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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

aventura na fórmula 1




Falar do GP Brasil me lembrou uma HQ da infância. O nome é Aventura na Fórmula 1, representante da boa safra italiana da Disney. Essa história em duas partes foi publicada pela primeira vez em Tio Patinhas 256 e Almanaque Disney 184 (ambas de setembro de 1986, porque eu sou um velho) e depois republicada na íntegra em Disney Especial 120 - Fórmula Zum, de março de 1990. Aliás, só li o capítulo final da aventura após essa republicação, porque os chatos dos meus primos só tinham a primeira parte na época do lançamento....bem, águas passadas. Vamos à história.
Tio Patinhas, Donald e os sobrinhos estão assistindo à primeira prova do campeonato de Fórmula 1 de 1986, o Grande Prêmio do Brasil, então disputado no Rio de Janeiro (evidentemente, no gibi Jacarepaguá virou...Jacarequaquá). Donald e os meninos adoram a corrida, enquanto o velho Patinhas encara a coisa como um desperdício de gasolina e a princípio não entende porque os carros e os capacetes dos pilotos têm tantos nomes inscritos. Quando ele se dá conta de que são os patrocinadores das equipes e pilotos, o muquirana quer entrar nessa também, para anunciar seus produtos pelo mundo e lucrar. Mas colocar a marca Patinhas num Fórmula custa caro demais para um velho pão-duro. Qual a solução? Montar uma equipe própria, com um único colaborador. E o piloto? Precisa sair barato: Donald! E quem acha que será fácil para o pato correr na equipe da família, é porque nunca leu uma história desses patos: enquanto os outros pilotos têm dinheiro e tecnologia de ponta à disposição, Donald é vítima da política de contenção de gastos Patinhas, que não permite que ele sequer termine uma corrida, até a gloriosa vitória no Grande Prêmio de Patópolis.
Deu vontade de reler essa história, até porque muitos detalhes me escapam.

As informações sobre as datas das publicações e a imagem da capa vieram mais uma vez do site Inducks - preciosa fonte de informação sobre quadrinhos Disney no mundo todo.

quarta-feira, 25 de março de 2009

que super-herói eu sou?

Your results:
You are Spider-Man
























Spider-Man
55%
Superman
45%
Robin
45%
Green Lantern
35%
Batman
30%
The Flash
30%
Catwoman
30%
Supergirl
25%
Wonder Woman
25%
Hulk
25%
Iron Man
10%
You are intelligent, witty,
a bit geeky and have great
power and responsibility.


Click here to take the Superhero Personality Quiz

sexta-feira, 7 de março de 2008

obama citando sandman

No banner abaixo, o clássico duelo de palavras entre Sandman e um demônio (com a cara do David Bowie, pelo que me lembro) na quarta edição do aclamadíssimo título escrito por Neil Gaiman, transposto para a disputa para a vaga dos Democratas (de lá) à eleição deste ano. Obama se põe no papel do vencedor, claro.

PS1: Não apóio qualquer dos postulantes à eleição americana, com ou sem o apelo quadrinístico.
PS2: Preciso fazer um favor a mim mesmo um dia desses e ler Sandman completo.
PS3: O gif é do Universo HQ, porque não deu certo fazer o upload da imagem gravada do meu micro.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

