quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

a globo pode?

Alguém mais já reparou que, em transmissões em rede nacional - por exemplo, pronunciamentos oficiais, como o de Lula, agora há pouco -, o sinal da Rede Globo, e somente o dela, está sempre defasado em relação ao de outras emissoras? Coisa de um segundo, mas o atraso existe; é algo de que estou ciente desde garoto. Qual o motivo disso? Quem é o "culpado" por essa falta de sincronia?

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

natal em casa

Uma mesa repleta de comidas deliciosas. Compradas com o dinheiro de meu pai e preparadas por minha mãe. Desfrutada por todos os membros de nossa pequena família - a qual, apesar dos temores, nao sumirá.
Não recebemos visitas; pouco depois dos estouros de champanhe e fogos, todos nos preparamos para nos recolher. Não se duvide, entretanto, de que havia amor sob nosso teto.

sábado, 22 de dezembro de 2007

E esta tarde por pouco não comprei um filme pirata. Sério.
Foi ontem que vi o título que me interessou e quase me fez contribuir com essa...rede de criminosos. Fiquei olhando e olhando o título que até o momento não conhecia e me despertou um interesse absurdo e por pouco não consumo a compra. Chegando em casa, maquinei crime ainda mais terrível: baixar o filme pela Internet!
O dia já é hoje. A conexão está ruim e desisto do download. Tenho de sair de novo, faço um caminho estranho na volta, comprido e que passe de novo pela barraquinha de DVDs e CDs "alternativos". Bem mais cheia desta vez, muita gente olhando. Não encontro o que buscava e nem me atrevo a perguntar a respeito. Ao abandonar definitivamente meu intento, penso nos filmes que de fato quero ter em minha coleção e comprarei quando o dinheiro vier, virá que eu vi. E sim, evitei um mau emprego do pouco que hoje possuo.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

pessoas...

O IBGE diz que já somos mais quase 184 milhões de brasileiros.
No mundo inteiro, os seres humanos já devem ser quase sete bilhões. Sete bilhões.
Mamãe, ainda assim, quer que eu contrarie toda argumentação lógica - unclusive a não explicitada aqui - e ainda espera que eu tenha filhos, para torná-la avó, como algumas de suas amigas já são, e pretexto de "não fazer sumir nossa família".

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

cidade limpa

Minha ida a Campinas domingo último confirmou (o óbvio): a Lei Cidade Limpa, a qual eu julgava jamais passaria de boa intenção ano passado, foi das melhores coisas acontecidas à cidade de São Paulo nos últimos tempos, e acostuma facilmente os olhos de seus cidadãos.
Campinas ainda é tomada pelos anúncios. Aqueles gigantes curiosamente batizados em nosso país como outdoors, fachadas e símbolos que parecem capazes de engolir os estabelecimentos comerciais cuja localização indicam. Particularmente agressivas ao olhar são as enormes peças publicitárias afixadas a grandes prédios, mais comuns no centro da cidade. Mal me recordo de como era São Paulo antes da proibição deste tipo de feiúra - no mínimo dez vezes pior, se utilizarmos como critério de comparação o número de habitantes das duas metrópoles.
Que o exemplo paulistano logo alcance novas praças. Seria um colírio - com o perdão do lugar-comum.

Ainda sobre poluição visual: nunca havia notado os postes sem cabos elétricos na Rebouças. Fico imaginando a cidade inteira daquele jeito.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Tive um lindo sonho mas ao acordar tudo que eu tinha era a realidade.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

menina de ouro

Inspirado por Clint Eastwood...
Cante como no refrão de Menina Veneno, do Ritchie. Rimas pobres, mas é paródia e é pop, então não dou a mínima.


menina de ouro
você é um tesouro
precioso demais
eu já provei do seu beijo
e quero mais
e quero mais
e quero mais...

casa da mentira

A mentira, vejo-a como o mais desconfortável lar que alguém pode escolher para habitar. Estranhamente, porém, seu único residente se esforça ao máximo para fazer parecer a si mesmo que está num local aconchegante. Ignora as infiltrações no teto, finge que o piso é firme. Ele deslumbra com gosto a parede carcomida como a uma recém-pintada; mal repara, entretanto, na mobília desgastada que escolheu, e esta vai se sujando sempre.
O imóvel já era pequeno originalmente e a cada dia o dono sente ter de se encolher mais para ali caber.
E se alguém quer entrar nessa casa - sem convite, por razões óbvias - todo cuidado é pouco para impedir que o visitante ultrapasse a porta de entrada; o morador se posta à frente dela também para não notarem que ela está roída por cupins. Como desculpa, cita uma arrumação que, em seu íntimo, não sabe quando e como será feita.
A vergonha sentida pelo solitário mentiroso precisa ser imperceptível a ele próprio.
Ainda assim, ele não se desaloja facilmente desse lugar agourento; torna-se parte da decoração imunda, une-se a ela em seu abandono. Casa e morador estão mutuamente contidos, como naqueles jogos em que uma imagem se repete indefinidamente, quem é dono de quem.

fazendo a própria sorte (lost)

Tricia Tanaka Is Dead

Hurley: Stop feeling sorry for yourself (...) Look, I don't know about you, but things have really sucked for me lately, and I could really use a victory. So let's get one, dude. (...) Let's look death in the face and say 'Whatever, man'. Let's make our own luck. What do you say?


terça-feira, 11 de dezembro de 2007

fuga

Certo dia, alguém disse que eu vivia num mundo à parte, bonito, criado por mim mesmo. E foi algo que jamais esqueci. Para começar, a pessoa que o afirmou é bastante inteligente, e é uma das poucas neste planeta com quem eu compartilhe algo que pode ser definido como verdadeira amizade. A expressão "mundo à parte" remete quase instantaneamente ao caso de meu irmão, identificado como portador de traços de autismo e a cada dia mais determinado, se posso usar aqui tal palavra, a proceder única e exclusivamente conforme suas vontades não verbalizadas. Além disso, a mencionada beleza do mundo de André explicaria minha delicada relação com os sons musicais e minha empatia e inquietação por um mundo natural irremediavelmente modificado pelas mãos da lógica e da ganância.
Sobretudo, chama atenção aquela ser a maior verdade nunca antes dita a meu respeito.
Começo, entretanto, a enxergar com maus olhos minha gritante individualidade. Estou preso a este mundo inventado - meu refúgio, meu espesso cobertor em dias muito frios, minha inesgotável fonte de gozo - a ponto de não saber como me colocar fora dele. A todo momento esse gesto é necessário, e jamais procedo de maneira realmente satisfatória. É estranho demais: sou capaz de aconselhar a qualquer pessoa a tomar decisões lógicas e racionais num mundo lógico e racional ou então, se nada me for perguntado, balançar a cabeça para aquele menino tão simpático a meus olhos porque ele insiste em viver de ideais num mundo definido pela palavra concessão. Mas eu mesmo sigo aprisionado num mundo fantástico. Ainda acredito que posso viver uma felicidade idealizada, inclusive no campo profissional, se não em tempo integral, o suficiente para dizer, sou mais alegre que triste.
Mas isso não soa pueril demais? Adultos sofrem. Sempre, sempre. Por que não é possível "cair na real"?
Quando começou o isolamento? O mais óbvio palpite seria o momento em que vi minha preciosa infância ameaçada, tendo de partir para nunca mais, e tive muito medo. Mas não terá começado antes? Minha meninice não terá sido mágica demais? (imaginem se eu tivesse sido rico, então.) Ou existiria algum tipo de propensão ao mutismo e à misantropia em minha família, o qual se manifesta de forma mais evidente e até patológica em meu irmão, mas tão presente em meu ser também? Genética é um ramo da ciência capaz de fazer o homem acreditar em destino?...
Estou numa bela ilha tropical, perdida em algum lugar ao sul, envolvido por delícias imaginadas, e mesmo aqui não me livro do medo avassalador do mundo dos homens.

