas de branco. As crianças adoram, fazem bolas e bonecos de gelo.
Mas estamos no Brasil. Um país tropical. Neve é coisa raríssima, ocorre apenas no sul, quando ocorre, entre julho e agosto. Nada de Natal branco por aqui.
Hoje está chovendo. Puxando pela memória, certamente me recordarei de outros Natais igualmente chuvosos. Não é algo totalmente inesperado. O verão teórico começou há pouco e até mesmo existe um tipo de precipitação que tem como, digamos, sobrenome essa estação do ano.
Chuvas de verão são bem-vindas após um dia de imenso calor. Mas talvez não no Natal. Afinal, chuva em dia de festa é chato por si só.
E se a água, antes de chegar ao chão. passasse por um resfriamento absurdo e se tornasse neve branquinha? Talvez não reclamássemos tanto, apesar de todo o incômodo. Decerto os pequenos adorariam ter um Natal igual ao dos filmes na tevê. Eu mesmo teria adorado, em minha época. Hoje, posso reclamar da chuva, mas prefiro de longe a neve, a qual acredito firmemente que só é bonita de longe. A um hemisfério de distância, mais ou menos.
***
Meu brinquedo de Natal preferido é a nova câmera da família! Breve, por aqui e no meu Orkut, algumas de minhas fotinhas.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

feliz ano novo pra você!

Menos de 35% da população mundial comemoram o Ano Novo no dia 1o. de Janeiro próximo. Minha fonte é o National Geographic Channel.
Chineses, indianos, muçulmanos, judeus...cada um desses povos possui calendário próprio, o ano podendo começar antes ou depois do nosso.
Assim, quando disserem na televisão que o mundo festeja a chegada de 2007, pense num mundo um tanto menor. Tipo, aquele sob influência ocidental e cristã.
Um barato, dar-se conta das dferenças.

domingo, 17 de dezembro de 2006

messias

Foi realmente uma pena: não pude participar da apresentação de ontem. A baixa disponibilidade de ônibus típica de um sábado não permitiu que eu chegasse a tempo de apanhar o veículo que levaria os coralistas ao local do concerto. Pelo mesmo motivo, minha tentativa heróica de ir até o mosteiro de São Bento por conta própria para cantar fracassou: à minha chegada, coro e orquestra já estavam no palco; o espetáculo já havia começado. Mais tarde, uma coralista comentaria a decepção estampada em meu rosto.
Assisti à apresentação de longe, o terno que tomara emprestado horas antes para o evento - e cujo cabide havia se partido durante o melancólico trajeto Campinas-Vinhedo - sempre em mãos. Perdi a primeira peça, meu adorado Ave Verum, de Mozart, mas essa voltou no bis. Ouvi a seguinte, uma ária de Alessandro Scarlatti para soprano, e depois a conhecidíssma Ária da Quarta Corda.
Finda a parte inicial, foi anunciado o Messias. Doeu-me o coração ouvir os primeiros acordes do coro And the Glory of the Lord, ausentei-me da sala do concerto por alguns instantes, ouvindo a música de um corredor adjacente. Foi quando mais quis estar no palco. Esse sentimento, porém, passou logo, e antes mesmo da metade do já referido coro voltei a ser platéia. Permaneci na sala praticamente até o final; apenas fui esticar um pouco as pernas quando quando o Hallelujah ressurgiu, no bis.
O concerto foi maravilhoso. Identifiquei um ou outro erro nos baixos - e talvez na orquestra, não me arrisco a afirmar - bem como algumas vozes de coralistas "furando" seus naipes, mas nada capaz de comprometer o espetáculo, que classifico como excelente e de alto nível. Sim, deixar de cantar após dois meses de trabalho moldando voz e espírito para a apesentação machuca, e muito, mas busco alento na idéia de que ajudei a construir o concerto e tenho condições de tomar parte em projetos musicais de grande qualidade. Se ontem tive de conferir tal qualidade da platéia, foi por azar, não incapacidade.
***
Só mais umas coisas.
Após a apresentação, alguns coralistas - poucos - disseram que eu deveria ter vestido o paletó e subido ao palco entre uma peça e outra. Isso não me pareceu certo por várias razões.Jamais faria tal coisa sem consentimento do regente. Talvez até me metesse a ser o "coralista que chegou depois" em algum compromisso menos formal do Zíper na Boca, mas nunca numa apresentação de gala, quase todos no palco músicos profissionais - justamente eu era uma das pouquíssimas exceções. Além disso, todos já estavam ali há quase duas horas, em clima de apresentação, aquecidos e concentrados. Não seria honesto de minha parte "chegar chegando" sem ao menos estar descansado. E, por favor, estamos falando de um mosteiro. Já estive lá cinco anos atrás. É simplesmente um local à parte neste mundo maluco. Todos - maestro, cantores, musicistas - já haviam absorvido a atmosfera do santo lugar. Quanto a mim, era apenas cansaço e nervosismo.
Após o concerto, o regente, católico, falou-me algo como "Deus não quis que você cantasse". Não sei se realmente acredito num deus, mas talvez houvesse mesmo um motivo para que as coisas se dessem da mnaeira como descrevi. Fico apenas me perguntando se a razão é de ordem "esotérica", ou se algo menos complexo explica tudo. Algo em minha vida cotidiana, por exemplo. Quem sabe?
Isto é cidade grande com clima de interior:

Uma loja de shopping center (um dos maiores do país) anunciando em carro de som, desses com locutor de voz bem brega.

Juro que vi isso agora há pouco.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

objeto

A decepção jaz sobre a cama. É onde ela assume inusitada forma corpórea, redentora para uns, indesejada para outros, sob diferentes ângulos. A respeito disso, entretanto, a opinião do maior de todos os juízes é a única relevante, e esse todos sabemos o que pensa, embora sua voz não se faça ouvir, não agora.

domingo, 10 de dezembro de 2006

intangível/inatingível

Como eu não há outro. Soa estúpido, não? Por tão óbvio. Um, um qualquer, nunca é igual a outro. E não escapo disto. Ali, na multidão, apontam-me, e me torno um qualquer, o que, sabe-se, é bem distinto de ser qualquer um, mas disso não falo aqui.
Digo: como eu não há outro. Claro. Somos todos diferentes.
Então eu?
Sou mais diferente que os outros.
A meu redor, pessoas se entendem, pessoas de todo tipo, e é um milagre. O que as torna únicas não faz diferença. Estão unidas.
Mas eu. Sobro. Sempre sobro. Às vezes levo tempo para perceber, às vezes está claro desde logo. Tenho apenas minha peculiar companhia, talvez a única a mim adequada.
Não sei por quê.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

aviõezinhos

Só eu acho que vem se dando muito espaço na mídia sobre a questão do tráfego aéreo? Por acaso isso é problema que afete toda a população? Pouquíssimos brasileiros andam de avião. Por outro lado, quando acontece de se reajustar tarifa de ônibus, simplesmente dizem, com dois, três dias de antecedência, vai subir para tanto, aí sobe e não se toca mais no assunto.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

falo mas não digo

(pelo menos por enquanto...)

Sempre que me acontece algo "estranho", procuro você.
Estou balançado por bem-sei-o-quê e quero saber como você está se virando.
Se está bem, se tem seus probleminhas.
Se a vida vem lhe pregando das suas. Também (?)
Se posso ajudar.

Altruísmo é o cacete. Quero minha recompensa.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Eu estava deitado na cama de meus pais, num quarto bastante semelhante àquele em que eles dormiam, mas um tanto maior. Era fim de tarde, talvez umas quatro horas. A luz do sol atravessava as cortinas cerradas e chegava fraca até o leito. Eu iria tirar um bom cochilo.
Prestes a adormecer, fui desperto pela chegada de outra pessoa ao quarto, que havia se deitado também. Eu a conheço de vista - e de voz, porque canta. Possui um corpo moreno, bonito, escultural mesmo.
Dormiu instantaneamente, ao que parecia. Estava de costas para mim. Num dado momento, virou-se em minha direção. O peito estava nu, cabe mencionar. O mamilo direito se encontrava bem diante de meus olhos.
Desejei aquele corpo como nunca. Aproximei-me, buscando senti-lo junto a mim de alguma forma. Mas a bela figura, ainda em seu sono, afastou-se. Desisti; virei-me para o outro lado.
Pouco depois, ainda sem dormir, notei que me roubavam o lençol. A criatura, até então apenas parcialmente coberta, enrolou-se nele por completo. Senti-me provocado, invadido em minha resignada quietude. Decidi agir.
Ergui-me da cama. Arranquei minha blusa, que, de tão fina, mais lembrava uma camiseta de mangas compridas. Vestia, ainda, uma camisa - como eu não sentia calor antes? Fui até o guarda-roupa apanhar outra coberta. Aquela seria minha. Em poucos minutos, eu a estenderia discretamente sobre a cama toda e de maneira lenta e progressiva me aproximaria daquele corpo...o sentir...o toque...
Acordei com o dia raiando e não tive mais sono.

sábado, 25 de novembro de 2006

imagético

(devia haver uma foto aqui...)



Queria encontrar-me, dizer 'eu me amo' com mais freqüência.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

calado!

Mais um sonho esta noite. Só que ele é impublicável. Não adianta insistir.

Uma pena, viu? Porque o texto ficou muito bacana ;)

meu medo é esquecer

Meu medo é esquecer; não mais atinar com fatos cotidianos, tudo embaçado ao meu redor. Virar páginas e páginas apenas para verificar a perda das lições passadas. Não saber mais do que me torna quem sou. Abrir os olhos e perceber-me velho, cinzento, empoeirado. Um casarão abandonado que viu uma enorme família crescer e hoje nada possui que faça recordar a alegria de outrora.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

noventa

Músicas dos anos 90 que tocaram no rádio essa noite...e sobre as quais queria dizer umas palavrinhas.


A Letter to Elise

Até agora, a música do Cure que mais ouvi na vida. É que o clipe passava direto na MTV entre o final de 92 e o começo de 93. Eu era fã, mas passei anos sem ouvi-la. De uns tempos para cá, venho descobrindo algumas das maravilhas que a banda produziu ao longo dos anos 80 e, numa comparação baseada em minha memória, A Letter to Elise perdia feio para essas "velhinhas". Mas meu ouvido era outro á época do hit...uma nova audição e agora faço justiça. A Letter... é uma bela e melancólica canção. Não compreendo toda a letra, mas os vocais de Robert Smith se encarregam de atribuir à melodia o tom pesaroso exigido. O leve acompanhamento instrumental também merece nota. Como resultado, temos aí outro clássico do Cure e uma das mais belas músicas do começo da década passada.