madrox

Mais um gibi "velho" que merece review. É de 2004, foi publicado aqui em 2006, e eu só li essa semana. Enrolado, não? E ainda quero contar uma historinha...
Fatos e fotos. Eu, quatorze anos de idade, fã do desenho dos X-Men - aquele citado no post anterior. Não demorou e me tornei também leitor do gibi dos X-Men; à época, um daqueles formatinhos da Abril. Descobri que os quadrinhos mutantes eram um universo bem mais amplo que o mostrado na telinha. Já na minha primeira revista, conheci um punhado de personagens novos, a citar alguns: Jamie Madrox, o Homem Múltiplo; e um cara fortão chamado Guido Carosella. Em princípio, achei que fossem vilões, mas na saga dos mutantes que peguei em andamento ficou claro que eles estavam sob domínio do Rei das Sombras (ei, esse eu já conhecia). Verdadeiro vilão vencido, muitos mutantes bonzinhos no mesmo lugar: logo de cara presenciei uma reformulação nas equipes X - ingênuo que era, para mim a coisa era definitiva. Madrox e Guido passaram a fazer parte de uma equipe mutante subordinada ao governo norte-americano, o X-Factor, ao lado de outros personagens novos para mim, como Destrutor, Polaris e Lupina, mas que o tempo mostrou terem muita história antes de formada a equipe. E suas aventuras eram publicadas, ufa, em X-Men. Chamavam atenção as altas doses de humor nas situações vividas pelo grupo, algo que até então me parecia inconcebível num gibi de super-heróis - eu ainda não havia sido apresentado à Liga da Justiça de Keith Giffen e J.M. deMatteis, pioneira nessa abordagem. O codinome de Guido, o cara fortão, era...Fortão. De qualquer modo, eu gostava bastante daquelas histórias, e agora vejo o X-Factor cômico como uma das poucas coisas nos quadrinhos mutantes dos anos noventa digna de ser lembrada.
E então surgiu esta minissérie, Madrox. O fator nostalgia bate forte na hora de pegar e ler o gibi: além do personagem-título, Lupina e Fortão também estão lá, e o escritor é o mesmo daquele bom X-Factor, o talentoso Peter David. Mas a história tem seus méritos próprios.
Jamie Madrox agora é um detetive particular num canto de Nova York denominado Cidade Mutante. Ele tem dois intrigantes casos em mãos: o de uma mulher que duvida da fidelidade do marido, um mutante paralítico mas capaz de criar uma projeção astral de si mesmo, e o de uma cópia sua que aparece esfaqueada e à beira da morte após retornar de Chicago, cidade bem violenta mesmo na vida real. Lupina, Fortão e uma outra cópia vão investigar o possível adultério, e o Jamie original encaminha-se a Chicago saber quem tentou matá-lo e por quê. Neste último plot concentra-se a parte noir da trama, como o narrador - o próprio Jamie - faz questão de dizer a si mesmo o tempo todo.
Peter David teve uma idéia muito interessante para trabalhar Madrox. Um homem múltiplo não precisa fazer escolhas, não à maneira que nós, pessoas "inteiras", estamos acostumados: optando por caminhos que nos desviarão irremediavelmente de outros. Ele pode ir em qualquer direção imaginável, bastando para isso criar uma cópia e dizer, "vá". Então ela retorna e Jamie absorve o conhecimento adquirido. E há cópias de Madrox por toda a parte, assimilando todo tipo de experiência - há um Jamie shaolin! Como efeito colateral, contudo, as cópias criam um ponto de vista próprio sobre as realidades vivenciadas, criando certa confusão na mente do original e também colocando-o, vez ou outra, em boas enrascadas.
Assim, o inusitado, tão bem-vindo nas histórias dos mutantes da Marvel - e inexplicavelmente escasso na maioria delas - marca presença nas páginas desta mini, extremamente indicada para eternos fãs que há muito evitam os títulos X devido ao marasmo dos mesmos, situação que já dura longos anos e nos faz buscar, quase sempre, lá no passado a lembrança de boas sagas.
As aventuras de Madrox e dos outros continuam na nova série do X-Factor, também de Peter David, que breve devorarei com o mesmo gosto, assim espero.

sábado, 14 de julho de 2007

superman: entre a foice e o martelo

Nesta minissérie em três edições com o selo Túnel do Tempo, o foguete trazendo o bebê que se tornará o Homem de Aço cai na União Soviética, e o kryptoniano cresce como um herói do regime comunista. Quais as conseqüências disso para o mundo? O papel de guardião do socialismo será suficiente para aquele que, em outra realidade, teria sido o maior herói do mundo?
A mitologia do Super-Homem transposta de maneira excepcional para o contexto da Guerra Fria. Também comparecem versões de outros medalhões da DC Comics.
O gibi foi publicado em 2004, eu o adquiri à epoca do lançamento, mas só agora tive a decência de tirá-lo da pilha "a ler". Um ou outro dito popular devem garantir-me o perdão.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

censura??