E meu primeiro post mais elaborado em semanas ficou uma porcaria, incoerente, mal escrito.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

domingo, 2 de dezembro de 2007

outra divisão

É difícil acreditar que tenha realmente acontecido. Mas é real. Pela televisão, vejo gente chorando pelo ocorrido. Para mim, comover-se a esse ponto é que é digno de lamentação.
Acontece que, no fundo, seja por mo]tivos racionais, como eu, ou por paixão futebolística, o rebaixamento era uma impossibilidade. Não era, e não é mais; tornou-se fato.
Quase dá vontade de voltar a ser são-paulino.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

se quando dormimos
morremos por um instante
ao fingir que dormimos
simulamos a própria morte
ocorre porém que passamos
quase toda a história do universo
assim
mortos
e perante o infindo
a vida nossa
é de uma brevidade
impossível
Já lhe dei a ordem.

domingo, 25 de novembro de 2007

acordar cedo, pátio do colégio, promúsica, leitura solene, cultura-criança, painéis de pierre mendell, comer sem exigências, herança indígena, yoko ono faz e dita arte, visão do amor impossível, corpo e alma a esmo, facilidades de um mundo, volta ao lar. Meu domingo!

domingo, 18 de novembro de 2007

errante

Deslizo por rios caudalosos a bordo da jangada que construí antes da morte de meu pai. Logo mais estarei novamente diante de meu povo. Minhas jornadas são longas e solitárias, gosto delas assim. Sempre saio silenciosamente de casa, meu ideal é o rio ser a única testemunha de minha partida, mas é impossível numa comunidade tão pequena. Sei que me olham com desconfiança por me acharem assim tão reservado, mas ao mesmo tempo há uma certa reverência em sua contemplação curiosa, eis o jangadeiro. A necessidade de velejar me impele mais que tudo a singrar terras, embora me disponha a nunca voltar de mãos vazias de minhas andanças, sem nada além de histórias enfadonhas aos ouvidos que me cercam; trago presentes aos pequenos, muito coloridos, eles me divertem. Nunca vou até o mar. Penso às vezes em grandes viagens, longas, a se perder na memória o horário e o local de partida. Em meu íntimo aguardo o dia em que empreenderei a mais longa de minhas jornadas, e não haverá ninguém a se surpreender com o fato de eu jamais retornar.


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Onde foi parar o tempo que eu ainda agora tinha de sobra?

sábado, 17 de novembro de 2007

alice acorrentada

Esta noite abri o LimeWire - meu atual programa de compartilhamento de arquivos; cumpre bem sua função - e digitei Beside You, na tentativa de encontrar uma música do Iggy Pop com esse título. Não achei o que queria (pô!) mas um dos resultados da busca foi um mp3 de Heaven Beside You, do Alice In Chains, banda velha conhecida minha, mas que andava meio esquecida até então. Agora digito o nomeEntão deu-se uma coisa interessante: uma volta à adolescência, sem traumas.
O Alice In Chains era, de certa forma, o lado negro do grunge, suas guitarras pesadas responsáveis por um clima mais sombrio entre as médias das músicas de bandas de Seattle do começo dos anos noventa. Este pé no metal, entretanto, não confere ao som do grupo a cacofonia insana, quase insensata de bandas assumidamente barulhentas. É que Alice in Chains é musical, mesmo. Há algo de blues nos riffs da banda - queria ser mais versado em música popular para poder dizer mais a respeito. Além disso, as melodias grudam tão facilmente no ouvido. A música começa, dois ou três versos e já estamos no refrão. Nem ponte existe. O som é barulhento mas é pop feito Spice Girls.
Não se pode deixar de falar também na nítida melancolia no som da banda, um prato cheio para quem não tem medo dessas coisas. Música não tem de ser sempre "pra cima"; o importante é haver algum sentimento.
Foi uma interessante redescoberta. Voltamos a qualquer momento com mais.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

estradas musicais

A música, forma de expressão tão fascinante. Cite ao menos um indivíduo que a despreze, se puder; é coisa raríssima. A paixão de alguns de nós pelos sons musicais pode chegar a tal ponto que apenas apreciá-los não basta, é preciso buscar formas de interagir com os mesmos. Então há quem cante, dance, aprenda algum instrumento. Em casos mais avançados de paixonite pelos tons melodiosos, existe o caminho da profissionalização, e pode-se vir a dominar a escrita e a fluência musical tão bem quanto a falada, ou até melhor.
Difícil entender, entretanto, os pensamentos dos pesquisadores japoneses que conceberam uma vereda, digamos, menos abstrata: uma estrada capaz de emitir notas musicais à passagem de automóveis. Observando os entalhes feitos por uma escavadeira no asfalto, percebeu-se que cada um destes produzia, ao ser atravessado, um som diferente, como num instrumento musical usual.
Para ouvir com clareza a música que veio a produzir, o motorista deve manter os vidros do carro fechados e estar a uma velocidade de 45 quilômetros por hora.
Não é mentira.
E ainda se busca entender o porquê.

sábado, 10 de novembro de 2007

silêncio

Ainda há pouco, surpreendi-me com a notícia da morte de Helena Samara, aos 71 anos, por falência múltipla dos órgãos. E pouquíssimos sabem quem ela é.
É questão de ligar o nome a uma voz. Helena era dubladora, uma profissional competente numa área ingrata e mal reconhecida. (Aliás, um dia faço uma lista de profissões valorizadas neste país, só para me decepcionar amargamente com o resultado.) Entre seus trabalhos, pode-se citar a Mamãe de Futurama, e deve-se listar, sobretudo, seu mais conhecido personagem: a Dona Clotilde, a Bruxa do 71 do incontestavelmente clássico Chaves, que diverte gerações de brasileiros, crianças de agora e as já crescidas, há mais de vinte anos.
Uma triste perda, e o fato de não ser notícia que ganhe o devido destaque a torna ainda mais lamentável.
A seguir, uma lista de alguns dubladores também falecidos, cujas vozes fizeram parte do encantamento de séries, desenhos e filmes que nos deslumbraram, sem se importarem em ficar "escondidos" atrás de personagens muito mais celebrados que eles jamais seriam.

