É que os personagens supracitados não são marcas registradas. Foi a indústria cultural a grande culpada pelas situações vexatórias que tantos ícones da cultura pop tiveram de passar. Pela lógica do mercado, é sempre necessário criar histórias estreladas por nomes bem conhecidos do grande público. Esses protagonistas são vistos pelos gigantes do entretenimento que detêm seus direitos autorais como grandes franquias capazes de vender todo tipo de produto previamente licenciado, incluindo desenhos animados, quadrinhos e filmes.
Tais histórias chegam ao público consumidor em tamanha quantidade que é impossível crer na qualidade de todas elas. De fato, a triste verdade é uma só: a maioria dessas criações merece a lata de lixo por tão ruins.
Felizmente, Superman - O Retorno, que estreou hoje nos cinemas brasileiros, é um exemplo de uso adequado de um personagem tão importante.
Bryan Singer, o responsável pela bem-sucedida (em todos os sentidos) empreitada dos X-Men na tela grande, prova mais uma vez seu grande talento ao revitalizar a franquia cinematográfica do Homem de Aço. As novas gerações têm a chance de viver o deslumbramento trazido pelo trabalho de Richard Donner trinta anos atrás, quando pela primeira vez os espectadores "acreditaram que um homem podia voar". Como no passado, é sair do cinema com a certeza de quem é o maior de todos os super-heróis.
O segredo, se há algum, é o total respeito à essência do personagem, àquilo que o torna cativante há quase setenta anos. Ele é a personificação da esperança, a encarnação de nossos ideais mais nobres. Superman faz sempre o certo, mesmo sob as mais adversas condições. Isso é, perdoem-me pela repetição, o essencial, seja qual for a mídia em que se trabalha o herói.
Aqui falamos de cinema, Um roteiro que mantenha os olhos do espectador na tela. Superman volta à Terra após passar cinco anos no espaço à procura de Krypton, seu planeta natal. O mundo teve que seguir em frente sem seu maior campeão. Lex Luthor voltou às ruas. Lois Lane cansou-se de esperar e decidiu constituir família.
Com a ausência do Superman, o mundo passou a questionar se ainda precisava dele. De certa forma, essa dúvida chegou ao filme propriamente dito: enquanto não temos uma resposta, o espectador pode senti-lo um tanto amarrado. Acompanhamos o ínicio das maquinações de Luthor, mas ainda não é possível compreender onde o vilão pretende chegar. Ainda falta o toque de grandiosidade, do qual temos apenas pequenos vislumbres em algumas cenas. E o encanto tem que durar o filme inteiro. Então o herói ressurge num momento de extrema necessidade e mostra que nunca deveríamos ter duvidado de coisa alguma. Nem mesmo quando, mais adiante, ele se depara com uma situação aparentemente insolúvel.
Os personagens, sabemos todos serem interessantes. É preciso saber escrevê-los e ter à disposição um elenco eficaz. Para este quesito, mais uma vez, pegamos a caneta vermelha e marcamos "confere". Todos estão muito bem. Destaque para Kevin Spacey e seu assustador Lex Luthor, talvez um dos mais intimidadores já vistos em qualquer história do Superman. Lex assusta até quando tenta ser engraçado.
Falando em atuações, agora é oficial: existe um novo Superman/Clark Kent. Brandon Routh não deixa nada a dever em relação a seu brilhante e saudoso antecessor, Christopher Reeve.
Superman - O Retorno é filme para não ser esquecido pelos fãs, que certamente o aclamarão como uma das melhores histórias do Homem de Aço já contadas. Surpreendentemente, isso pode causar algum desapontamento. Pois o filme deixa o espectador ávido por novas e grandes aventuras do herói e, como dito acima, elas são proporcionalmente escassas em relação a todo material produzido com o personagem. Basta conferir as pataquadas feitas com ele nos quadrinhos ao longo de sua longa carreira - mais especialmente nos anos noventa. Recomenda-se aos fãs não esmorecerem. Ignorem as porcarias e busquem contos dignos do super-herói. Dada sua grandiosidade, a diversão e a emoção estão garantidas.
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