Leiam...é de amargar.



Caricatura de José Sarney provoca censura em blogs

Por Marcus Ramone (15/09/06)

"Xô!"Censurar blogs por motivos políticos parece não ser mais privilégio de países regidos por sistema ditatorial. Agora, o Brasil pode se enquadrar nesse rol.

Em Macapá, no Amapá, uma caricatura do senador José Sarney (PMDB) compondo a expressão "Xô!", feita pelo cartunista Ronaldo Rony no muro de sua casa, gerou um precedente com repercussão até em outros países.

Uma foto do muro foi publicada no blog da jornalista amapaense Alcilene Cavalcante, o que gerou indignação na coligação partidária capitaneada por Sarney, candidato à reeleição pelo Amapá. Assim, no último dia 25 de agosto, a Justiça Eleitoral determinou que a imagem fosse retirada do ar (ou isso, ou R$ 2.000,00 por dia de não cumprimento da determinação).

Como se não bastasse, o blog inteiro acabou sendo retirado do ar por ordem judicial.

Alcinéa Cavalcante, irmã de Alcilene e também jornalista, republicou a foto em seu blog e listou outros que também o fizeram. Até agora, cerca de 80 blogs se uniram ao Movimento Xô Sarney, em repúdio a esse ato de censura do ex-presidente do Brasil.

"É inaceitável que indivíduos que se dizem jornalistas armem uma longa teia de comunicação na internet para a prática de crimes", disse o texto de uma das nove representações impetradas contra o Repiquete, blog de Alcinéia, que no dia 1º de setembro também saiu do ar.

Segundo uma dessas representações da coligação União por Amapá, eleitores, jornalistas e internautas, inclusive de outros países, estão sendo convocados a "compor um bando de criminosos". A rede de blogueiros, assim, estaria "organizada em prol de atingir a boa imagem do candidato".

A jornalista Alcinéa Cavalcante migrou seu blog para um servidor no exterior. E o Movimento Xô Sarney continua.

terça-feira, 29 de agosto de 2006

crises!

Grandes eventos aguardam os fãs de quadrinhos de super-heróis nos próximos meses.
Na Marvel, Dinastia M envolverá X-Men e Novos Vingadores numa trama para abalar o universo mutante. O "M" refere-se também a Magneto, peça importante na saga, ao lado de seus filhos Mercúrio e Feiticeira Escarlate. A perda de controle desta última sobre seus poderes de manipulação da realidade motivou a série de tragédias que culminou na dissolução da antiga equipe de Vingadores. E a Feiticeira ainda não se recuperou... (Dinastia M 1 chega às bancas em setembro.)
As publicações da DC já anunciam a proximidade da Crise Infinita. Como há vinte anos atras, quando do lançamento de Crise nas Infinitas Terras, são prometidas mudanças significativas no universo de Superman e Batman. A saga atual, entretanto, parece estar menos relacionada com distúrbios cósmicos, como a Crise original, que com uma megaconspiração de vilões, boa parte deles considerada de categoria inferior. Até agora. Junte-se a isso o fato de as relações entre super-heróis estar abalada desde os eventos e revelações de Crise de Identidade. Um pano de fundo bastante promissor. (Contagem Regressiva para a Crise Infinita - Edição Especial saiu em julho e o primeiro volume de uma minissérie de mesmo nome reunindo histórias que servem de prelúdio a saga já está nas bancas. Finda a mini, vem a Crise propriamente dita.)
Os leitores mais antigos, é possível que se assustem com tal avalanche de acontecimentos, receosos de ser tudo um simples pretexto para vender mais gibis e nenhuma das histórias trazer algo realmente novo ou mesmo ter qualidade. Sim, nos anos noventa tivemos muitos eventos bombásticos nos quadrinhos, os quais foram, quase sem exceção, tremendas bombas, mas não parece ser o caso agora. Os autores envolvidos (Brian Bendis na Marvel, Greg Rucka, Geoff Johns e outros na DC) são talentosos - não infalíveis, mas mantêm regularidade nos gibis que escrevem. Leve-se em conta também que essas grandes sagas não têm nada de aleatório, o terreno para elas vem sendo preparado já há algum tempo, inclusive em conjunto com o trabalho de outros criadores de cada editora nas revistas mensais. A crítica especializada e os leitores norte-americanos receberam bem esses ambiciosos trabalhos. Será impossível agradar a todos, óbvio, mas de um modo geral o público deve concordar que tais obras foram executadas com competência, naquilo que se propuseram fazer. Algo como...a curiosidade será saciada de forma satisfatória.