Newton da Matta - Bruce Willis em diversos filmes; morto em 2006
Marcelo Gastaldi - Chaves, Chapolin, Charlie Brown; 1995
Mário Vilela - Seu Barriga, Nhonho
Aldo César - Bender (Futurama); 2001
André Filho - Superman (dublagem original dos primeiros filmes) e filmes mais antigos de Sylvester Stallone; 1997
Older Cazarré - Zé Colméia, Dom Pixote, Homem Fluido (Os Impossíveis), Jaiminho (Chaves); 1992
Olney Cazarré - Pica-Pau, Hadji (Johnny Quest); 1991
André Luiz "Chapéu" - Brutus (Popeye), Tigrão (Ursinho Puff)

rené magritte


La condition humaine



The son of man

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

alberto caeiro

Que é Fernando Pessoa, que fala de André.


Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.

Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

patch adams no roda viva

Meu primeiro contato com esse simpático senhor e seu trabalho, a que o rótulo "medicina humanizada" pode parecer pouco eficaz, como é comum quando se rotula, mas não deixa de ser um começo.
Todo mundo deveria ter visto a entrevista de ontem. Todo mundo mesmo. Adams dá palestras por universidades mundo afora; porém, no meio acadêmico as pessoas pensam a todo momento - ou deveriam fazê-lo - então talvez seu discurso humanitário, aquele que vai além da já mencionada humanização nas relações médico-paciente, não seja tão impactante como na televisão.
O choque causado pelo doutor começa pela sua indumentária: brinco em forma de garfo, camisa florida e calças vermelhas largas como as de palhaço. Que ninguém se engane com esse ar bufão: mesmo em momentos mais descontraídos, a fala de Patch Adams é contundente. Ele inicia criticando o filme baseado em sua vida, estrelado por Robin Williams, que reduz seu trabalho à máxima "rir é o melhor remédio". A cinebiografia pode ter aumentado, e muito, as contribuições financeiras a seu hospital modelo nos Estados Unidos, onde se atende de graça, mas não passa de uma, digamos, hollywoodianização de seus ideais.
E o médico com cara de palhaço se revela um grande provocador. Ele afirma que a indústria farmacológica é nefasta, que os grandes hospitais não são nada além de grandes instituições comerciais/financeiras. O sistema de saúde norte-americano exclui automaticamente 50 milhões de pessoas porque elas não possuem dinheiro.
Adams não se restringe à medicina, uma vez que a mudança de atitude que ele exige dos médicos deve valer para todos. E os petardos continuam. Noventa por cento dos americanos não pensa. As três pessoas mais ricas do mundo possuem renda igual à das 48 nações mais pobres. Torcer por multimilionários jogadores de futebol é uma lastimável perda de tempo - ele se referia ao football, mas nada impede de aplicarmos isso ao "nosso" soccer. Pessoas ricas que nada fazem além de se exibir são completamente vazias. Ele nos exorta várias vezes à questão da Amazônia.
Patch Adams: o capitalismo é a pior coisa que já aconteceu ao mundo!!!
A televisão fica pequena e tímida diante das idiossincrasias do doutor. Ele não tem controle. Fala palavrões e põe convidados e entrevistadores a cantar. Em certo momento, levanta-se da cadeira, arregaça as pernas da calça para mostrar o personagem que interpreta ao apartar - com sucesso em 100% dos casos, segundo ele próprio - brigas entre pessoas que nunca havia visto. Sim, aquelas desentendimentos para os quais qualquer outro ser humano dá as costas. É a revolução de Adams.
Em cada gesto, em cada palavra, a segurança de quem acredita no que está fazendo, que é possível um outro mundo, baseado em fraternidade, cordialidade, amor incondicional, em vez deste nosso corroído pela ganância por poder e dinheiro, e há fome e miséria ali ao lado.
E se todo mundo tivesse visto essa entrevista...todo mundo mesmo...e repensasse a vida...por que não?

numbers

everyday i hear countless voices talking and talking but i only listen to the ones that tell forever things.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

spice girls, dez anos depois

Porque o tempo passa :)
Victoria agora é Beckham e, ao lado de uma Geri mais magrinha, faz triplicar o número de louras no grupo; Emma não é mais única. Mel B. não assusta mais ninguém, com a provável exceção de Eddie Murphy. E Mel C. parece ter deixado a fama de esportista lá atrás no passado.
Que ninguém espere inovações artísticas, contudo. Claro. Elas continuam tão pré-fabricadas quanto na década passada, quando ainda eram, de fato, garotas. Headlines (Friendship Never Ends) é muito, muito parecida mesmo com tanta coisa que já se ouviu. Mas algo ainda está lá que garanta a nostalgia dos fãs, também eles mocinhas, e mocinhos, de outrora.


quinta-feira, 1 de novembro de 2007

em meio à festa

O São Paulo é campeão no ano em que deixo de ser torcedor.

Força de vontade, meu garoto.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Eu uso lápis mas não quero ter um apontador. A idéia é simplesmente me virar.

domingo, 21 de outubro de 2007

bem amigos...

Pouco mais de um ano atrás, perguntei-me se o brasileiro ainda se interessava por Fórmula 1. Naquelas circunstâncias, julguei que o típico marasmo da categoria estaria ainda mais claro aos olhos do público, devido à ausência de pilotos brasileiros com chances reais de triunfo. Hoje, contudo, pude constatar que havia muita gente interessada em saber quem levaria o campeonato recém-encerrado. O fato de a última corrida ser disputada em Interlagos; a presença de um brasileiro na pole position, ainda que fora da grande peleja; a possibilidade de triunfo de um piloto negro, tão simpático aos olhos dos espectadores deste país: cada um desses fatores teve sua contribuição para o sucesso da temporada vendida como a mais disputada dos últimos tempos na Fórmula 1 (Galvão Bueno deve ter repetido isso à exaustão, ou à hipertensão, dependendo da fonte). Os homens por trás daqueles carros possantes e dos montes de dinheiro que eles rendem encontraram um meio de manter o interesse dos não tão amantes da velocidade, também conhecido como grande público, e colhem seus tenros frutos. E sobre o resultado das pistas, curiosamente, não deu a lógica: levou o título quem menos tinha chance. Mas o ambiente não se revelou totalmente incomum, uma vez que o campeão se valeu de um estratagema conhecido nas pistas, particularmente por nós, brasileiros. Felipe Massa foi o Barrichello de Raikonnen. Tudo pela equipe, tudo pela Fórmula 1.

