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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

eu lembro...

(instantâneos de uma infância na cidade veloz)

...o cheiro de chocolate vindo da fábrica da Lacta no Brooklin...era atravessar o viaduto da Vereador José Diniz sobre a Vicente Rao e o doce aroma surgia a nos deleitar.
...The Waves, um parque aquático perto do Centro Empresarial, onde hoje estão um Extra e um Assai. Nunca entrei lá. Devia ser caro.
...fábricas da Monark e da Caloi na Marginal Pinheiros. E tantas, tantas outras.
...anúncio da Metal Leve na Pedro Álvares Cabral, um pouco depois do Detran. Tinha uma engrenagem que não parava...
...idas ao Mappin Itaim e Praça Ramos.
...a vizinhança na periferia tomada por ruas de terra. Era poeira ou lama.
...as milhares de linhas de ônibus que ligavam cada "jardim" com nome de mulher ou de flor com ruas trafegáveis (vide acima) ao centro da cidade, antes da implantação dos terminais municipais (Santo Amaro, João Dias, Capelinha...)
...ônibus. De todos os tipos. Pintados em todas as cores. Uns muito velhos, outros nem tanto. Alguns menos barulhentos. Trólebus, uns que pareciam trólebus (eram da Mafersa). De linhas retas ou arredondadas. Até de dois andares. Levando a toda parte.
Foi o que lembrei agora.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

confidência e tentativa de auto-ajuda


Preciso dizer: eu desanimo com as coisas. Se me proponho uma determinada tarefa e começo a encontrar dificuldades em cumpri-la, sinto-me perdido, acho que tudo está muito errado, dá vontade de desistir. Sou o oposto do brasileiro do slogan. Acontece que detesto me sentir derrotado, não lido bem com adversidades.
Pensando bem, sou assim desde criança. Nunca gostei de perder. Se começava mal uma partida de videogame, por exemplo, logo procurava o botão reset. Para parecer que nunca havia feito nada errado, sabe? Tudo que eu fizesse devia beirar o impecável. Isso explica também por que eu chorava na quarta série quando não tirava dez em alguma prova - acredite, não é uma coisa fácil de admitir.
Sem contar meu total desinteresse por esportes coletivos. De vez em quando penso: o que me desmotivava de fato? Eu era naturalmente ruim e não valia a pena tentar, ou eu era ruim e não iria me expor?
Já desisti de várias coisas nesta vida. De algumas, talvez, por me recusar a lidar com as dificuldades peculiares a cada caminho.
Mas por quê? Todos sofrem, nada é fácil, às vezes nem mesmo para os bem-nascidos. Custei a perceber isso e, ainda hoje, ciente dessa verdade, minhas cabeçadas ainda provocam dores intensas, próximas do insuportável. Não posso continuar agindo dessa maneira. Sou adulto, preciso ser prático, tomar decisões e, sim, manter-me firme, convicto, aceitando todos as implicações, especialmente as ruins, de ter seguido por uma estrada e não por outra. A vida não tem um botão reset - eu o utilizava quase sem pensar no Atari. As dificuldades de nosso percurso continuam registradas. E isso é bom. Um dia a gente alcança a linha de chegada, olha para trás e pensa: "olha só o que eu venci".

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

noventa

Músicas dos anos 90 que tocaram no rádio essa noite...e sobre as quais queria dizer umas palavrinhas.


A Letter to Elise

Até agora, a música do Cure que mais ouvi na vida. É que o clipe passava direto na MTV entre o final de 92 e o começo de 93. Eu era fã, mas passei anos sem ouvi-la. De uns tempos para cá, venho descobrindo algumas das maravilhas que a banda produziu ao longo dos anos 80 e, numa comparação baseada em minha memória, A Letter to Elise perdia feio para essas "velhinhas". Mas meu ouvido era outro á época do hit...uma nova audição e agora faço justiça. A Letter... é uma bela e melancólica canção. Não compreendo toda a letra, mas os vocais de Robert Smith se encarregam de atribuir à melodia o tom pesaroso exigido. O leve acompanhamento instrumental também merece nota. Como resultado, temos aí outro clássico do Cure e uma das mais belas músicas do começo da década passada.


Tears of a Dragon

Iron Maiden, todo mundo conhece. É célebre mesmo entre seus piores detratores. Em meados da década de 90, o então vocalista Bruce Dickinson se afastou da banda - divergências artísticas eram a causa oficial padrão dessas saídas; não me recordo bem, mas deve ter sido essa a razão alegada nesse caso também. Em pouco tempo, ele se lançou em carreira solo. Não ouvi o disco todo, mas, inegavelmente, o hit Tears of a Dragon poderia figurar entre um dos trabalhos do Iron. A voz de Bruce está lá, e tudo mais soa como a banda. Apenas os instrumentistas são outros. Quanto à música, nada de mais, assim como Iron Maiden não tem nada de mais. Nunca fui ou quis ser metaleiro.