domingo, 2 de julho de 2006

zé carioca contra o goleiro gastão

Antes que ninguém mais agüente ouvir falar em futebol, peço licença para comentar uma história em quadrinhos que me veio à memória ontem e apresenta, como tema, essa grande paixão dos brasileiros.
Ela foi originalmente publicada em janeiro de 1961 na edição 479 da revista do papagaio e que, devido à estranhíssima iniciativa tomada pela Editora Abril de alternar a já existente revista do Pato Donald com uma nova publicação do Zé, vem a ser o primeiro número do gibi do malandro. Depois os títulos foram separados, mas mantiveram a numeração de Zé Carioca lá na frente.
Não sou velho a ponto de ter lido a publicação original, evidentemente. Foi pela coleção Anos de Ouro do Zé Carioca, de 1989, que tive acesso à leitura desse e de outros gibis antigos.
Detalhes editoriais à parte, vamos à história em si.
Seu título, "Zé Carioca Contra o Goleiro Gastão", parece dizer tudo: no caminho do artilheiro Zé, está o goleiro que ocorre ser o ganso mais sortudo do mundo. Mas convido o leitor a ir mais a fundo, envolver-se mesmo. Como o folgado do Gastão, avesso a qualquer atividade que envolva o mínimo de esforço, se torna o guarda-meta de uma equipe de futebol, cabe dizer, prestes a disputar uma final de campeonato contra o time do fenômeno Zé Carioca (este, sim, merece a alcunha)? Explica-se: após levar um "fora" de Rosinha, a eterna namorada do protagonista - porque nessa época os patos e os personagens da turma do Zé se encontravam com freqüência - numa festa, o primo do Donald decide procurar o presidente da equipe que enfrentará o papagaio e seus companheiros na final do campeonato. Para convencer o cartola a colocá-lo no time, o ganso dá uma prova de seus...talentos futebolísticos. Ele apenas se senta diante do gol e ordena que alguém chute em sua direção. A bola não entra, porque é atingida por um míssil balístico. Assim, a extraordinariamente chata sorte de Gastão o garante no time.
É preciso dizer que a final é dramática? Todo tipo de evento capaz de impedir Zé Carioca de fazer balançar as redes adversárias e é absolutamente improvável acontece. Afinal, é Gastão quem está sentado - sim, sentado - diante do gol.
O lance que coloca a equipe de Zé em desvantagem no placar é particularmente irritante. O papagaio mais uma vez se aproxima da área inimiga, onde pode-se ver o goleiro brincando com sua chuteira. No instante em que Zé chuta, Gastão atira o calçado por trás do ombro, atingindo a bola e propiciando um lançamento a um de seus atacantes, que invade a área e marca.
O time de Zé Carioca precisa apenas de um empate para se sagrar campeão, mas é impossível fazer a bola entrar quando, entre outros lances improváveis, a bola vai parar na rede que Gastão amarrou entre suas traves para tirar uma soneca.
No último minuto de jogo, o papagaio é derrubado na área. É a última chance de marcar. Zé põe a bola sobre a marca de pênalti - Gastão está trepado de cabeça para baixo no travessão -, toma distância, chuta no canto e...um terremoto faz com que as traves mudem de lugar e impede que a bola entre.
O juiz, entretanto, apita gol!, alegando que a bola teria entrado se a meta estivesse no local correto. Palavra de árbitro não se discute, e ele mesmo andava cansado da sorte do Gastão. Melhor para Zé e seus amigos, agora com um título para comemorar.
Uma história divertida, o detestável Gastão, cria do mestre Barks, sendo muito bem utilizado e entrando bem no final, como adoramos ver.
Abaixo, a capa de Zé Carioca 479, com uma amostra daquilo que o papagaio teve de enfrentar.