Tears of a Dragon

Iron Maiden, todo mundo conhece. É célebre mesmo entre seus piores detratores. Em meados da década de 90, o então vocalista Bruce Dickinson se afastou da banda - divergências artísticas eram a causa oficial padrão dessas saídas; não me recordo bem, mas deve ter sido essa a razão alegada nesse caso também. Em pouco tempo, ele se lançou em carreira solo. Não ouvi o disco todo, mas, inegavelmente, o hit Tears of a Dragon poderia figurar entre um dos trabalhos do Iron. A voz de Bruce está lá, e tudo mais soa como a banda. Apenas os instrumentistas são outros. Quanto à música, nada de mais, assim como Iron Maiden não tem nada de mais. Nunca fui ou quis ser metaleiro.


Crazy

O Aerosmith ressusrgiu do pó - livre interpretação - no final da década de 80, trazendo de volta sua formação original e tendo em mãos a fórmula do sucesso: gravar hits ao gosto dos adolescentes. OK, de vez em quando surgem composições mais inspiradas, mas, em geral, é um pop rock sem grandes variações entre uma faixa e outra da coletânea de maiores sucessos. Apenas divida-os em dois grupos: o pop mesmo (por falta de denominação melhor) e as lentas. Crazy é das lentas. O negócio aqui é falar de amor e filmar videoclipes contando histórias de lindos jovens. Crazy tem Alicia Silverstone e Liv Tyler - filha do vocalista da banda, Steve, e então futura Arwen Undómiel - curtindo a vida juntas, grandes amigas que são, divertindo-se entre si, ou com alguns moços, essas coisas. E viva a juventude: ela garante os milhões na conta bancária dos velhinhos do Aerosmith.


November Rain

Pretensão. Egolatria. Isto é Axl Rose. Os que se lembram desta canção e de seu videoclipe, e são também dotados de algum bom senso, não podem discordar. A música: nove longos minutos pouco inspirados (mas que agradavam a molecada...) alternando piano, orquestra, coro meia-boca, o indefectível vocal esganiçado de Axl e solos sonolentos do superestimado Slash. OK, a parte final é passável, e só, mas e chegar até ela? O megalômano clipe: Axl vê (revê?) seu casamento em sonho. A noiva, coitada, aceita entrar na igreja com um vestido que não lhe cobre as pernas. O padrinho, Slash, após entregar ao noivo a aliança - na verdade, um anel de roqueiro - deixa a nave e vai tocar guitarra no deserto. Contra o vento, óbvio. Ah, convém lembrar aqui que os pombinhos do vídeo se uniram na vida real também. Em alguns meses se divorciaram. No clipe, o matrimônio termina de forma mais trágica: a noiva morre pouco depois da cerimônia. Uma questão de dias, talvez, não fica claro. Para quem acha que exagero ao falar em mania de grandeza, tem mais. Entre casamento, solos na areia, festinha e velório, são exibidas algumas cenas da banda - Guns n' Roses...é a primeira vez que os menciono - num show. O visual de Axl no palco lembra John Lennon.
Sucesso absoluto na MTV à época. Totalmente esquecível. Que é do Sr. Rose agora?

domingo, 12 de novembro de 2006

Raramente sonho, e quando acontece, é isto: mal me lembro do que vi. Quem sabe escrevendo não trago de volta alguns detalhes.
Protagonistas: eu e um colega - que eu não esperaria me aparecer em sonhos. Estávamos envolvidos numa dessas brincadeiras em que um procura irritar mais o outro e vice-versa, por meio de comentários jocosos. De algum modo, a coisa se tornou física, com tapas e coisas do tipo. Não era briga. Num movimento mais brusco de minha parte, não sei bem como, ele acertou a cabeça num poste. Em cheio. (Estranhíssimo, pois, ao que me lembro, estávamos o tempo todo na sala onde costumamos nos ver...bem, era um sonho.)
Curiosas, as pessoas ao redor correram ao local do incidente, ver como o rapaz estava. Ele se levantou rapidamente. Estava bem. Checou a armação dos óculos, que haviam se danificado um pouco, e seguiu com o grupo quase como se nada houvesse acontecido. Quase, pois ele já não me dava mais atenção, mesmo que eu ainda o provocasse. Havia um fio de sangue escorrendo de sua testa, único vestígio do choque - ele havia guardado os óculos.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

notas felizes

E já se vão três meses desde minha estréia como solista no coral. Ontem, em mais uma apresentação, tive novamente a chance de ser o astro - meu solo é dividido em duas partes e no total tem uns trinta segundos de duração, mas tudo bem. Após o concerto, quando já estávamos, eu e o coro, uma garota se aproximou de mim. Ela disse que me viu como solista no dia de minha estréia e que se arrepia ao ouvir minha voz...para ela, eu já era um artista, como ela também afirmava ser. O ego acariciado, agradeci o carinho, e ela se foi, afirmando que ainda gostaria de me ouvir muitas vezes.
Puxa vida. No momento, me considero um cantor em construção. Ao cantar, no coro ou nas aulas, penso quase exclusivamente em técnica. Em minha boca, as melodias não possuem minha cara, minhas emoções - com a possível exceção de meu medo de errar. Entretanto, já ouço um elogio desse nível. Pergunto-me o que dirão quando eu estiver mais seguro.

***

O blog faz um ano hoje.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

pós-feriado, agora com divagação

Como mencionado anteriormente, dormi por quatorze horas seguidas. Meu período de sono mais longo até hoje.
Por volta de sete da manhã, acordei e, tendo tomado consciência do tempo que havia passado desde minha decisão de ir para a cama, ainda na tarde anterior, lembrei-me de algo ocorrido em 1986 - socorro, minhas recordações mais antigas já remontam a duas décadas!
Eu ainda estava na primeira série, estudava de manhã. Nesse dia cheguei em casa um pouco doente; o que tinha, não faço mais idéia. Comi, provavelmente menos que o normal, e em pouco tempo estava deitado. Já era noite quando acordei, entre sete e oito horas. Estava bem. Parecia-me ter dormido por mais de um dia. Por um instante, tal impressão me deixou aflito. Teria eu perdido aulas? A preocupação logo passou, e tudo seguiu seu rumo habitual.
Doce lembrança da mais doce das épocas. Eu amava a escola, e adorava mais ainda tirar notas altas. Ah, era inocente a ponto de crer que uma doençazinha de nada me poria de cama por um período prolongado. Sempre fui tão saudável! Mais ainda, temi que, se de fato me acontecesse algo de grave, meu aproveitamento escolar seria irremediavalmente prejudicado.
A ingenuidade é, talvez, a característica mais divertida da infância: lembrei-me sorrindo do que acabei de relatar. O tempo passa, porém, e se encarrega de criar situações capazes de liquidar nossa inocência em partes, até que esta suma por completo.
Devo ter fugido de várias "tocaias" do destino a fim de manter minha puerilidade intacta. Ao menos, enquanto havia esconderijos, e esses podem ter resistido por tempo demais.
De qualquer forma, a hora sempre chega. A hora de mudar.

pós-feriado

Passei o feriado em Londrina (PR), em viagem com o Zíper. Festival de corais. Após três dias de sono irregular, embarques e desembarques, ensaios além da conta - porque sempre há quem ache que vida de artista é apenas glamour - as apresentações correram dentro das expectativas e, na madrugada de domingo, partimos em direção a Campinas.
Chegamos no começo da tarde de ontem. Tudo que eu queria era um bom café da manhã atrasado e deixar o almoço para o horário da janta. Mas só havia leite em casa, e eu teria de andar muito sob o sol para conseguir pão. Apenas bebi. Estava sozinho em casa e, para passar o tempo, tentei ler um gibi. O cansaço não permitiu. Logo chegou gente, e fomos comprar comida. Almoçamos em casa. Conversamos um tanto, ouvimos música, eu sempre estirado no sofá. Eram cinco horas quando fui para a cama. Acordei, já era hoje, sete da manhã.
Participar de festivais de coros tão longe de casa é desligar-se do mundo exterior por alguns dias. O tempo todo, ou estamos pensando em cumprir os compromissos do evento, ou não se pensa absolutamente nada, pois é preciso descansar minimamente para os próximos concertos. Agora me chegam algumas notícias do mundo. O São Paulo me deixa contente com a vitória sobre o Santos no domingo apenas para me supreender negativamente com o empate de quarta com a Ponte Preta. Em nome de um estado iraquiano democrático, Saddam Hussein será enforcado. Um projeto de lei quer exigir identificação prévia de usuários de Internet. Entre outras tantas novidades, agradáveis ou não. Devagar, volta-se à vida.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

ismos

Há pouco apropriei-me
de palavras litúrgicas
- da doutrina dominante -
e afirmei, ou antes pedi:
dizei uma palavra
e serei salvo.
Mas agora penso...
e se sou eu
aquele a quem cabe
o cabalístico dizer?
Todos fazemos o que não se deve.
E é o que somos.

terça-feira, 24 de outubro de 2006

de dois, inúmeros

Lula e Alckmin adoram números. Os dois candidatos procuravam, a todo momento, fundamentar suas críticas mútuas com dados numéricos. Alguns pareciam incompreensíveis até para quem os citava, mas uma ou outra pesquisa era mais acessível.
Em dada ocasião, Lula acusou Alckmin de aumentar os impostos de x para y por cento durante sua gestão em São Paulo, sendo x e y números decimais com duas casas após a vírgula. O candidato do PSDB, que vem insistindo em sua promessa de baixar impostos - seriam os tucanos republicanos? - replicou com palavras similares a estas:
"Queria que o candidato me dissesse o nome de um imposto que aumentei. Eu posso citar duzentos que mandei abaixar."
Números que não valem nada. Levá-los a sério, bem como tantas outras coisas ditas ao longo desta campanha eleitoral, é bobagem. A menos que se abstraia o contexto, com a intenção de ver o lado engraçado.

polêmica

Deu na CBN. Era uma discussão que peguei pela metade.
Uma senhora, cansada de testemunhar ataques de bandidos a pessoas em filas (INSS? deve ser), resolveu tomar uma atitude. Arranjou um revólver e, diante de novo assalto, ameaçou o criminoso. Como resultado, este foi preso, assim como a mulher. Ela não tinha porte de armas, e aquela que portava, pertencente à filha, estava em situação irregular.

abstinência

Devido a circunstâncias alheias à minha vontade (malditos..) quase não tenho acessado a Internet nos últimos dias. Dá para imaginar este rato sem computador? Desnecessário dizer que isto me prejudica. A rede é minha principal fonte de notícias. Para compensar, tenho ouvido a CBN sempre que possível, em casa. Mas apenas isto não basta: vejam, esqueci-me do debate Lula/Alckmin de ontem, na Record. Uma conversa rápida me pôs a par da atração televisiva poucas horas antes de sua transmissão. Algo assim jamais aconteceria se eu estivesse usando Internet da forma habitual.
Os supérfluos necessários, por assim dizer, andam ainda mais esquecidos. Não leio e-mails desde sábado (!) e minha última conversa via MSN data do dia anterior. Notícias e artigos sobre quadrinhos também deixam saudades.
E o blog? Fosse algo físico, teria bastante poeira acumulada agora. Há textos prontos aguardando postagem, e outros que sequer foram digitados.
Essa situação muda hoje. Vou à luta! Pelo direito ao ócio virtual.