***

O título deste ano ainda pode ser revisto em (mais uma) decisão fora das pistas. É esperar para ver.

***

Saiu na Folha de hoje uma matéria sobre um ex-piloto inglês que poderia ter sido o que Lewis Hamilton é agora. Ambos, o bem-sucedido e o falido, foram apadrinhados pela McLaren/Mercedes ainda no kart. Foi quando começaram os problemas. Hamilton logo cresceu, e o outro, cujo nome não me peçam para recordar, foi aos poucos deixado de lado, talvez devido à aposta do time num futuro piloto negro. Hoje, o preterido rapaz não tem em casa nada que lhe recorde os dias de corridas - por recomendação psiquiátrica - e é jardineiro.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

incômodo

Você não me decifra num único olhar, por maior que seja seu desejo. Não espere de mim a condescendência supreendentemente irrestrita do mundo. Percorra os caminhos intrincados que lhe indico com sabedoria, em minha condição de único guia plenamente preparado, e chegando ao fim da trilha, surpreenda-se ao perceber a lógica simples, quase tola, de cada passo.
Não é com pesar que me despeço, não o pesar que você supõe. Sinto é pela incapacidade sua de fazer diferente, de fazer diferença. Se você não pode me mudar, contudo, por que me deixar atingir pela impossibilidade de mudar você? Deito-me consolado, durmo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

dia do professor

Texto que é uma bela homenagem a esse profissional tão importante e injustiçado.



quinta-feira, 11 de outubro de 2007

oct 11th

lábios projetados

Lábios projetados convidam para o que não há recusa. Em sua posição privilegiada encontra-se também a promessa de um prazer imediato. À língua são necessários maiores e estonteantes malabarismos para umedecê-los. Não se acompanha tal frenética dança somente com os olhos. Tocar lábios protuberantes encerra o risco de envolver-se neles eternamente, seus beijos grandes sugam a essência sem jamais exaurir, cai mais uma vítima de irrevogável lei da natureza que beneficia o mais capaz, o mais bem equipado, e a presa não contesta a disposição, mas antes a endossa. Boca tão farta e ainda exige mais: a carne destes lábios pequeninos já não mais me pertence.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

edward hooper


Nighthawks




New York Movie

mansão e quebrada

Olá a todos. Sou uma celebridade. Tenho uma ONG, mas quase ninguém sabe. Acima de tudo, forneço entretenimento gratuito à nossa população. Por conta disso, sou extremamente capacitado a escrever umas linhas bem mal escritas num dos jornais de maior circulação do país esbravejando indignado com uma injustiça que me ocorreu - outras pessoas escreveriam em blogs, mas para mim isso é pouco. A essa altura duvido que alguém não saiba do que me aconteceu de tão grave, dado o meu status de pessoa pública, mas repito mesmo assim: eu senti na pele a violência desse país. Fui assaltado, levaram meu relógio, podiam ter tirado a minha vida, a vida de uma celebridade, o povo me choraria nas ruas, o Jornal Nacional e outros veículos de comunicação exaltariam meu legado, deixariam claro quanta falta eu faria ao povo, a meus amigos. Registrariam o luto de minha família célebre, meus anjinhos, abalada para sempre pela maior das tragédias. Só digo uma coisa: algo precisa ser feito. O Brasil, do jeito que está, não dá.



É nóis. Sou da favela. Ergo-me como a voz de uma periferia massacrada, oprimida por quem mais deveria cuidar dela. Dar casa decente, escola boa, emprego e tal. Mas não cuida. Aí a gente tem de lutar. Primeiro a gente tem de aprender a dizer que tem orgulho que é da periferia, usar tipo um símbolo para deixar claro. A patente, deixa que eu registro. Porque a gente não está só confinado nos bairros distantes em que o sistema nos fez morar. A gente sai, trabalha longe, vê o mundo também. É atravessar a ponte e chegar aos lugares onde as pessoas vivem bem, têm as coisas que querem porque têm como comprar. Só que a gente quer isso também. Às vezes é complicado arrumar dinheiro para se manter apenas, mas só isso não basta. Eu acho que, para conseguir isso que o rico tem tão fácil, qualquer coisa é justificada. Até tirar a força de quem tem sobrando. Está sobrando, mesmo. É um negócio em que todos saem ganhando. Aponto a arma na cara do riquinho ali, ele me dá o que eu quero. Ele continua vivo e o mano arranja alguma coisa legal que pode ficar para ele ou virar dinheiro para outra coisa mais bacana. Talvez até dinheiro para financiar mais roubos. O que não importa, afinal; o riquinho vai sempre ter sobrando. Ah, e como eu sou controverso, sou polêmico, a voz da favela, apareço no jornal defendendo essas idéias.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

eu suplico!

Por obséquio, entidade superior encarregada de minha pessoa, faça-me ignorar o deplorável pão e circo movido a dinheiro imundo que vem a ser o futebol. Por mais que a lógica não se aplique aos jogos da modalidade, é inconcebível um time como o São Paulo sofrer derrotas consecutivas para duas equipes indiscutivelmente inferiores e desmoralizadas na atual competição. Somente uma armação explica o nonsense.


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sábado, 6 de outubro de 2007