Os dados sobre a revista, bem como a imagem da capa, foram colhidos do site Inducks.

sexta-feira, 30 de junho de 2006

watchmen 1: "à noite, todos os agentes..."



Difícil escrever sobre Watchmen. Sobretudo porque trata-se de uma HQ fundamental. Como conseqüência, não posso deixar de pensar, ao escrever estas simples linhas, que pessoas mais gabaritadas já realizaram um trabalho muito mais apurado ao analisar a série, enaltecendo suas inúmeras qualidades e frisando possíveis desacertos - existe algum? Ou seja, Watchmen amedronta pela quantidade de superlativos a ela associados. Num primeiro momento, este escritor medíocre tem ganas de simplesmente dizer, leia a história e veja por si mesmo o quanto ela é boa. Mas qualquer coisa me impede de resumir meus comentários a isso. E aqui vamos nós.
É outubro de 1985 em Nova York. Por força de um decreto federal, a Lei Keene, os vigilantes mascarados estão aposentados há alguns anos. Apenas dois deles tem permissão para atuar livvremente: o fantástico Dr. Manhattan e o patriótico Comediante. O assassinato deste último é o ponto de partida para a história. Quem teria sido capaz de invadir o apartamento de Edward Blake e atirá-lo de sua janela? Rorschach, vigilante que viola abertamente a Lei Keene, resolve investigar o ocorrido por conta própria, bem como alertar seus antigos companheiros sobre a possibilidade de o criminoso ser uma ameaça a todos os vigilantes.
Neste primeiro número, seguindo os passos de Rorschach, somos apresentados a alguns deses agentes e conhecemos o paradeiro de outros, cujos nomes são apenas citados. Ainda não se diz ao certo por que se promulgou uma lei federal proibindo a ação dos vigilantes; contudo, o leitor pode colher algumas pistas por si mesmo. A frase "who watches the watchmen?" (tradução: quem vigia os vigilantes?), pichada em vários muros desta Nova York fictícia, mostra que os pretensos guardiões da justiça não gozavam de grande popularidade entre os cidadãos comuns.
Outra evidência é o comportamento dos heróis. O Dr. Manhattan parece pouco se importar com a perda de uma vida humana, ainda que esta seja a de um antigo colega, o Comediante. Em sua primeira aparição, Manhattan se mostra um Super-Homem frio, destituído de humanidade. Rorschach não hesita em infligir sofrimento físico àqueles que considera inferiores por deixarem de zelar pelos valores que ele toma por corretos. Sua violência é a provável razão de sua permanência nas ruas: quem se atreveria a fazê-lo cumprir a proibição? Nem mesmo o recém-falecido Edward Blake poderia ser considerado um indivíduo exemplar. Não após uma tentativa de estupro contra uma ex-colega.
Nota-se que os protagonistas de Watchmen estão muito distantes do ideal de super-herói ao qual estamos habituados: um ser cuja capacidade de discernimento o previne de cometer atos equivocados do ponto de vista moral. Quem melhor representa esse ideal, bem o sabemos, é o Super-Homem, personagem que, ironicamente, caiu no esquecimento num mundo onde combatentes do crime em fantasias coloridas existem de fato.
O símbolo deu lugar à realidade, e esta se revelou extremamente amarga. Pessimismo é a marca de Watchmen, com seus super-heróis falíveis. Veja o discurso de Júpiter, a única vigilante mulher mostrada neste primeiro número. Ela se mostra desiludida com a antiga vida. Para ela, tudo que ela e os outros faziam nada significou.
Já Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, um vigilante "tecnológico", sente falta dos tempos de combate ao crime. Isso transparece nas conversas com seu antecessor, Hollis Mason. Contudo, Daniel crê que as grandes aventuras pertencem ao passado. Ele parece paralisado em sua resignação, mas talvez o estímulo correto o faça pensar novamente.
Já falamos de Dr. Manhattan e Rorschach. Para entender como a situação chegou à realidade de outubro de 1985, entretanto, é necessário ir mais a fundo na história de todos os personagens, o que é feito nos volumes seguintes.
Os primeiros dois capitulos do livro escrito pelo primeiro Coruja encerram esta edição. Neles, Mason confirma a influência do Super-Homem - e de outros heróis dos quadrinhos dos anos 30, como Doc Savage e o Sombra - em sua decisão de se tornar o segundo vigilante da história - o primeiro surgiu na mesma época e foi chamado pela imprensa de Justiceiro Encapuzado.
Fechando este empolgante primeiro tomo, tem-se a certeza de que a história possui um enorme potencial e, dada sua aclamação por fãs de quadrinhos do mundo todo, parece impossível que os próximos números decepcionem.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