(O tom jocoso desta última frase é notório, certo? Nâo? Aimeudeus.)

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

clique

Triste é quem não consegue rir de si mesmo.
Lugar-comum? Concordo. Mas teve uma hora no dia de hoje em que isso fez tanto sentido...

terça-feira, 17 de outubro de 2006

sinfonia de outubro

Há algo diferente soando a meu redor.
Ainda há pouco, chovia, e nada se ouvia além da água a atingir o chão, os telhados, tudo que lhe interrompesse a queda.
E quando a chuva por fim cessou, quando se esperava um momento de total silêncio, surgiu um novo som. Não é som da natureza, como água caindo. Curioso, busco ouvi-lo mais atentamente, saber do que se trata.
Logo o identifico. É música.
Essa canção, eu a percebo como o primeiro movimento de uma peça orquestral inédita. Poucos instrumentos são necessários para sua execução. Eles cantam docemente. Apenas o começo.
Antes da música, já havia outro som. Os músicos afinavam seus instrumentos antes da grande aparesentação. Isso, porém, levou tempo. A espera me deixou inquieto. Aquilo não era música! Parti, e foi como se deixasse minha poltrona na sala de espetáculos sem intenção de retornar. Não demorou para que a chuva caísse, encobrindo qualquer outro ruído.
Agora, a introdução de uma obra sinfônica. Avidamente aguardo o que virá a seguir. Melodias leves, agradáveis, como boas conversas. Trechos tensos, toda a orquestra em fortíssimo, acordes dissonantes. Ah, talvez um grandioso tema capaz de ecoar na mente por um bom tempo, ainda que seja executado uma única vez durante toda a peça.
Gosto de pensar nessa última possibilidade. Mas, acima de tudo, alegra-me saber que há, de fato, música soando aqui. Não estou ouvindo demais: é uma agradável surpresa.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

mudanças e o tempo

Noite de domingo. Uma nova semana está para começar. Mais um ciclo, pequeno ciclo, em nossas mensuráveis vidas humanas.
Quando um novo e marcante ciclo se inicia, é quase natural fazermos planos, em conformidade com nossos anseios - pense nas resoluções de Ano Novo. Anseios capazes de refletir pequenas, ou grandes, frustrações. Antes de tudo, desejamos que tudo dê certo dessa vez, desejamos afastar o sofrimento.
Planos para a semana, daqueles grandes, para mudar completa ou significamente a vida, não são assim tão usuais. Uma pequena mágoa a ser curada, uma rua diferente a ser tomada no trajeto para casa, preencher novos horários; eis mudanças comuns entre uma semana e outra. Talvez boa parte de nós considere esse espaço de tempo curto para levar a cabo decisões impactantes. Um pensamento saudável, de que nem todos compartilham. E dói.
Na natureza, tudo são processos. É bobagem marcar data para a felicidade chegar. As coisas ocorrem a seu tempo, o qual pode parecer extremamente lento para nós, seres apressados, por vezes ultralógicos. Acostumados à obrigação de cumprir prazos sempre e a todo momento, queremos impor essa mesma rigidez a aspectos não-práticos da vida. Porque não somos atendidos como e quando requisitamos à indomável fortuna, nascem as frustrações. E, pobres, sentimos a passagem do tempo como a de um rolo compressor sobre as cabeças aos brados de "quando serei feliz?', "por que tanta desilusão?", e outros.
O remédio: trabalhar continuamente até a causa do desassossego na vida ser dirimida. Sem prazos, sem neuroses. Sem buscar milagres. Isto, sim, parece adequado para uma semana. Esta que começa, e tantas outras forem necessárias.

***

Nossa, não era nada disso que eu pretendia escrever ao pegar caderno e caneta. Para dizer a verdade, eu estava no time dos desesperados. Não planejaria esta minha semana em função de prazos por puro pessimismo. E agora...passou. Mesmo. Bom, basta ler o texto aí em cima para perceber.
Não vou deixar de escrever jamais.

***

Olha, o link que vou passar a seguir não tem nada a ver com o que escrevi até agora, mas eu não estava a fim de criar um novo post só para esta matéria do UOL. Entendam como um serviço do tipo "conheça seus políticos". Conheçam e sintam sua cara cair...

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

carmen (bizet)

Scène X

10. Chanson et Duo

Carmen (avec intention en regardant souvent Don José qui se rapproche peu à peu)

Près des remparts de Séville
chez mon ami Lillas Pastia,
j'irai danser la seguedille
et boire du Manzanilla,
j'irai chez mon ami Lillas Pastia.
Oui, mais toute seule on s'ennuie,
et les vrais plaisir sont à deux;
donc pour me tenir compagnie,
j'ammènerai mon amoureux!
Mon amoureux!.. il est au diable!
Je l'ai mis à la porte hier!
Mon pauvre coeur, très consolable,
mon coeur est libre comme l'air!
J'ai des galants à la douzaine;
mais ils ne sont pas à mon gré.
Voici la fin de la semaine:
qui veut m'aimer? je l'aimerai!
Qui veut mon âme? Elle est à prendre!
Vous arrivez au bon moment!
Je n'ai guère le temps d'attendre,
car avec mon nouvel amant
près des remparts de Séville,
chez mon ami Lillas Pastia,
j'irai danser la seguedille
et boire du Manzanilla,
dimanche, j'irai chez mon ami Pastia!

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

agora sim...sobre as eleições

(as palavras pensadas que fiquei devendo...texto em "germinação" desde dois dias atras)

São Paulo, manhã de segunda. Nada de sol. O céu está tomado por nuvens, de onde cai uma chuva fina e intermitente. Faz frio, como é praxe quando há garoa. Isto pode soar clichê, mas, em virtude dos fatos tristes do dia anterior, parece que até mesmo o dia acordou carrancudo.
Eleição e copa do mundo tem suas semelhanças. Esses dois eventos mobilizam a nação, por mais que sempre haja quem deseje não se envolver de forma alguma com eles. Dentre os participantes, há favoritos e azarões, há odiados e respeitados. Há torcida, a favor e contra. Há expectativa. A diferença entre a festa do esporte e a da democracia é que, na última, um bom desempenho não depende apenas onze protagonistas, muitos entre os quais mais interessados no dinheiro a ser ganho ou nas mulheres que poderão conquistar ao longo da carreira. O sucesso, ou fracasso, de um ideal politico, ou do ideal de um politico, está nas mãos dos eleitores. E esses são milhões, milhões de pessoas, tão iguais, ao contrário dos futebolistas, poucos e dotados de talento ímpar. Os eleitores são iguais, pois têm acesso aos mesmos dados sobre todos os postulantes. O uso dessas informações é livre para cada indivíduo, mas, aqui entre nós: a partir de algumas delas, poderiamos esperar que se desenvolveu um senso comum capaz de nos fazer dizer "não!" a quem sequer deveria se lançar candidato.
Contudo, pessoas comuns, gente como a gente, perpetuaram comportamentos imperdoáveis, incompativeis com o grau de esclarecimento que se espera após vinte anos de democracia e boas frustrações. Assim, foram eleitos - em alguns casos, reeleitos, pior ainda - costumazes corruptos, auto-proclamadas "celebridades" e eternos caciques ultraconservadores, ou seus representantes. Somos todos povo, gente sofrida que se diz cansada de um Brasil ao mesmo tempo rico e pobre. Não é fácil explicar os resultados das urnas.
A seleção brasileira, perca à vontade, mesmo os mais fanáticos logo se aquietam, pois isso em nada afeta nossas vidas de fato. Já os resultados da votação de domingo têm o amargo sabor de uma goleada aos que torcem por nosso pais. E seu efeito é duradouro, quatro anos no minimo, ao final dos quais mais uma vez seremos chamados a escolher quem nos representará, entre dignos e indignos.
À tarde, o sol voltou a aparecer. Pode-se pensar que alguém acima de nós ainda crê em nossa capacidade de aprendizado, mesmo a base de bordoadas. Aqui, em terra firme, muitos estão profundamente decepcionados. Esses continuarão a enxergar os dias bonitos lá fora, mas, ao se perguntarem sobre o que esperar daqueles que nos governam, tudo ficará cinza, feio, nublado.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

animo-me!

Vou participar de um pequeno coral que apresentará o Messias de Haendel acompanhado por uma orquestra de câmara. O concerto acontecerá no dia 9 de dezembro, às 20:30, no Mosteiro de São Bento, em Vinhedo.

domingo, 1 de outubro de 2006

ao povo brasileiro (essa era a intenção)

Já temos os resultados, parciais ou totais, das eleições de hoje. Estou triste. Mesmo. Por meio deste post, em princípio, eu manifestaria minha indignação, sem me preocupar em parecer rude ou desrespeitoso. Em vez disso, porém, calo-me. Neste momento, meu corpo e minha mente precisam de repouso. Mas não fica assim...uma vez descansado, prometo - e não como um político faz - pensar em palavras melhores sobre o que não pode deixar de ser mencionado sobre hoje.
Ainda desejo a todos uma boa noite.

sábado, 30 de setembro de 2006

Já se viu obrigado a fugir, fugir um sem número de vezes, que num dado momento não fosse mais capaz de se esconder, não por sentir-se exausto, mas por que não havia mais para onde escapar?

sexta-feira, 29 de setembro de 2006

ansiedades

Breve estarei diante de todos os meus amores, aguardo ansiosamente para me reencontrar com eles. Agora mesmo, ouço suas vozes em minha mente, eles me chamam, me dizem, cada um a sua maneira peculiar, venha, venha, viveremos momentos felizes juntos, lado a lado. Nenhum me completa a existência da mesma maneira, por isso tenho vários, vários amores, que amo diferentemente. Ainda estou distante deles e penso, meu Deus, não haverá tempo para todos eles, há pouco eu disse a alguém, o tempo é aquele que temos, mas não posso chegar aos amores que "sobrarem" quando dos encontros e dizer isso a eles. Não está certo. O ideal seria eu ser vários, como vários eles são, para ter tempo para me alegrar ao lado de todos. Mas espere...eu já sou muitos por amar de modos tão diversos, sou um, único, com a característica de ser muitos. Se me quebrasse em muitos de fato, cada um deles seria menos que um, incompleto, querendo mais, os outros. Penso melhor, meus amores me entendem, se o tempo para algum ou alguns deles me faltar, quem mais sofre com isso sou eu mesmo, mas meus lindos amores me consolam, estando presentes a todo momento, aguardando pacientemente que minha hora para eles chegue. Então não está mal ser um, um para todos, e todos me tornam esse um.
Breve estarei diante de meus amores. Podem me ouvir? Não podem. Eu ouço vocês. Estou chegando!

quinta-feira, 28 de setembro de 2006

antivoto

O titulo do post é auto-explicativo, certo? Confiram minha lista. Notem que estou respeitando a ordem da urna eletrônica.