jogos mortais, ou a busca por michael emerson

Alguns grandes atores integram o elenco de Lost. Freqüentemente encabeçando a lista de melhores está Michael Emerson, que interpreta Ben, o manipulador líder dos Outros. O excelente trabalho de Emerson no seriado incentiva o fã a procurá-lo em outros papéis. O ator, contudo, foca-se mais em teatro; aparições suas em cinema e televisão são raras. Uma delas é o primeiro filme da bem-sucedida série de terror Jogos Mortais, cujo quarto volume encontra-se em vias de ser lançado. Este revisor, pouco chegado a filmes do gênero, ainda não havia podido dar seu veredicto à fita em questão. Com o incentivo da presença de um grande ator no elenco, chegara o momento de dar uma chance à cinessérie.
Ao término do filme, entretanto, duas constatações decepcionantes. A primeira é de que Michael Emerson possui muito pouco tempo de tela, triste conhecer seu talento e vê-lo assim desperdiçado. A outra é mais geral: Jogos Mortais está longe de ser considerado bom.
Na trama, dois homens despertam acorrentados em um banheiro imundo, sem a menor idéia de como foram parar ali. Há também um cadáver no chão, uma arma na mão e a cabeça ensangüentada Aparentemente, os dois são vítimas de um jogo no qual o prêmio é manter-se vivo e dar mais valor a esse fato, mesmo que a morte de um deles se apresente como necessária à sobrevivência do outro. A pessoa por trás desse sadismo se comunica com os "jogadores" através de gravações e bilhetes misteriosos e é conhecida da polícia pela alcunha de Jigsaw.
A premissa não é ruim, mas o resultado não convence. Há momentos interessantes aqui e ali, mas no geral vê-se a tentativa do diretor James Wan em compensar evidentes falhas na execução do filme - cenas mal trabalhadas, atuações fracas, Emerson subaproveitado - com recursos controversos, como edição ultrarrápida à videoclipe, closes cirúrgicos em corpos mutilados e o pior: a reviravolta que conduz o filme à inevitável seqüência e parece querer dizer ao espectador, "veja o que guardamos na manga, como somos espertos". Os mais incautos podem até se deixar levar por essa conversa, mas para o espectador esperto tal artifício falha miseravelmente. Depois do festival de desacertos, o desfecho soa forçado demais.
Michael Emerson não retorna em outros volumes de Jogos Mortais, o que é mais um motivo para dar adeus à fraca série. Repassarei sua cinebiografia a fim de conferir mais de seu bom trabalho. E fevereiro de 2008, data da estréia da quarta temporada de Lost, custa muito a chegar.

parêntese

Estou relendo Cem Anos de Solidão.
Me pergunto o que esperar das releituras cinematráficas de O Amor nos Tempos do Cólera, do mesmo Garcia Márquez, e Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago. O grande "charme" das obras desses autores é a narrativa ímpar de cada um. Imagino que, por melhores que os filmes se revelem enquanto filmes e nada além, estarão fadados ao rótulo de obras menores, em relação aos livros que os inspiraram.


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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Um dia minha respiração parou durante o sono e jamais encontrei reconforto sobre esta terra. Despertei para uma existência sem sonhos, incapaz de precisar quando o pesadelo havia começado. Ratos e outras criaturas indesejáveis vinham até mim, perseguiam-me emitindo os mesmos ruídos sem descanso; as palavras de desdém que eu lançava não os repeliam, para tanto, teria sido necessário lançar um sortilégio não totalmente esquecido, mas cuja execução jamais pude levar a termo. Meu olfato identificava cada vez mais e melhor o podre, nem a mim mesmo digo o porquê. Minha voz, irremediavelmente cansada, sofria vitimada por uma pressão, um esforço que jamais lhe tinha sido exercido, que mais havia se acumulado ali como a poeira e a fuligem que tomam o telhado de uma bela casa, all that junk in the attic had never bothered me before. A busca de certas traduções não possui significado. Nunca estive tão perto da morte; permaneci vivo assim por décadas.

recall

Acabei de receber...este blog também é prestação de serviço, por que não?
A ASSOCIAÇÃO DOS CAMELÔS DA 25 DE MARÇO CONVOCA TODOS OS PROPRIETÁRIOS DAS CAMISETAS DO CORINTHIANS EM QUE CONSTA A ESTRELA DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2005, PARA SUBSTITUIÇÃO POR UMA COMPLETAMENTE ATUALIZADA (sem a estrela grafada) PARA QUE NINGUÉM SE SINTA PREJUDICADO!!!

A ASSOCIAÇÃO ESTARÁ SERVINDO, DURANTE ESSE RECALL, UM CHURRASCO GREGO E UM SUCO GRÁTIS!!

ESSA OPERAÇÃO (RECALL) SÓ FOI POSSÍVEL GRAÇAS À PRONTA INTERVENÇÃO DO SR. ALBERTO DUALIB, SEM A QUAL NÃO TERIA SIDO VIÁVEL.


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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

informe do blog: marcadores

Estreando aqui os marcadores, também conhecidos como tags...espero que gostem. Tive a idéia de usá-los pela primeira vez há quase um ano; na ocasião, listei uma certa quantidade de temas sob os quais achei que poderia classificar meus posts. Conste que essa lista original possui 23 entradas... mas ainda não estou certo se usarei todas. Devo adicionar algumas novas também.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

concerto - 07/10


Da infinda série "antes que eu me esqueça". Estou de coralista convidado, por assim dizer. O trabalho da regente é ótimo e a missa que faremos, muito bonita.

domingo, 30 de setembro de 2007

mônica salmaso


Sim! Mônica Salmaso no Municipal! Perdi uma temporada inteira de shows dela mas esta chance eu agarrei. E nossa, como valeu a pena. A voz dela é exatamente aquela dos CDs: Mônica tem um dos timbres mais lindos da MPB. E ela é uma simpatia no palco: leva na esportiva as derrapadas do pessoal da iluminação, conta pequenos e divertidos "causos", agradece o carinho da presença de todos...Os músicos que a acompanham - Toninho Ferraguti no acordeon e Teco Cardoso alternando sax e flauta - são fantásticos e até ganham seus momentos de "estrelas" do show. Apenas ao final surge um grande problema: o concerto é curto demais! A vontade que dá é de ouvir Mônica por horas e horas, mas só resta aplaudir de pé e bem forte depois do bis. Um final de tarde maravilhoso.


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terça-feira, 25 de setembro de 2007

vertigem

Mais que o temor da queda, o real assombro é experimentar outra força trazendo-me abaixo, além da gravidade: uma estranha vontade de querer cair, ver o chão cada vez mais próximo, ouvir a própria voz descontrolada, sentir-me deslocando o ar que se torna único freio ao irresistível movimento.


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sábado, 22 de setembro de 2007

dia mundial sem carro (?)

Aqui, na metrópole repleta de ruas e onde muitos dos que dependem de transporte público sonham com o dia de se livrar do mesmo, a campanha massiva para hoje não adiantou; as pessoas não deixaram os carros nas respectivas garagens. Esta é, ao menos, a percepção deste blogueiro ao retornar de seu compromisso matinal: atravessei a cidade, vi limusine, carro esportivo e até peguei trânsito em local costumeiro. E o paulistano médio não pode sequer pensar em ficar sem seu carrinho nem um único dia.