Crazy

O Aerosmith ressusrgiu do pó - livre interpretação - no final da década de 80, trazendo de volta sua formação original e tendo em mãos a fórmula do sucesso: gravar hits ao gosto dos adolescentes. OK, de vez em quando surgem composições mais inspiradas, mas, em geral, é um pop rock sem grandes variações entre uma faixa e outra da coletânea de maiores sucessos. Apenas divida-os em dois grupos: o pop mesmo (por falta de denominação melhor) e as lentas. Crazy é das lentas. O negócio aqui é falar de amor e filmar videoclipes contando histórias de lindos jovens. Crazy tem Alicia Silverstone e Liv Tyler - filha do vocalista da banda, Steve, e então futura Arwen Undómiel - curtindo a vida juntas, grandes amigas que são, divertindo-se entre si, ou com alguns moços, essas coisas. E viva a juventude: ela garante os milhões na conta bancária dos velhinhos do Aerosmith.


November Rain

Pretensão. Egolatria. Isto é Axl Rose. Os que se lembram desta canção e de seu videoclipe, e são também dotados de algum bom senso, não podem discordar. A música: nove longos minutos pouco inspirados (mas que agradavam a molecada...) alternando piano, orquestra, coro meia-boca, o indefectível vocal esganiçado de Axl e solos sonolentos do superestimado Slash. OK, a parte final é passável, e só, mas e chegar até ela? O megalômano clipe: Axl vê (revê?) seu casamento em sonho. A noiva, coitada, aceita entrar na igreja com um vestido que não lhe cobre as pernas. O padrinho, Slash, após entregar ao noivo a aliança - na verdade, um anel de roqueiro - deixa a nave e vai tocar guitarra no deserto. Contra o vento, óbvio. Ah, convém lembrar aqui que os pombinhos do vídeo se uniram na vida real também. Em alguns meses se divorciaram. No clipe, o matrimônio termina de forma mais trágica: a noiva morre pouco depois da cerimônia. Uma questão de dias, talvez, não fica claro. Para quem acha que exagero ao falar em mania de grandeza, tem mais. Entre casamento, solos na areia, festinha e velório, são exibidas algumas cenas da banda - Guns n' Roses...é a primeira vez que os menciono - num show. O visual de Axl no palco lembra John Lennon.
Sucesso absoluto na MTV à época. Totalmente esquecível. Que é do Sr. Rose agora?

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

pós-feriado, agora com divagação

Como mencionado anteriormente, dormi por quatorze horas seguidas. Meu período de sono mais longo até hoje.
Por volta de sete da manhã, acordei e, tendo tomado consciência do tempo que havia passado desde minha decisão de ir para a cama, ainda na tarde anterior, lembrei-me de algo ocorrido em 1986 - socorro, minhas recordações mais antigas já remontam a duas décadas!
Eu ainda estava na primeira série, estudava de manhã. Nesse dia cheguei em casa um pouco doente; o que tinha, não faço mais idéia. Comi, provavelmente menos que o normal, e em pouco tempo estava deitado. Já era noite quando acordei, entre sete e oito horas. Estava bem. Parecia-me ter dormido por mais de um dia. Por um instante, tal impressão me deixou aflito. Teria eu perdido aulas? A preocupação logo passou, e tudo seguiu seu rumo habitual.
Doce lembrança da mais doce das épocas. Eu amava a escola, e adorava mais ainda tirar notas altas. Ah, era inocente a ponto de crer que uma doençazinha de nada me poria de cama por um período prolongado. Sempre fui tão saudável! Mais ainda, temi que, se de fato me acontecesse algo de grave, meu aproveitamento escolar seria irremediavalmente prejudicado.
A ingenuidade é, talvez, a característica mais divertida da infância: lembrei-me sorrindo do que acabei de relatar. O tempo passa, porém, e se encarrega de criar situações capazes de liquidar nossa inocência em partes, até que esta suma por completo.
Devo ter fugido de várias "tocaias" do destino a fim de manter minha puerilidade intacta. Ao menos, enquanto havia esconderijos, e esses podem ter resistido por tempo demais.
De qualquer forma, a hora sempre chega. A hora de mudar.

segunda-feira, 28 de novembro de 2005

lembranças musicais

Que coisa, esta é apenas a primeira vez que falo de música aqui...

Ontem eu estava em casa e colocaram um CD do U2: a coletânea The Best of 1980-1990. Ao ouvir as músicas, me lembrei de algumas coisas interessantes .
Essa compilação foi lançada em 1998. Inicialmente, foi vendida em uma tiragem limitada de duzentas mil cópias que trazia, além do CD com os grandes sucessos, um segundo disco com "lados B" de singles lançados lá fora. Ganhei o meu no final do ano. Até lembro a numeração do meu CD: 166731. Como fiquei contente: a partir daquele momento, poderia ouvir músicas como New Year's Day e I Will Follow quando eu quisesse. E ainda descobri coisas bacanas como The Unforgettable Fire.
1998 foi também o ano em que o U2 veio pro Brasil pela primeira vez. Não fui ao show (claro...), só vi pela televisão. Me emocionei, talvez não da mesma forma que teria acontecido se eu estivesse no Morumbi, mas foi bastante especial. Tenho o show gravado até hoje, apesar de nunca mais tê-lo assistido.
Cada ano de minha vida parece ter uma música, ou um grupo de músicas, marcante. Em 98, foram os clássicos do U2. Se eu resolvesse escrever sobre cada "momento musical" que eu já vivi, certamente teria muita coisa pra contar. Ainda faço isso.