Deputado federal: Paulo Maluf

Analisando a lista de candidatos, o páreo é até duro...Levy "Aerotrem" Fidélix, Fleury, Celso Russomano, Celso Pitta...Frank Aguiar (é sério)...mas a razão nos diz: o Malufão é imbatível.

Deputado estadual: Afanasio Jazadji

Truculento, preconceituoso, defensor da pena de morte...por isso e por tantos outros motivos.

Senador: Guilherme Afif Domingos

Nada contra o candidato em particular, mas ser candidato pelo PFL e ainda por cima apoiando o Serra? Duas palavras...não dá!
Mas eu queria mesmo era que meu voto tivesse algum poder em Alagoas, para que o Collor não fosse eleito.

Governador: Orestes Quércia

Minha rejeição pelo ex-governador consegue ser maior que a que sinto pelo vampiro sem palavra José Serra. É que o Quércia não só aprontou muito em sua época, como ainda gerou o Fleury.

Presidente: Geraldo Alckmin

Sobrou pro Picolé de Chuchu. Já citei minha ojeriza à dobradinha PSDB-PFL.
Outro em quem eu jamais votaria é o Eymael. Sim, ele é um candidato folclórico, sem chance alguma, mas...eu odeio aquele jingle!

não anuncie aqui

Segundo projeto de lei aprovado na última terça, de autoria do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, outdoors e painéis eletrônicos estão proibidos na cidade. Os já existentes deverão ser retirados das ruas ate o fim deste ano.
A publicidade externa não está totalmente extinta: ela será limitada ao denominado mobiliário público - pontos de ônibus e relógios, por exemplo. A implantação de anúncios nesses locais estará sujeita a licitações, ou seja, totalmente vinculada ao poder público. A prefeitura avalia que mais de três quartos das peças publicitárias na cidade são irregulares. Com a nova legislação, a fiscalização de anúncios se tornará muito mais simples.
Surpreendente medida, tomada com o objetivo de combater a poluição visual. Num primeiro momento, é difícil imaginar Sao Paulo, ou qualquer outra metrópole, sem outdoors. Muitos os consideram peças fundamentais na paisagem urbana, tão indissociáveis desta quanto prédios ou grandes monumentos. Contudo, a implantação de anúncios saiu de controle na cidade, já caótica em tantos aspectos, e era necessário tomar alguma atitude.
Resta saber se a prefeitura de São Paulo terá êxito nessa iniciativa, aparentemente benéfica a todos, frente aos interesses dos empresários de publicidade exterior. Estima-se um número elevado de demissões no setor com a perda de receita decorrente da nova lei. Esses profissionais não abdicariam facilmente de tão elevada parcela de seus lucros. Não com a mera intenção de colaborar em tornar a cidade mais agradável.

terça-feira, 26 de setembro de 2006


This heart
This lonely heart
Full of expectations

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

hopi hari


Sábado fui ao Hopi Hari passar um dia divertido. Foi minha primeira vez no parque.
Permanecendo quase o tempo todo ao lado do grupo - em sua totalidade ou dividido - que me acompanhou no passeio, brinquei em praticamente todas as atrações bacanas. Apenas por um momento me separei dos colegas: era quase meu horário habitual de almoço e eu não estava disposto a entrar numa fila. Larguei mão do brinquedo da vez e fui dar uma volta.
A caminhada solitária foi proveitosa. Primeiro, por me permitir observar melhor as pessoas. Também graças a ela, pude encontrar o lago - artificial, acho - às margens do parque. Lembro-me de admirá-lo da estrada em viagens quando mais novo, algumas delas ocorridas antes mesmo de a primeira palavra em hopês ter sido pronunciada. E naquele momento, lá estava eu diante daquelas águas sempre calmas, com ou sem parque. Junto ao lago, a algazarra ao meu redor parecia mais distante do que realmente estava.
Por fim, durante esse passeio solitário, pensei um pouco sobre parques de diversões, já vislumbrando idéias de textos para o blog (estou ficando obcecado em escrever?)
Na verdade, a onda introspectiva havia começado antes, com o primeiro brinquedo do dia. Subir e descer da imensa torre da foto acima me fez recordar minha última e desconfortável ida ao Playcenter, cinco anos atrás, ocasião na qual fugi de quase todas as atrações perguntando a mim mesmo que loucura levaria pessoas a gostar de sentir medo - e até pagar por isso! Alguns frios na barriga depois, já durante minha "voltinha", associei os brinquedos mais assustadores e a tal necessidade humana de enfrentar os medos, reais ou imaginários. Lembrei-me mesmo do filme Minha Vida, em que a personagem de Nicole Kidman dizia ao marido, vivido por Michael Keaton, que não se segurasse na trava da montanha-russa, perdesse o medo de cair. Isso servia de metáfora para outras coisas que perturbavam o personagem de Keaton. Não lembro exatamente quais eram, pois não vejo o filme há anos, mas a mensagem era certamente a de superar nossos receios para viver plenamente.
Esse tema poderia ter gerado um texto, se eu não o tivesse considerado corriqueiro. Fui procurar minha turma novamente e me divertir. Não me entendam mal, minhas reflexões não foram perda de tempo, eu precisava ficar um pouco só, ter um tempo comigo mesmo, mas não seria certo passar um dia inteiro introspectivo num Hopi Hari.
Assim, poupo meus leitores de um texto de auto-ajuda. Em vez disso, transmito a "receita" para aproveitar ao máximo um parque de diversões. Nada muito fora do trivial também, mas não importa. Ai vai:
Medo de algum brinquedo? Ande nele. Mesmo. Experimente as sensações de que você quer fugir. Grite, chame a mamãe. No final, saia gargalhando. Primeiro, porque foi bom demais. Segundo, de você mesmo, por ter cogitado privar-se desse pequeno prazer.
E tenho dito. Ou, como se diz em hopês...ora, ninguém acredita que eu realmente saiba isso, certo?



quarta-feira, 20 de setembro de 2006

apenas pensei...

E eram olhos claros, muito belos. Lembravam pequenos lagos, plácidos, límpidos, quase translúcidos. Quem dera fosse possível enxergar a alma por trás daqueles olhos, como quem vê o fundo do leito de um lago, ou de um rio, de águas tão claras.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

minha cabeça

A partir de notícias de fora (um suicídio) e de experiências minhas (importa?), vislumbrei o autismo, a loucura e a morte. Tudo me pareceu extremamente condenável. No entanto...

sábado, 16 de setembro de 2006

que me diz?

Um número, por si só, é apenas um número.
Não é nada além da quantidade, do valor que expressa.
Insensível, duro, irrefutável.
Absoluto.
O número é "aquilo".
Pouco, ou nada, a acrescentar.

Palavras são relativas. Sempre.
São, por si mesmas, multifacetadas.
A verdade por trás delas? "Depende".
Quem as falou
Como as falou
Quando as falou? Pode ser.
Em que circunstâncias falou.
- Por que falou?

A palavra falada pode dizer qualquer coisa
Inclusive o exato oposto do que parece ter sido dito
Ou algo que não se deve dizer diretamente,
Por um motivo qualquer.
Quando se compreende o real significado por trás da palavra
É que ela pode ser dura, mais dura que um número.
Pois nela é possível estar, justamente,
Aquilo que jamais gostaríamos de ouvir.
Mesmo não "ouvindo" de verdade.
E aquelas palavrinhas, em vez de confortarem,
De oferecerem o acalento desejado,
Empurram, lançam ao chão, fustigam.
Ferem, e como ferem.

O número ignora que faz doer.
A palavra, matreira,
Ri-se da confusão por ela causada.
- Ah, agora você entendeu?

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

censura??

Leiam...é de amargar.



Caricatura de José Sarney provoca censura em blogs

Por Marcus Ramone (15/09/06)

"Xô!"Censurar blogs por motivos políticos parece não ser mais privilégio de países regidos por sistema ditatorial. Agora, o Brasil pode se enquadrar nesse rol.

Em Macapá, no Amapá, uma caricatura do senador José Sarney (PMDB) compondo a expressão "Xô!", feita pelo cartunista Ronaldo Rony no muro de sua casa, gerou um precedente com repercussão até em outros países.

Uma foto do muro foi publicada no blog da jornalista amapaense Alcilene Cavalcante, o que gerou indignação na coligação partidária capitaneada por Sarney, candidato à reeleição pelo Amapá. Assim, no último dia 25 de agosto, a Justiça Eleitoral determinou que a imagem fosse retirada do ar (ou isso, ou R$ 2.000,00 por dia de não cumprimento da determinação).

Como se não bastasse, o blog inteiro acabou sendo retirado do ar por ordem judicial.

Alcinéa Cavalcante, irmã de Alcilene e também jornalista, republicou a foto em seu blog e listou outros que também o fizeram. Até agora, cerca de 80 blogs se uniram ao Movimento Xô Sarney, em repúdio a esse ato de censura do ex-presidente do Brasil.

"É inaceitável que indivíduos que se dizem jornalistas armem uma longa teia de comunicação na internet para a prática de crimes", disse o texto de uma das nove representações impetradas contra o Repiquete, blog de Alcinéia, que no dia 1º de setembro também saiu do ar.

Segundo uma dessas representações da coligação União por Amapá, eleitores, jornalistas e internautas, inclusive de outros países, estão sendo convocados a "compor um bando de criminosos". A rede de blogueiros, assim, estaria "organizada em prol de atingir a boa imagem do candidato".