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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

verbo

Não sou gramatiqueiro, mas gosto de verbos. É coisa tão flexível, umas letras a mais, ou a menos, e muda não apenas a palavra, mas quando e como ela se usa, de quem ou quantos quero falar. Verbo se conjuga, é tão interessante. Não é como se observa ao estudar línguas em que palavras como substantivos e adjetivos apresentam casos, como o morto latim e o complicado alemão - onde estava com a cabeça? - mas a palavra em si é a mesma, não se altera em significado ou idéia, o que se fez foi alterar sua função gramatical. Verbo não tem isso: eu sou, ele é, outros são, e se somos todos nós incluí-me onde há pouco não estava. A todo momento, pessoas fazem, estão fazendo, mas sem abusos, por favor. E também estamos sempre a ouvir do que outros fizeram, faziam mas hoje não mais, ou mesmo tinham feito antes de outros ditos. E os grandes e pequenos planos que se realizarão, ou vão dar certo se deus quiser; eu confessaria a você aquele desejozinho que queria ver concretizado se a lembrança não me fizesse mal. Melhor pensar nas tarefas diárias que devo cumprir. Mas então é curioso. Não dou ordens a mim mesmo, peça você, ordenem vocês, mandemos nós que assim não contradigo a regra. Tanto pode ser dito, tantos outros além destes, mas que vontade de usar todos os tempos ao tempo que se pede e pode.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

19/09

O tempo está seco. Parece que, todos os dias, alguém queima alguma coisa aqui nas redondezas. Olho em volta e em alguma direção sempre vejo fumaça; sempre que saio, retorno com as roupas mal cheirosas, trazendo poluição de fora, que se une à poluição próxima, assim como se carregam e se mesclam os grãos de plantas, só que a união de gases não traz vida nova ao mundo, mas antes subtrai o tempo das que já existem. À noite, quando escovo os dentes, é como se algo se abrisse no interior de meu sistema olfativo e sinto o ar carregado como nunca, uma sujeira invisível da qual parece não haver escapatória. Penso que a casa concentra a fumaça de hoje, a de dias anteriores e mesmo a de invernos fechados; por mais que se abram portam e janelas, uma casa tem que ser assim fechada, e muito do que entra acaba concentrado aqui. Aprisionado, e aprisionando também.
Se a fumaça é eterna, reclamo dela para sempre também.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

o quanto antes!

Aqui nas imediações, à noite: uma família andando na rua, papai falando.

"Olha, meu filho, olha como o papai anda, que nem homem..."

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

missa em si menor - bach

Há anos eu não ia à Sala São Paulo...praticamente esqueci como era estar lá: a arquitetura, o ar de "primeiro mundo" - para o bem e para o mal - o som cristalino da orquestra, e do coro, quando este se fazia presente.
Voltei para lá no sábado. E foi quando me apaixonei.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

(...)

O blog contaminou o que teriam sido páginas de diário. Talvez para sempre.

Tenho essa necessidade de me entregar. Todos a possuem, na verdade, por melhor ou pior que lidem com ela. Não arrisco dizer como o faço hoje.
Não é possível sair e se entregar livre e facilmente a cada um, não a quem primeiro aparecer, não é são, não é saudável. Sei disso. Mas por vezes isso não basta para me manter mais tranqüilo. Sonho, imagino, uma total entrega, um confiar plenamente, a alguém sem rosto, o que é bom e mau. Bom por não haver o eventual risco de repetir as tolices do passado, aquelas cujo simples nome dói pensar sobre. Mau porque...ora, quem é você mesmo? Onde está que não me aparece? E assim se vive sem paixão. Então chegam aqueles dias em que me toma a vontade louca de dar nome, rosto e corpo a esse meu desejo, você que me é tão familiar, você com quem tenho essa proximidade, a você eu me daria, e faria sentir da mesma forma que eu. Tenho essa impressão de que funcionaríamos bem juntos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

máquina

Sou uma máquina rangente. Executo aquilo para que fui projetada. Não conheço causa nem avalio conseqüência. Não existo para discutir diretrizes. Apenas faço. O único som que produzo é o relativo a meu trabalho. Não são como as palavras articuladas que às vezes ouço, capazes de transmitir o concreto e o abstrato, e que agora busco reproduzir de forma rudimentar, visto que tal faculdade está distante de minha verdadeira função como máquina. Não. Meu rangido é simplesmente o som do trabalho, o som necessário. Não me acomete felicidade de medida alguma se sou manuseada com cuidado e eficiência. Da mesma forma, saber que sou utilizada incorretamente não é motivo de desapontamento ou frustração. Tudo é trabalho. Sou uma máquina. Apenas faço. Até o momento de ser substituída.

do que se passa em minha cabeça durante viagens

Sigo adiante...movo-me a grande velocidade, deslocando com minha passagem uma coluna de ar. Estendo a mão para sentir esse vento entre meus dedos...
Um dia, estarei morto, e não terei mais dedos para experimentar essa percepção; sequer terei percepção de coisa alguma.
sempre um não-sei-o-quê quando me lembro da morte. Morte de pessoas próximas. Mortes em família. A minha própria. Um dia, saberei a resposta para o grande enigma que envolve o "pós-vida" e não será possível comunicar essa informação a ninuém que eu tenha conhecido e ainda não esteja onde estou. Estar morto pode ser como um sono profundo do qual não se acordará, se pensarmos que há algo de nós além de nosso próprio corpo, algo que jamais se desfaça. Seria, então, como num sonho? Eu saberia estar sonhando, como normalmente me acontece? Sonhos que jamais se interrompem.
Ou ainda, tudo o que somos simplesmente se dissipe muito mais rápido que a matéria. Digamos, instantaneamente, a consciência desapareça. Que pensamento! Como é simplesmente não ser mais? Sei existir, isto é tão fácil, o oposto é simplesmente assustador.
Então percebo: não é realmente a morte que me assusta, mas a interrupção brusca da vida. O descanso eterno após uma vida repleta de realizações não vai mal...deve haver um momento na vida, se bem vivida, em que se diz, não há mais nada por aui, melhor fechar. Mas e o jovem que mal iniciou seus passos? E o não tão jovem ainda perdido em meio a possiblidades de que ainda nem se deu conta, envolto em dúvidas decorrentes de erros anteriores? É perder-se para sempre ou seguir um rumo.
Este não seja o momento de pensar na morte. Deixar para quando ela estiver próxima...e quando isso acontecer, já não haverá muito mais sobre o que pensar. Estendo a mão para sentir o vento entre meus dedos...e ainda há tanto por sentir.

solitary

Dizem que, se você ficar bem quieto, consegue ouvir coisas que ninguém mais pode. Vozes que falam direta e unicamente a você.



sexta-feira, 31 de agosto de 2007

tocqueville

...e o mundo que não queremos.