eu não acredito que vou ler vingadores

Sabe qual foi o último gibi que comprei? Os Novos Vingadores 28, da Panini. Fato surpreendente, pois o grupo nunca havia me atraído antes. Não gostei das poucas histórias desses heróis que li, e sempre achei os personagens pouco interessantes, alguns até bem chatos. Para piorar, a equipe conta com o Capitão América em suas fileiras...meu discreto anti-americanismo me fazia sentir uma repulsa enorme ao personagem. Mas agora resolvi dar uma chance ao grupo, que por sinal mudou completamente. Dos membros tradicionais, restam apenas o Capitão e o Homem de Ferro. Entre os novos Vingadores, Homem-Aranha, Mulher-Aranha, Luke Cage, o negão...ops, Herói de Aluguel, e o onipresente Wolverine. A série está sendo escrita por Brian Bendis, o cara que está arrasando nas histórias do Demolidor publicadas por aqui. Deve ser no mínimo interessante.
No mix da revista, também temos o título solo do Capitão América, de contornos sombrios e bastante elogiado lá fora, uma minissérie do Thor e os novíssimos Jovens Vingadores. Estou dando uma chance aos mais tradicionais personagens da Marvel. Me propus até mesmo a deixar de lado meu já mencionado preconceito contra o mais patriótico dos soldados americanos.
Só um problema: a revista que comprei mostra a seqüencia de histórias que já haviam começado em números anteriores. Preciso adquiri-los para nâo bagunçar a leitura. Então eu apenas pude folhear o gibi até agora. É incrível: a arte de todas as histórias é caprichadíssima, sem exceções. Espero poder dizer o mesmo das tramas em breve.
E a capa? Vejam se é possível deixar um gibi bonitão desses na banca, mesmo com a leitura atrasada.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