A jornalista Alcinéa Cavalcante migrou seu blog para um servidor no exterior. E o Movimento Xô Sarney continua.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

mais uma página de diário

Esta última noite foi a mais mal dormida. Talvez me sentisse mais descansado se tivesse escrito durante a madrugada. Impossível saber. O fato é que as anotaçõees, necessárias anotações, tomam lugar agora.
(Com os diabos, não consigo resistir ao impeto de escrever "bonito". Observação feita, vamos prosseguir...)
Sigo minha vida, seja lá para onde, com a certeza de que jamais deixarei de ser uma criança. Na realidade, o(a) garotinho(a) de nossos primeiros dias não desaparece jamais - ou ao menos não deveria, pois é remédio certo naqueles momentos em que nossa existência parece insuportável. Ah, mas minha versão mirim, quando desperta, traz comichão por toda parte do corpo, torna a voz mais clara e possante; o cerébro vai a toda parte e recusa descanso. É de uma intensidade, a alegria é tanta que o adulto sujeito a todo tipo de regras desaparece e aquele que o substitui - penso comigo - bem poderia fazê-lo em definitivo.
Ontem, dois acontecimentos me fizeram experimentar essa breve loucura. Um deles, confesso, é futil: recuperei minhas lentes escuras. Perdidas há semanas, estavam fazendo falta nesses dias de sol inclemente. Do outro, direi apenas que criou em mim enorme expectativa, deixando entreaberta a porta para algo novo e...acho que falei demais.
Os dois fatos vieram quase em seqüência; a sensação do primeiro, que se esperaria efêmera, juntou-se à emoção causada pelo posterior. Daí minha noite de sono curta e este texto empolado.
Queria era não depender tanto desses surtos para me sentir bem. Pois não demora e a euforia passa, volto a ser o mesmo de sempre. Desinteressante e por vezes chato. Sonho encontrar um equilíbrio entre o moleque entusiasmado e o "velhote" calejado.

sábado, 9 de setembro de 2006

hoje, em casa (sp)

Pois é, nunca estamos completamente sós, mesmo quando não se espera algum tipo de companhia.
Esta tarde pus para tocar um CD com trechos do Quebra-Nozes. Não é o tipo de coisa que ouço em baixo volume, por isso creio que esses belos acordes ressoem pelas redondezas, possivelmente incomodando alguns viznhos. Aos olhos de alguns deles, devo ser o excêntrico. Nada que tire meu sono.
Mais à noite, uma vizinha veio procurar minha mãe e me perguntou se era eu quem estava ouvindo música "clássica" momentos atrás. Respondi que sim, confirmando algo quase certo na cabeça dela: quem mais se interessaria por tal repertório além de mim, um coralista? Então, a surpresa. A vizinha disse gostar de ouvir os clássicos de vez em quando, ainda que por tabela, como hoje, para relaxar. Ok, o comentário foi clichê, e estou longe de achar que as intensas composições de Tchaikovsky sejam capazes de acalmar os nervos de qualquer mortal, mas nem por isso o pequeno elogio ao bom gosto deixou de agradar.
Em meu íntimo, talvez quisesse me sentir menos solitário naquele mundo de músicas belas. Apenas, insisto, não esperava que pudesse acontecer.

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

mordendo a língua!

Num post anterior, torci o nariz para uma "versão jamaicana" de Dark Side of the Moon, antes mesmo de ouvi-la. Pois bem. Baixei o álbum inteiro tempos atrás e hoje à tarde, caçando músicas em minha playlist, resolvi finalmente dar a ele uma chance. E não é que achei bacana? Todo fã do álbum original deveria largar mão de rabugices (aqueles que as têm) e conferir Dub Side of the Moon, gravado pelo...vamos checar o nome aqui...Easy Star All-Stars. Dub? É o gênero musical jamaicano sobre o qual a foi concebida a releitura. Esse mesmo estilo inspirou algumas composições do Police, Walking on the Moon o exemplo mais óbvio.
Voltando ao Dub Side, vale mesmo a pena, nem que seja como mera curiosidade. As faixas instrumentais são particularmente interessantes. On the Run, por exemplo, ganhou um clima que lembra o jungle (lembram-se desse estilo, também de raízes jamaicanas?), mas sem perder a identidade. A versão de Time foi a unica que me causou certo estranhamento: no lugar do tradicional solo de guitarra, umas vozes, certamente recitando frases em acordo com o tema da cancão, mas musicalmente...não me "desceu".
De resto, um bom trabalho. Merece esta minha nota de "desculpas".

terça-feira, 5 de setembro de 2006

freddie mercury 60 anos

Apenas para não deixar a data passar em branco...







Valeu por tudo, Fred! :)


pérolas eleitorais - mais

Após recordar nossa primeira chance de escolher um presidente em anos, vamos conferir o que as eleições paulistas recentes já nos trouxeram de...bom.

Para começar...uma lenda!

Maluf, o candidato do coração.

São Paulo é Paulo
porque Paulo é trabalhador,
Sao Paulo é Paulo
É Maluf sim senhor.

Frase e jingle de campanha...90 e 92, acho. Na última, o eleitorado conservador da capital caiu nessa e elegeu o Malufão! Rouba-mas-faz na cabeça.
E o pior é que o povão quis mais...

Não deixe São Paulo parar
Não deixe a peteca cair
Quem achou seu caminho
tem que prosseguir...
PITTA!

Em 96, não era possível a reeleição, logo, Paulo Salim precisava de um sucessor. O novo candidato do coração foi o até então desconhecido Celso Pitta, secretário de Finanças da gestão Maluf - o quanto não terão roubado juntos, Frankenstein e monstro.

Vejam como Paulo confiava em seu discípulo:

"Votem no Pitta. E se ele não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim novamente."

Mas eles romperam anos depois. Celso não correspondeu às expectativas. Maluf, entretanto, continua recebendo votos toda vez que se candidata.

A milionária campanha de Pitta (e poderia ser diferente?) gerou jingles que não me saíram da cabeça jamais.

Pitta!
Pra continuar é Pitta!
A gente acredita
Em tudo que foi feito
e o prefeito tem que ser
Pitta!

Mas sem dúvida o mais infame era este. Na época, urna eleitoral ainda era novidade, e convinha esclarecer os eleitores sobre como usá-la...

Aprendendo a votar!!
Primeiro aperte o 1 duas vezes (UM! UM!)
Espere até o Pitta aparecer (Olha!)
Depois aperte o verde e confirme a decisão...(ruido)
Obrigado coração!
(Vamos ensinar mais uma vez...)
Primeiro aperte o 1 duas vezes (UM! UM!)
Espere ate o Pitta aparecer (EEEEE!)
Depois aperte o verde e confirme a decisão...(ruido)
Obrigado coração!!!

Acabou...eu juro que acabou.

Aliás, quase todo candidato a prefeito em 96 devia ter uma música orientando o eleitor no uso da tecnológica urna. Mas só me lembro de mais essa...e é só uma frase:

Aperte o 1, aperte o 2, aperte o verde depois!

Francisco Rossi! Ex-prefeito de Osasco, sonhando com a capital. Em 94, na campanha ao governo do Estado, ele tinha um jingle bonitinho,

Francisco Rossi pra governador

A gente tem alguém em quem acreditar
Francisco Rossi pra governador
É hora da verdade, ele vai falar...

Sim, vamos todos acreditar no cara que, na eleição seguinte, atacou o Maluf até não poder mais no primeiro turno, quando as pesquisas que os dois candidatos decidiriam o pleito, e ao se ver do páreo não teve dúvidas em apoiar a candidatura do "rival". Esse tem palavra. Ele e o Serra.

E o jingle da Marta em 98? "Governadora é Marta..." Rapaz, se não fossem as pesquisas dizendo que ela não tinha a menor chance contra o "nefasto" Paulo Maluf, a mãe do Supla poderia ter chegado ao segundo turno. No lugar dela, Mário Covas, com vantagem de cerca de 75 mil votos. Sim, só isso. Bem, de qualquer maneira, o mal foi vencido.

Para encerrar, passamos dos figurões aos folclóricos:

"Nós vamos construir o aerotrem e fazer do rio Tietê e do rio Pinheiros rios subterrâneos!!"
Levy Fidélix

Não caçoem dele...não vou admitir...ele e o Collor são do mesmo partido.


(voltamos a qualquer momento com mais pérolas)

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

dói muito...

...muito mesmo, ouvir o que aquele grupo, Black Eyed Peas, fez com a maravilhosa, empolgante Misirlou, de Dick Dale, conhecida mundo afora graças ao iluminado Quentin Tarantino, que a colocou na trilha sonora de seu Pulp Fiction. Para os admiradores da canção original, a gravação de hoje, sucesso em rádios pop, é uma afronta, um acinte. Foram acrescidos berros e grasnidos a uma música que não precisava de palavras para ser reverenciada. Tais ruídos, antes, ultrajam a obra. Felizmente, neste caso, fomos poupados dos habituais gemidos sexuais quase obrigatórios na black music atual.
A penúria no gênero já vem de algum tempo: aberrações como as produzidas pelo já citado conjunto - tem-se como outro exemplo uma versão de Mas Que Nada, composta por Jorge Benjor e bastante conhecida na interpretação de Sergio Mendes - existem desde o final dos anos noventa, quando Puff Daddy escarrou sobre clássicos de Police e Led Zeppelin. O apelo, digamos, erótico nas gravações provavelmente surgiu na mesma época, e garante boas vendas até hoje.
Aos ouvintes de bom gosto, o consolo de que nem sempre as coisas foram assim. Estes já sabem que os nomes realmente dignos de menção na música negra esbanjam qualidade e criatividade, bem ao contrário de quem grava os hits lançados a toque de caixa hoje em dia.

quinta-feira, 31 de agosto de 2006

pérolas eleitorais - um caso à parte!

Isto aqui merecia um maior destaque...

Quando nos assustamos ouvindo "meu nome é Enéas!!" pela primeira vez? Na eleição presidencial de 89, certo! Ele tinha apenas quinze segundos para esbravejar contra quase tudo em nosso pais e ainda dizer seu bordão.
Vieram novas eleições e descobrimos que todo candidato do Prona era daquele jeito! Ficava algo como...
"Meu nome é (insira nome de político raivoso do Prona aqui)!!!"
Em São Paulo, a dra. Havanir Nimtz se tornou tão popular quanto seu mestre. Talvez porque mulher berrando chame ainda mais atenção.
Mas o fato é que os candidatos do Prona se mostraram a prova viva de que é possivel ganhar no grito! Após fazer de um "clone" seu vereador de São Paulo, o dr. Enéas foi o deputado federal mais votado da história. Havanir também foi eleita vereadora e atualmente é deputada estadual, mas trocou o Prona pelo PSDB.
Enéas teve alguns problemas de saúde, teve que mudar o visual, mas está ai, buscando a reeleição como deputado. Por isso, em outubro, lembre-se: "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas!!"

pérolas eleitorais

Já se deram conta de que o jingle "Ey, Ey, Eymael, um democrata cristão..." tem vinte anos? Palavra! O eterno candidato e esses versinhos inesquecíveis me inspiraram a puxar pela memória fatos, frases e jingles marcantes nesta "jovem democracia" brasileira (quem mais odeia esse termo?)