"Vejo uma multidão inenarrável de homens, iguais e semelhantes, que giram sem descanso sobre si mesmos com o único fim de satisfazer os pequenos e vulgares prazeres com que enchem suas almas. Cada um deles vive à parte, alheio ao destino de todos os demais. Seus filhos e seus amigos constituem para ele a espécie humana. Enquanto concidadãos, está junto deles sem vê-los; toca-os sem o sentir; só existe em si e para si mesmo. Se lhe resta uma família, pode-se dizer que já não lhe resta uma pátria. Acima de todos eles eleva-se um poder imenso e tutelar que se encarrega, sozinho, de garantir seus prazeres e de velar por eles. Este poder é absoluto, minucioso, regular, previdente e apacível. Pareceria um poder paternal se, como este, tivesse por objetivo preparar os homens para a idade viril; ao contrário, porém, busca apenas fixá-los irrevogavelmente na infância. Não lhe desgosta que os cidadãos gozem, sempre e quando só pensem em gozar. Trabalha com gosto para fazê-los felizes, mas quer ser o único agente, o único árbitro. Supre sua segurança, provê suas necessidades, facilita seus gozos, gestiona seus assuntos importantes, dirige sua indústria, regula suas sucessões, divide sua herança. Ah, se pudesse livrá-los inteiramente do incômodo de pensar e da dor de viver!"

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

sabores americanos

Se quiséssemos listar, como exercício, as contribuições mais relevantes de cada civilização majoritária de nossa história ao mundo tal como o percebemos, e encontrássemos dificuldade em definir o legado cultural dos Estados Unidos - talvez o último grande império -, uma boa resposta seria fornecida pela estigmatizada imagem que temos do norte-americano médio, aquele um tanto obeso, estirado no sofá diante de sua televisão grande, empanturrando-se com bebidas e petiscos dos mais calóricos já imaginados.
Olhos fixos nessa imagem, atentaríamos às citadas guloseimas, possivelmente devido à lembrança de seu aroma: todas essas comidas que os americanos criaram, ou popularizaram, tão conhecidas e, mesmo que seu consumo regular não seja recomendável para uma alimentação saudável, devoradas mundo afora.
Refrigerantes, sorvetes, batatas chips, cachorros-quentes. Alimentos cujas histórias podem ser conferidas no programa Sabores Americanos, atração das noites de quarta-feira (21:00) no History Channel. Depoimentos de profissionais da indústria alimentícia e estudiosos, acrescidos da apresentação de uma cronologia com os fatos mais relevantes relativos à produção e à venda de cada produto (um por semana), tornam o programa um registro curioso sobre algo que os americanos definitivamente ensinaram o mundo a fazer como nenhum povo antes: consumir coisas não necessárias pelo mais puro prazer.

Então, logo a seguir, assiste-se ao Álbuns Clássicos, com os melhores trabalhos de Queen, Pink Floyd, The Who, Elton John, e pode-se pensar que a principal contribuição da Inglaterra ao mundo foi a música popular de grande qualidade. Mas isso é outro capítulo de história.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

(anexo)

Meus olhos estão abertos para as trevas que os rodeiam. Todos estão em seus lugares.

"Everything under the sun is in tune
but (...)"

ondas da vida

As máquinas rangentes escavaram e encontraram algo com que não podiam lidar. Era bruto e secreto, indissociável e insondável. Aquela energia não serviria para mover qualquer engrenagem, mas o que está sob sua ação opera em moto-contínuo. É misterioso e tão elementar: a pergunta a qual estamos habituados não haver resposta. Todo este horizonte e jamais abandonamos a superfície, que acontece quando se atinge um orgasmo.


O mundo é uma loucura, mas deixar-se levar unicamente por ele, ou antes por aquilo que se convencionou ser ele, não serve como base para uma total compreensão, não daquilo que existe para compreender, ou confundir de fato. O que vejo com os olhos que me foram dados é a realidade, mas, se vejo as coisas sob quaisquer estados alterados, apresentam-se outras realidades, outras percepções, inteligíveis ou não, fonte de soberba ou não, possíveis de se viver com ou. O mundo é louco; vã, porém, é sua loucura. O mais certo é atingir uma certa para-insanidade.


Agora ainda, temi as palavras que escrevi, as palavras que já escrevo; temi por me tirarem minutos de sono; temi a hesitação em dizê-las; temi o medo de perdê-las. Estranhamente, temi também o que elas significassem a mim ou quem quer que fosse, interpretações desviadas ou iluminadas me assustavam igual. Temi também o caminho de treva que tive de percorrer para anunciar tais palavras; como criança, tive irracional medo do escuro, eu o (ir)racionalizei dizendo a mim mesmo que as trevas atacariam a fim de calar-me, eu tão pequeno e, sem o saber, poderia estar a versar sobre a natureza das trevas, do nada, para onde tal conhecimento me levaria, mais respostas, mais temores, mais delícias, mais nada. Deixem-me.

domingo, 26 de agosto de 2007

urso polar

Grande. Forte. Imponente. Fascinante. O urso polar, nobre habitante dos recônditos mais setentrionais e inóspitos do planeta, é tudo isso. O pêlo espesso, claro como o gelo em seu habitat natural, o torna dos mais belos animais ainda vivos sobre a terra. Por quanto tempo, porém, ainda não se sabe: as mudanças climáticas ocorrendo globalmente têm reduzido a superfície de mares congelados onde os ursos buscam alimento - focas, principalmente. Nas terras quentes, temos Knut, o ursinho-celebridade (foto acima, de meses atrás), que se mudou recentemente do zoológico onde nasceu; ao mesmo tempo, o mundo dos ursos selvagens está ficando menor, talvez de maneira incontornável, certamente mais rápido que um próximo salto evolutivo. Triste para todos nós que um animal desse porte se mostre tão vulnerável e se converta num símbolo sobre o que há de mais errado no mundo.
Mas a intenção aqui não é deprimir, e sim homenagear esse bicho, que felizmente ainda está entre nós, permitindo o de novas imagens lindas, lindas. Tentem descobrir qual delas estou usando como papel de parede - adianto que é a mais inusitada e menos fofa.

flashback

Queria fechar os olhos e enxergar para trás, no tempo, ver a vida tal como era no passado: as árvores que deram lugar a essas torres artificiais; as pequenas construções, simples como o outrora; ouvir a água fresca correr livre e senhora dessa profusão de criaturas: não sei qual a mais espantosa. Queria vislumbrar por um instante o não mais.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

o terceiro do ciclo

Queria estancar este sangue, mas as mesmas feridas tornam a reabrir quase espontaneamente. E essa dor.

trágica

Não posso com o peso do mundo, pobres de meus braços e costas. Convocam-me para um, dez, doze, inúmeros trabalhos, não dou conta de executá-los, logro êxito em uns poucos deles pois a fortuna não me abandona de todo, embora por vezes eu o desejasse. Encontro-me aprisionado em estranho local de onde jamais encontro a saída, tamanha dificuldade, já segui por este caminho antes. Agora uma criatura diante de mim, dentes como serra, cabelos longos e ondulantes, a língua cor de coisa morta. Mal posso fitar-lhe os terríveis olhos. Parece que posso vencê-la, ao que ela se transformará no mais ostentoso troféu, meu mais alto vôo. Mas estou paralisado, nada posso fazer. Todo dia, sinto me arrancarem parte importante do corpo, mas momentos após a terrível dor sinto um alívio imenso, penso que jamais terei de passar por aquilo novamente, mas o membro extirpado regenera e o ciclo se renova.