review: superpowers 1


Nada como um feriado para dedicar-se a leituras descompromissadas. E se o negocio é ler por diversão, gibi é algo imbativel.
A revista da vez foi Superpowers 1, de maio de 1986 (tem exatos vinte anos, portanto), estrelada pela Legião dos Super-Heróis, apresentando a conclusão da Saga das Trevas Eternas. Não li os capítulos anteriores da série, publicados em revistas do Super-Homem que evidentemente não possuo. Acho que posso acrescentar um "ainda" ao final desse último periodo, pois achei a Legião um grupo bem bacana e me interessei em ler outras coisas deles - pelo menos mais histórias escritas por Paul Levitz e Keith Giffen, um sucesso da DC pré-Crise.
Sobre o que li...no princípio, encontrei algumas semelhanças entre a saga e a maxissérie Crise nas Infinitas Terras, que estaria nas bancas pouco tempo depois: um terror desconhecido ameaça o Universo e a cada investida revela-se mais mortífero, os atacantes são espectros sombrios, uma criança de crescimento acelerado é a chave para a derrota do vilão, heróis são convocados às centenas a fim de oferecer alguma resistência aos bandidos. Neste último item, uma diferença marcante: na saga que li agora, os quaquilhões de mocinhos envolvidos são todos legionários. A equipe é enorme! Há os vários membros principais, reservas aos montes e ainda a Legião de Herois Substitutos. Há (havia? haverá??) muita gente superpoderosa no século trinta da DC.
Mesmo seguindo algumas das "receitas" básicas de histórias cósmicas, dentre as quais uma ou outra que citei anteriormente, a Saga das Trevas Eternas evolui de maneira diferenciada em relação à já citada Crise. Está certo que não li muitas coisas do gênero em todos os meus anos de fã de quadrinhos, mas a história, embora não possa ser considerada a mais original do mundo, não deixa aquela sensação chata de "mais do mesmo".
O interesse pela trama se mantem até a conclusão: o leitor acompanha os quebras - aos não iniciados em HQs, falo das batalhas entre superseres - com gosto e quer porque quer saber como tudo se resolve. Mérito dos autores, que também demonstram habilidade em contar uma história com tantos protagonistas. Uma ponta solta aqui ou ali, mas nada diretamente relativo à saga. Pode-se tratar de um plot que viria a ser trabalhado posteriormente, ou, menos provável mas não impossível, de algum corte na edição da Abril, coisa tão comum para a editora.
Outro ponto positivo da história é poder acompanhá-la sem ter que se preocupar com a complicada cronologia da DC, sem pensar em Terra-1, 2, infinito. Na própria edição de Superpowers esta tudo o que é necessario para a leitura: um resumo do que se passou na saga até o momento e pequenas fichas sobre a vida dos principais legionários. E só sentar e curtir.
No geral, gibi de super-herói de alto nivel, divertido como deve ser. Vale procurar nos sebos, como eu fiz para comprar meu exemplar. O difícil vai ser encontrar esse volume vendido a apenas R$ 1,50, como consegui. Tive muita sorte.
Só me resta uma dúvida...a frase "um épico para o nosso tempo", na capa da revista, se refere à conclusão da saga ou ao lançamento de Superpowers? As duas possibilidades parecem razoáveis.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

conheci Henfil!

O bom de passar um tempo em São Paulo é ter a chance de fazer aqueles passeios que eu não tenho a menor disposição de fazer quando visito meus pais em finais de semana porque a viagem me deixa morto de preguiça.
Hoje, por exemplo, fui ao Centro Cultural Banco do Brasil pra ver uma exposição do Henfil. Eu não conhecia praticamente nada do trabalho dele e achei que essa seria "a" oportunidade de conferir alguma coisa. Achei que só iria ver um ou outro desenho, mas que nada...havia inúmeras tiras. Estive no local da exposição por quase duas horas e não consegui ver tudo, simplesmente porque já estava cansado de tanto ler.
Henfil era mesmo muito talentoso. Impossível ler alguma coisa dele e ficar indiferente. Um leve sorriso, uma gargalhada sonora, surpresa, uma pausa para reflexão. Ou simplesmente não saber o que fazer, no caso específico do humor negro das tiras dos Fradinhos.
O traço dele é quase sempre simples, beirando o tosco em alguns momentos, mas é bastante funcional. Há tiras com traço mais elaborado, mais raras, e curiosamente nunca em seus personagens principais.
Quanto ao conteúdo, o cartunista abordava temas variados, mas predominava em seu trabalho a crítica velada ao regime ditatorial da época. Às vezes, nem tão velada assim: algumas tiras eram tão cáusticas que eu ficava me perguntando, "cara, como os militares deixaram isso ser publicado?" De um modo geral, é possível separar os trabalhos em dois tipos: aqueles que precisavam de um pequeno texto explicativo (p.ex. se a tira tratava de algum fato) e as que permanecem atuais e talvez continuem assim sempre. Ah, mas por melhor que seja o material, não dá pra ler tudo de uma vez, como eu disse antes. O ideal seria possuir uma coletânea com os trabalhos mais significativos do autor - daquelas bem completas, com textos informativos - para guardar e ler quando puder. Alguma editora podia publicar isso.