Começamos com o superinflado pleito de 1989. Eram nada menos que 21 candidatos à presidência. Provavelmente os políticos pensaram, "ah, o povo não escolhe um presidente há quase trinta anos, qualquer um pode levar essa". De certa forma eles estavam certos...bem, vamos recordar coisas engraçadas.

Vote em branco, vote nulo, ou vote PH. Na hora H, vote PH.

Às vezes acho que sou o único que se lembra dessa...e do Marronzinho também! Era um cara que aparecia com um tarja na boca. Bizarro!

E a chamada para a campanha do Partido Verde? Uns efeitos com cores, coisa meio psicodélica, e alguém falando Gabeira! Gabeira! Gabeira presidente do Brasil!

Vamos aos jingles?

Bote fé no velhinho
O velhinho é demais,
Bote fé no velhinho
que ele sabe o que faz!
Vai limpar o Brasil
do Oiapoque ao Chuí
e acabar com a molecagem
que tem por aí!

Jingle da campanha de Ulysses Guimarães (PMDB). Um velhinho pra acabar com a molecagem...que pérola!

Juntos chegaremos lá / Fé no Brasil / Com Afif juntos chegaremos lá.

Afif Domingos, atual candidato ao Senado por São Paulo, já tentou "chegar lá". Seu partido era o hoje mensaleiro PL.

E este aqui?

Passa o tempo
e tanta gente a trabalhar
de repente
essa clareza pra notar
quem sempre foi sincero
e confiar, sem medo de ser feliz

Nada ainda? Calma, vem aí a 2a. parte e vai ficar fácil:

Lula lá, brilha uma estrela
Lula lá, cresce a esperança
Lula lá, um Brasil criança
na alegria de se abraçar
Lula lá, com sinceridade
Lula lá, com toda a certeza
pra você, meu primeiro voto
Lula lá, valeu a espera.

Lula quase lá. Mas no caminho dele havia um alagoano com pinta de galã e..."aquilo roxo"?

Oh, Collor
Chegou a hora de acabar com os marajás
Oh, Collor
Vamos botar tudo de novo no lugar
Oh, Collor
Aqui e lá, lá e aqui
No dia 15 o Brasil vai collorir
E vai dar Collor do Oiapoque ao Chuí
Chegou a hora

Sem mais comentários!!

(continua, é claro!)

:)

terça-feira, 29 de agosto de 2006

crises!

Grandes eventos aguardam os fãs de quadrinhos de super-heróis nos próximos meses.
Na Marvel, Dinastia M envolverá X-Men e Novos Vingadores numa trama para abalar o universo mutante. O "M" refere-se também a Magneto, peça importante na saga, ao lado de seus filhos Mercúrio e Feiticeira Escarlate. A perda de controle desta última sobre seus poderes de manipulação da realidade motivou a série de tragédias que culminou na dissolução da antiga equipe de Vingadores. E a Feiticeira ainda não se recuperou... (Dinastia M 1 chega às bancas em setembro.)
As publicações da DC já anunciam a proximidade da Crise Infinita. Como há vinte anos atras, quando do lançamento de Crise nas Infinitas Terras, são prometidas mudanças significativas no universo de Superman e Batman. A saga atual, entretanto, parece estar menos relacionada com distúrbios cósmicos, como a Crise original, que com uma megaconspiração de vilões, boa parte deles considerada de categoria inferior. Até agora. Junte-se a isso o fato de as relações entre super-heróis estar abalada desde os eventos e revelações de Crise de Identidade. Um pano de fundo bastante promissor. (Contagem Regressiva para a Crise Infinita - Edição Especial saiu em julho e o primeiro volume de uma minissérie de mesmo nome reunindo histórias que servem de prelúdio a saga já está nas bancas. Finda a mini, vem a Crise propriamente dita.)
Os leitores mais antigos, é possível que se assustem com tal avalanche de acontecimentos, receosos de ser tudo um simples pretexto para vender mais gibis e nenhuma das histórias trazer algo realmente novo ou mesmo ter qualidade. Sim, nos anos noventa tivemos muitos eventos bombásticos nos quadrinhos, os quais foram, quase sem exceção, tremendas bombas, mas não parece ser o caso agora. Os autores envolvidos (Brian Bendis na Marvel, Greg Rucka, Geoff Johns e outros na DC) são talentosos - não infalíveis, mas mantêm regularidade nos gibis que escrevem. Leve-se em conta também que essas grandes sagas não têm nada de aleatório, o terreno para elas vem sendo preparado já há algum tempo, inclusive em conjunto com o trabalho de outros criadores de cada editora nas revistas mensais. A crítica especializada e os leitores norte-americanos receberam bem esses ambiciosos trabalhos. Será impossível agradar a todos, óbvio, mas de um modo geral o público deve concordar que tais obras foram executadas com competência, naquilo que se propuseram fazer. Algo como...a curiosidade será saciada de forma satisfatória.

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

26

E havia aquele casal na lanchonete. Pelo menos a mim parecia casal, não houve demonstração pública que o confirmasse. Sentaram-se os dois numa mesa próxima à minha. Eu já os vinha observando desde que adentraram o estabelecimento pois, registro aqui minha "pecaminosa" opinião, um dos possíveis cônjuges era muito atraente. O outro, nem um pouco.
Pediram seus lanches e aguardavam, conversando. Pareciam estar se divertindo, passando um tempo agradável juntos.
Súbito, um daqueles pensamentos terríveis e pessimistas sobre o fato de minha pessoa não ter um par. Algo dizia, diabos, insistia em dizer, sou incapaz de manter uma conversa por muito tempo, como qualquer pessoa normal faz sem nenhum problema aparente. Não sou espontâneo, divertido. Ou carismático: fracassaria em todas minhas tentativas de captar a atenção de alguém, sobretudo de alguém interessante.
Cônjuge sexy idiota.

domingueiro

Felipe Massa vence o GP da Turquia de Fórmula 1!!

É a primeira vez que um brasileiro sobe ao lugar mais alto do pódio na categoria desde 2004.

Uau.

(Foi o Galvão o narrador? Ele infartou?)

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

de nossos tristes tempos e de como eles poderiam parecer ainda piores


Ei-nos enfrentando um dos invernos mais quentes cujas temperaturas já foram registradas. E calor nesta época do ano significa clima seco, muito seco. A baixa umidade relativa do ar agrava os efeitos dos gases poluentes em nossa saúde. Nessas horas, agrada-me pensar que não moro em São Paulo (a foto acima mostra o céu da cidade ontem), embora esteja atento ao fato de que a fumaça feia da capital também afeta o ar campineiro e o de outras cidades não tão proximas. De qualquer forma, a exposição indireta mata menos rapidamente.
Impossível deixar de levar em conta também como o mundo está se deteriorando. E a culpa, óbvio, é de nossa bem-sucedida espécie.
Poluição do ar, desmatamentos, queimadas, tudo isso leva a uma concentração maior de gases do efeito estufa - velho conhecido até de quem se recusou a assinar o Protocolo de Kyoto - na atmosfera. A tal "estufa" dificulta a dispersão da energia térmica solar para o espaco, ocasionando um aumento na temperatura terrestre. Desse desequilíbrio, decorrem anomalias climáticas de todo tipo, e o derretimento das calotas polares já ameaça ilhas e regiões litorâneas ao redor do globo. São fatos, não alarmismos de ecochatos. Eleva-se a temperatura em um mísero grau e a biodiversidade é seriamente comprometida em várias frentes.
E já cogitei ser biólogo. Uma vez formado, eu me afastaria a todo custo das áreas mais carniceiras e viscosas da ciência que estuda a vida, dedicando-me à ecologia. Vamos proteger o mundo, eu pensaria, mas por pouquíssimo tempo. Afinal de contas, meu ganha-pão consistiria não apenas em testemunhar, mas também relatar, a degradação da Terra. E sem esperanças de tomar parte em medidas capazes de reverter tão triste quadro.
O conhecimento adquirido como ambientalista me traria imensa desilusão, talvez tendendo ao insuportável. Desta, escapei. Os dias cada vez mais quentes e os gases tóxicos que respiro já me deixam suficientemente infeliz.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

estafa

Cansa-me falar das mesmas coisas, padecer com as mesmas duvidas, sofrer das mesmas dores. Cansa-me ter os mesmos sentimentos sufocando, procurando razões de ser, buscando esperança de...basta! O cansaço, a dúvida, a dor, nublam-me a vista, não faço distinção de traços e cores, perco-me por veredas há muito conhecidas, todos - todos - os rostos são estranhos. Diante do espelho me vejo exatamente como sou, mas a visão remete ao que olhos humanos não podem captar, e por essa percepção sou um estranho, minha presença é torta e desengonçada, meus bracos e mãos que no mundo físico parece tudo podem são atrofiados, sei o que perdi. Minha cabeça é tremendamente concentrada, um único pensamento novo e estou exausto.

sábado, 19 de agosto de 2006

este pequeno pedaço de mim

E aquela música, que até então sempre me tornava introspectivo, fazendo-me ponderar sobre os erros cometidos ao longo da vida, remetendo mesmo ao lado mais escuro de mim - aquele que ninguém alcança - , eu agora a via sob uma nova perspectiva: lá estava o negro, sim, mas dele sempre é possível escapar, é como se não houvesse poço de decepção ou temor que não pudesse ser escalado de volta, posso sempre subir para a luz, onde as cores são visíveis e a vida acontece. Naquilo que antes oprimia vejo agora esperança.
A mim basta dizer o que a música fez, sem citar seu nome. Ninguém, creio, poderia percebê-la como eu, ninguém é como eu. Cada um tem sua própria trilha sonora de desespero e redenção, auto-flagelo e libertação.

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

me tomando por idiota...

Esses spammers não me dão muita coisa...
Há pouco, fui ansiosamente checar os e-mails que recebi durante o final de semana e entre eles havia, pela segunda vez em poucos dias, uma mensagem sem remetente com o título "pediu foto?" Nela, um texto dizendo as fotos serem algo de que certamente eu não havia me esquecido. Passando o mouse pelo link que me levaria às tais doces recordações - seja lá quem as tivesse mandado e se lembrasse delas também - vi um caminho para um arquivo executável (.exe).
Triste, sabe? Que esses golpistas da net, pessoas com quem você nunca travou conhecimento e talvez sequer conheçam seu rosto, considerem suas vítimas incautas o suficiente para cair num truque tão primário. Sinto-me ofendido, e tampouco posso responder à altura.
Como se já não bastassem os momentos da vida em que me acho idiota e incapaz por minhas próprias razões.

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

gmendiano

Interessante matéria, ainda que curta, sobre Gilberto Mendes e a presente edição do Festival Música Nova, que o compositor ajudou a fundar e do qual é diretor artístico.
Muitos não devem saber de quem estou falando, já que moramos no Brasil, terra dada a não valorizar seus grandes talentos. Cabem as devidas apresentações. Nascido em Santos, Gilberto Mendes é um dos mais célebres nomes da música erudita contemporânea no país. Suas obras são marcadas pela vanguarda e pelo experimentalismo, como a presença de sons "não-musicais" (gravações, ruídos de objetos) na execução das mesmas. Entre suas composições, merecem destaque O Anjo Esquerdo da Historia e o Motet em Ré Menor (Beba Coca-Cola), ambos para coro e escritos sobre textos de poetas concretos, respectivamente, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.
Tive a honrosa oportunidade de cantar algumas de suas peças quando integrei o coral que levava seu nome, regido pelo maestro Paulo Rowlands. Detalhe: era meu primeiro ano como coralista. Ainda inexperiente, deparei-me com músicas tão pouco convencionais - raros são os coros que se arriscam num repertório tao arrojado. Aprender a executá-las bem foi um grande desafio e ao mesmo tempo algo extremamente prazeroso. Divulgávamos música erudita inovadora de qualidade a quem quisesse ouvi-la.
É mais ou menos o que estou fazendo agora. Leia a matéria, entre no clima e vá conhecer o trabalho deste grande artista.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

heloísa helena para este post


Expulsa do PT após declarar abertamente suas posições contrárias à política governista em mais de uma ocasião, Heloísa Helena uniu-se a outros ex-companheiros igualmente indesejáveis entre os petistas, ajudando a fundar sua própria sigla, o PSOL. A candidata surge como visível opção a quem não está satisfeito com o governo Lula, mas em absoluto quer a volta do PSDB após a experiência FHC.
É verdade que Heloísa Helena não é a única alternativa a esse eleitor. Temos também Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação, hoje candidato ao Palácio do Alvorada pelo PDT. Mas os atos politicos recentes de Buarque são bem menos chamativos que os da tival. Ele deixou o partido do governo por vontade própria e mantém uma campanha discreta. Das circunstâncias do afastamento de Heloísa do PT já falamos. Como postulante ao cargo de Lula, ela segue atirando farpas ao presidente e seus aliados, embora seja possível notar uma suavização sutil em sua fala, a fim de não intimidar o eleitorado.
Sua capacidade de atrair votos não deve ser subestimada. Em suas aparições publicas, mostra-se forte e decidida. Em entrevista concedida ontem ao Jornal Nacional, não se abalou diante dos questionamentos às suas atitudes e propostas de governo tidas como mais radicais. Tinha sempre respostas concisas e longas, que por vezes não permitiam aos âncoras do jornal seguir seu ritmo normal, "bombardeante", de perguntas. A postura da candidata certamente cativou muitos espectadores - inclusive este escrevinhador impressionável, que de outro modo não teria trabalhado neste texto.
Neste momento, segundo pesquisas de opinião, pode ser a presença de Heloisa, e não a campanha de Alckmin, o fator decisivo para levar a eleição a um segundo turno. Nestes dois meses que nos separam do pleito, tudo pode acontecer. Tudo. Independente do resultado das urnas, porém, a candidata já marcou seu nome como um dos mais relevantes da atual esquerda brasileira.

terça-feira, 8 de agosto de 2006

considerações de uma melancólica noite de sábado

Algo que relutei pra postar, mas acabou vindo.

Existe uma pessoa certa para cada um de nós? Não estou falando de coisas como uma alma gêmea, alguém que, por acaso ou coincidência cósmica, tenha exatamente os mesmos gostos e interesses que "você" e, importantíssimo, seja bela a seus olhos e atraente a todos os demais sentidos. Nada de idealizações aqui. Bem, para algumas pessoas afortunadas o sonho se materializa, mas não quero tratar de uma exceção da qual, diga-se, sinto não tomar parte. A pessoa certa poderia ser, em princípio, qualquer uma. Dentro de um padrão de beleza pré-definido, claro. Ao primeiro encontro se seguiriam novas conversas, que nos revelariam algo essencial (aos românticos, permito que leiam "mágico"): somos duas pessoas capazes de nos comprometer a oferecer, conforme a disponibilidade de um e de outro, o que o parceiro mais anseia naquele momento. A um "quero ficar só" do amante, o outro se retira, procura algo distinto para fazer. "Vamos sentar e ouvir música?" Escolheriam as canções juntos. Na cama, afinidade total.
Existe alguém capaz de olhar para nós e dizer, por gestos e atitudes, "eu te entendo e te acho o máximo assim"? E claro, nos faça querer agir da mesma maneira?
É isso o amor para mim? É isso o amor?

A cabeça vagueia sobre essas coisas quando se é solteiro/solitário. Quem tem seu par, ou acredita não precisar de um, pensa em quê?

vida...

Sobre o que é a vida, afinal?


No começo - nos primeiros dias - a vida não nos pertence. Não é nossa vida de verdade. Tem lógica. Uma vez acordamos e estamos vivos. Como? Foi preciso duas vidas já existentes, mais antigas, para existir a nossa.
No começo, a vida não pode nos pertencer. Não sabemos lidar com ela. De jeito nenhum. Ainda há pouco estávamos...onde estávamos? Estávamos? Não importa o há pouco, não importa, vale é o agora. Agora estamos vivos. Que alguém nos guie nestes primeiros momentos, alguém mais vivo, somos iniciantes nisso de ter vida. Os guias nos dirão o que, como fazer. Como viver.
Assim nos garantem a vida. É belo. É mágico. É seguro.
É finito.
Pois um dia a vida tem de ser nossa de fato. É necessário. Acontece. E também não sabemos lidar com isso assim de pronto. Pudera. Nunca nos aconteceu antes...nunca mesmo? Não vamos questionar isso, não ajuda em nada. A situaçào está aí, não discuta. Aliás, discuta, sim. Fale bastante. Brigue. Exija. Esbraveje, se preciso. É desse jeito que se tiram forças para a vida ser nossa, única e particular. Pois nem todos concordarão com nossas resoluções. Talvez nem mesmo os amáveis guias do começo. É possível, é possível.
Força. Palavras e ação. Do contrário...

Calamo-nos. Definhamos.
Fechamos, fechamos, até sermos nada.


Sobre o que é nossa vida, afinal?

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Segundo uma pesquisa realizada há muitos anos e cujos dados eu jamais esqueci, estima-se que 99% da população mundial goste de música. Entre esses bilhões de pessoas, porém, somente uma pequena parte tem o que chamamos informalmente de "dom" musical. E um grupo ainda menor entre essa gente musical pode de fato se dedicar ao canto, afinação quase natural e uma voz agradável aos ouvidos.
Cantar bem é, ao mesmo tempo, um privilégio e uma responsabilidade. O primeiro grande desafio do cantor, contudo, não é sua platéia, pois ele não terá condições de subir num palco enquanto não estiver agradando a um ouvido exigentíssimo: o dele próprio.
O nível de auto-cobrança varia de acordo com o temperamento da pessoa e sua experiência em canto, e via de regra está relacionado a um conceito quase místico denominado técnica vocal. Encerradas nessas duas palavrinhas estão as regras a serem seguidas para a voz soar nítida, uniforme e forte, livre de qualquer tensão. É algo que demanda muito treino e investigação constante. Há que se ter paciência, também. Quem acha que se tornará referência no meio após dois meses praticando corre o risco de não sair do lugar.

(continua...)

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Viver é muito perigoso.

Viver...é muito perigoso!


Viver é MUITO perigoso.

terça-feira, 25 de julho de 2006

futebol? sim, futebol!

Meu time - ah, meu time - está na semifinal da Libertadores e é líder do Brasileiro. Ganhará algum dos dois torneios? Difícil saber, não? Certos, só os fatos até o momento. Eis alguns.
Assisti aos dois últimos jogos, um de cada torneio. E foi estranho: sofri. Especialmente na quarta, com aquela maldita disputa de pênaltis. Poderíamos muito bem ter decidido a peleja nos noventa minutos. Chances não faltaram.
No domingo, adversário mais fraco, mas saímos perdendo logo de cara. O empate só veio ao final do primeiro tempo. A vitória pareceu incerta por alguns momentos - tensos, novamente sofri! - mas aconteceu.
Após descer a lenha nos fanáticos por seleção brasileira (ei, sorte ao Dunga), pareço eu mesmo manifestar sinais de acefalia futebolística. Incoerência? Em absoluto. Perca o Tricolor e não darei a mínima. Das emoções, vivo apenas as positivas.
E quarta mesmo pode ser dia de derrota. Ah, aqueles mexicanos! Já nos bateram duas vezes. Estou com medo. Tem seu lado bom: farei pouco caso de um eventual resultado ruim. Vitória? Risos, gestos grandes e dancinhas - não posso gritar!

***
O Corinthians será rebaixado? Cedo demais para afirmar.Apenas digo que, como são-paulino, é divertido vê-lo, de lá do topo, caindo pelas tabelas. Bem, neste momento não há como cair mais. Já está na lona.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

um insight fino

Sou daquelas pessoas que necessitam de um copo - copão, vá lá - de leite para um café da manhã agradável. Não bastasse ser fonte de vitaminas, proteínas e outros compostos nutritivos, esta bebida fundamental à nossa vida de mamíferos ocorre ser também deliciosa. Tome-a morninha e adoçada a gosto, acompanhada de pães ou biscoitos e tenha um dia feliz.
Todo esse breve sentimento de realização, entretanto, pode se desfazer num único gole. No seu copo pode haver um pouco daquela substância desagradável, de consistência indefinida e difícil deglutição - um sólido onde só se espera encontrar líquido!
Nata acaba com seu leite.
Esta manhã, tomado pelo pavor de estar a ponto de engolir dessa terrível gosma, veio o pensamento. Me pareceu insensato o uso da palavra nata para qualificar, em sentido figurado, a melhor parte de um todo. Afinal, encontrá-la logo em minha primeira refeição é um pesadelo.
Uma rápida consulta ao dicionário, contudo, ofereceu-me nova perspectiva, apesar de fornecer uma informação não necessariamente curiosa e que já deveria ser de meu conhecimento. Burro, burro!
A nata, parte gorda do leite, é matéria-prima para a fabricação de manteiga e creme. Entende-se que, posto estar longe de ser bem-vinda num copo de leite, essa "gordurinha" tem suas qualidades: dela obtêm-se apetitosos novos produtos.
Sendo a nata real, tangível, assim versátil, observe-se com mais atenção a palavra em sentido conotativo. O conceito sobre o que há de melhor em uma determinada coisa varia de pessoa para pessoa. Mesmo a elite de uma sociedade, sua nata, nunca é irrepreensível.
A nata, literal ou figurada, é relativa.
Voltando ao mundo em que se come, não sou xiita a ponto de deixar de admitir que é possível haver gente indiferente, ou até mesmo simpática, à presença de nata em seu leitinho.
Mas esse povo deve ser meio varrido. Leite puro é tão bom.

quinta-feira, 20 de julho de 2006

definindo os street fighters


(A manhã de hoje foi tão produtiva...)

Os personagens de Street Fighter 2 sob uma ótica não usual...talvez pastelão.

Ryu - é o personagem japonês genérico de séries japonesas. Todas têm o seu: Seiya, Shurato, Goku...sempre a mesma coisa. Só muda o estilo de luta. Ou também, no caso de Goku, a quantidade de gel no cabelo.
E. Honda - aquele gordo nerd que domina Exatas resolveu se dedicar a alguma atividade física. A que mais vinha a calhar era o sumô, mesmo.
Blanka - um monstro, uma aberração de cor esquisita, provoca choques e adora fazer barulho. O brasileiro típico!!
Guile - um "escoteiro", o Capitão América de SF2. Luta com seu uniforme das Forças Armadas, ostentando a bandeira de seu país. E ainda quer descobrir o paradeiro do melhor amigo. Não poderia ser mais certinho.
Ken - o metrossexual do jogo. Ou, deixando de lado o eufemismo, bichinha. Aquele casamento no final é só fachada. Nenhum hetero usa um cabelo daqueles. Seus golpes são idênticos aos de Ryu. Coincidência? Tá bom...paixão platônica, amiga.
Chun-li - personagem altamente fetichista. É a oriental que vive soltando gritinhos. Só não possui tanto apelo entre fãs de hentai e os japoneses em geral porque não usa roupinha de colegial à Sailor Moon. Apesar de ser pensada para ser excitante, creio que, existisse de verdade, a chinesinha seria uma mulher difícil. É, ela não daria para qualquer um.
Zangief - outro fetiche ambulante. O foco, desta vez, é um determinado grupo de homossexuais masculinos, aqueles que adoram ursos. A virilidade, a barba, os pêlos no corpo: let's face it, Zangief is a bear. Sem barriga, porque ele se exercita pra caramba. E pelas cicatrizes em seu corpo musculoso, deve curtir um sexo violento.
Dhalsim - outra aberração terceiro-mundista. Nascido na megapopulosa Índia, "o macumba" se acostumou a não ter o que comer. Devido à fome, foi vitimado por alucinações. Nelas, seus braços e pernas se esticavam e ele soltava fogo pela boca. Os delírios eram tão freqüentes que, em pouco tempo, passaram a se manifestar no mundo real (estamos falando de personagens de videogame, você queria coerência?) Já o teleporte pouco tem de místico: Dhalsim apenas se coloca de perfil e corre para o lado oposto do oponente.
Balrog - Zangief é um urso, Balrog é uma barbie. Corpo escultural e lisinho, sem pêlo algum. Balrog não sai da academia: quando não está treinando boxe, puxa ferro. Tudo por seu grande, grande mesmo, amor russo. Mas a Zangief não agradam os boxeadores, que em sua opinião praticam uma modalidade de luta menor, limitada. Além disso, o velho comunista que já dançou ao lado de Gorbachev dificilmente entregaria o coração a um americano fútil e fã de cassinos.
Vega - injustamente taxado ao longo dos anos como a bichinha de SF2, algo de que sempre discordei. Ele é um homem vaidoso e elegante, nada mais. Talvez o rótulo de metrossexual lhe sirva hoje, mas este de modo algum pode ser utilizado para agregar algum subtexto. Eu sei, eu sei, que Vega não é gay.
M. Bison - mais fetiche. É o mais poderoso entre todos os lutadores, usa uniforme com botas gigantescas e quepe. Tem fama de imbatível. Indiscutivelmente, ostenta uma aura de mistério. Pense, como explicar aquela p... daquele parafuso, mesmo no vale tudo dos chefes apelões de videogames? Sua música tema é a mais sombria no jogo inteiro, capaz de grudar na cabeça e, diz-se, transformar o jogador que passa batalhas seguidas sem vencê-lo num zumbi.
Sagat - magro, alto, só enxerga de um olho...cara, o Sagat sou eu!!
Fei Long, T. Hawk, Dee Jay, Cammy - na boa, alguém se lembra desses caras? Ah, sim, a última é menina.
Akuma - Hrrrmmmm.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

transamerica


Sabrina (Felicity Huffman, Globo de Ouro e uma indicação ao Oscar pelo papel) é uma transexual prestes a realizar sua tão esperada cirurgia de mudança de sexo. Uma semana antes da operação, recebe uma ligação de um reformatório de Nova York. Um dos internos é seu filho, concebido na época em que Sabrina ainda atendia pelo nome de Stanley. Ela resolve ir atrás do garoto e fazer o possível para afastá-lo de problemas, sem necessariamente revelar a ele a verdade. E ainda é preciso chegar a Los Angeles em tempo para a cirurgia.
Assim temos um road movie dos mais inusitados. E muito bom, ou não receberia menção alguma neste blog. Impossível deixar de simpatizar e se emocionar com a história. Recomendadíssimo.

terça-feira, 18 de julho de 2006

superman - o retorno


Aos grandes protagonistas, somente grandes histórias. É como deveria ser. No passado, tal máxima era seguida: não existem lendas medíocres envolvendo deuses e heróis gregos. Criações de Shakespeare não foram trazidas de volta da morte sob justificativas estapafúrdias. Nunca foi escrito um diário de Capitu no qual se dizia esclarecer a verdade sobre sua vida com Bentinho.
É que os personagens supracitados não são marcas registradas. Foi a indústria cultural a grande culpada pelas situações vexatórias que tantos ícones da cultura pop tiveram de passar. Pela lógica do mercado, é sempre necessário criar histórias estreladas por nomes bem conhecidos do grande público. Esses protagonistas são vistos pelos gigantes do entretenimento que detêm seus direitos autorais como grandes franquias capazes de vender todo tipo de produto previamente licenciado, incluindo desenhos animados, quadrinhos e filmes.
Tais histórias chegam ao público consumidor em tamanha quantidade que é impossível crer na qualidade de todas elas. De fato, a triste verdade é uma só: a maioria dessas criações merece a lata de lixo por tão ruins.
Felizmente, Superman - O Retorno, que estreou hoje nos cinemas brasileiros, é um exemplo de uso adequado de um personagem tão importante.
Bryan Singer, o responsável pela bem-sucedida (em todos os sentidos) empreitada dos X-Men na tela grande, prova mais uma vez seu grande talento ao revitalizar a franquia cinematográfica do Homem de Aço. As novas gerações têm a chance de viver o deslumbramento trazido pelo trabalho de Richard Donner trinta anos atrás, quando pela primeira vez os espectadores "acreditaram que um homem podia voar". Como no passado, é sair do cinema com a certeza de quem é o maior de todos os super-heróis.
O segredo, se há algum, é o total respeito à essência do personagem, àquilo que o torna cativante há quase setenta anos. Ele é a personificação da esperança, a encarnação de nossos ideais mais nobres. Superman faz sempre o certo, mesmo sob as mais adversas condições. Isso é, perdoem-me pela repetição, o essencial, seja qual for a mídia em que se trabalha o herói.
Aqui falamos de cinema, Um roteiro que mantenha os olhos do espectador na tela. Superman volta à Terra após passar cinco anos no espaço à procura de Krypton, seu planeta natal. O mundo teve que seguir em frente sem seu maior campeão. Lex Luthor voltou às ruas. Lois Lane cansou-se de esperar e decidiu constituir família.
Com a ausência do Superman, o mundo passou a questionar se ainda precisava dele. De certa forma, essa dúvida chegou ao filme propriamente dito: enquanto não temos uma resposta, o espectador pode senti-lo um tanto amarrado. Acompanhamos o ínicio das maquinações de Luthor, mas ainda não é possível compreender onde o vilão pretende chegar. Ainda falta o toque de grandiosidade, do qual temos apenas pequenos vislumbres em algumas cenas. E o encanto tem que durar o filme inteiro. Então o herói ressurge num momento de extrema necessidade e mostra que nunca deveríamos ter duvidado de coisa alguma. Nem mesmo quando, mais adiante, ele se depara com uma situação aparentemente insolúvel.
Os personagens, sabemos todos serem interessantes. É preciso saber escrevê-los e ter à disposição um elenco eficaz. Para este quesito, mais uma vez, pegamos a caneta vermelha e marcamos "confere". Todos estão muito bem. Destaque para Kevin Spacey e seu assustador Lex Luthor, talvez um dos mais intimidadores já vistos em qualquer história do Superman. Lex assusta até quando tenta ser engraçado.
Falando em atuações, agora é oficial: existe um novo Superman/Clark Kent. Brandon Routh não deixa nada a dever em relação a seu brilhante e saudoso antecessor, Christopher Reeve.
Superman - O Retorno é filme para não ser esquecido pelos fãs, que certamente o aclamarão como uma das melhores histórias do Homem de Aço já contadas. Surpreendentemente, isso pode causar algum desapontamento. Pois o filme deixa o espectador ávido por novas e grandes aventuras do herói e, como dito acima, elas são proporcionalmente escassas em relação a todo material produzido com o personagem. Basta conferir as pataquadas feitas com ele nos quadrinhos ao longo de sua longa carreira - mais especialmente nos anos noventa. Recomenda-se aos fãs não esmorecerem. Ignorem as porcarias e busquem contos dignos do super-herói. Dada sua grandiosidade, a diversão e a emoção estão garantidas.