A minha história, não sei como termina.

bestial

Em minha alma está contida toda a raiva capaz de sentir somente quem não tem alegrias em vida. O que me rodeia é objeto de ódio, pois esse é o único sentimento que conheço. Sou constantemente atormentado pela angústia de quem espera e espera não se sabe o quê. Meus olhos nada enxergam com definição. É como se todo o mundo exterior estivesse como me sinto por dentro, distorcido, um ser outrora humano, um mero rabisco. E, mais que tudo, eu abomino minha ausência de forma.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

crianças trabalhando

Ontem saí de ônibus e no meu trajeto deparei com três crianças, uma na ida e duas na volta, vendendo doces no interior do coletivo. Assim, como um adulto faria, estendendo uma mercadoria à mão de cada passageiro e anunciando seu preço. Só faltou mesmo o tradicional discurso, "desculpe estar incomodando a viagem de vocês", e coisa e tal.
Não são as primeiras nem as últimas crianças a serem obrigadas a trabalhar, mas nunca antes a exploração infantil me deixou tão indignado. Devo ter me imaginado no lugar delas, perdendo meus primeiros anos queridos. Por pouco não disse à primeira garotinha que ela não deveria estar fazendo tal coisa. À ocasião, eu até aceitaria um daqueles pacotinhos de balas, mas me recusei a comprar, com a convicção de que não ajudaria a manter aquela injustiça.
Minha infância foi muito feliz; em minha época, inclusive, custei a aceitar que ela estivesse chegando ao fim, mas isto é outra história. Se fui tão feliz em minha meninice, era principalmente porque gozava de total liberdade para ser uma criança de verdade: sonhadora, despreocupada, curiosa, alegre. Poupado de maiores compromissos ou atribulações. Sim, pois estes cabem à vida adulta. E tirar de uma criança o que ela possui de mais autêntico é desnecessário ato de apressar o curso da vida, além de crime dos mais absurdos. Sem dúvida, há no mínimo um adulto por trás de cada inocente pequeno vendedor de rua, pedinte, o que for. No mínimo um contraventor. Tratar-se de alguém da família, então, só piora as coisas.
A infância não pode ser perdida em nome de mais alguns trocados para ajudar a sustentar a casa. Pais, arranjem-se de outra maneira, pois esse é seu papel: preservar, física e moralmente, seus pequenos. O que tiver de ser aprendido sobre a dureza da vida, o será em seu devido tempo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

campo minado...o filme

Adaptações de videogames para o cinema estão com tudo!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

que teima

Será que consigo viver bem num mundo tão poluído? Daqui de onde mal se percebe a luz solar nem se enxerga o céu?
Existe amor? É possível viver do belo?
Nada nos resta senão o "dançar conforme a música"? Qual o grande risco em compor nossa própria?
A todos, não resta que a mediocridade? Cada um de nós tão único - tantos ignorantes de sua individualidade - e o único jeito é buscar o igual?

domingo, 12 de agosto de 2007

uma estréia

Antes que eu esqueça novamente...olha o cartaz das apresentações do meu novo coral! Mais Mozart na minha vida! Concertos em São Paulo e Campinas...quem vai? :)

aquele em que o domingo começou cedo

O domingo começou muito, muito cedo...Às cinco e meia nem havia sol. Provinha às oito. Vendo pelo lado bom: breve pode ser que eu tenha salário. O sono desaparece durante e logo após o calor do momento e deve voltar com tudo em alum momento do dia.
O abraço de dia dos pais só veio depois do exame, o qual simplesmente deixei lá na lonjura da Vila Maria. Não penso nele tão cedo. Quanto ao presente, não teve mesmo. Sou pobre e anti-capitalista. Às vezes, me sinto no lucro pelo simples fato de ser amado por um pai...
Aí eu estava passando pela Marginal a caminho de casa e deu Marisa Monte cantando Bem Que Se Quis na rádio...e eu achei impressionante como a minha mente pôde voar tão longe numa hora tão adiantada, após uma noite tão atípica. Eu lembrei que Marisa estava fazendo shows ali pertinho, no Tom Brasil Nações Unidas, e que estou com muita vontade de assistir...será que con$igo? Pensei também que a música pouco tinha a ver com o que a cantora está gravando nos últimos tempos, que consiste num repertório mais identificado com a assim chamada MPB. Bem Que Se Quis, ao contrário, é mais uma cançãozona americana, dá até para imaginar uma daquelas negras de voz fantástica cantando o original em inglês - que nunca ouvi, por sinal. De volta ao Brasil, Bem Que Se Quis pode não ter muito a ver com a Marisa Monte de hoje, mas creio que seja impossível imaginar a música fora de um show seu; afinal de contas, foi o primeiro grande hit...trilha sonora da novela Salvador da Pátria...o que a coloca como sucesso de 88, 89...quase vinte anos! Marisa Monte tem uns vinte anos de carreira...e eu me lembro da música que a projetou nacionalmente. Somos dois velhos hoje, ela ainda canta, e muito bem, eu também tenho uma voz, embora sem a excelência e o sucesso da outra. A temporada no Tom Brasil vai até começo de setembro, eis uma boa chance para mim. Até lá, não sei se ainda terei um dinheiro meu, mas deve haver um jeito de eu chegar a esse show. Será possível pagar o ingresso parcelado?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

sommer (?)



Da galeria de imagens do meu micro para o blog. Queria saber mais a respeito da imagem. Alguém?
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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

special

It's weird when you feel you're special and know exactly why but you have no idea how to show it.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

primeiro de agosto

Enfim, após o que foram os dias e noites mais gelados de que já me recordo em minha curta existência, o tempo voltou a esquentar, com a possibilidade de firmar-se novamente o calor. Até fui capaz de tirar as blusas e usar apenas camiseta: aconteceu hoje por volta das quatro da tarde e ainda é possível assim permanecer, ao menos até a inevitável queda de temperatura decorrente do desaparecimento do sol permitir.
Foi-se o tempo em que eu adorava tempo frio. O que havia em minha cabeça à época, não sei dizer.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

a escotilha foi reaberta


Deve fazer pouco mais de uma hora que assisti ao final da terceira temporada de Lost. É, não deu pra esperar pela AXN, não. Tinha companhia e os últimos episódios - na verdade, um episódio duplo - baixados da net e mandei ver. Atrasei janta, banho (nesse frio!), enfim, parei tudo, como já tem sido costume para Lost, como nunca antes havia acontecido para nada na televisão. E...
Olha, não gosto de spoilers, evito todos sempre e a todo custo; seguindo esta lógica, não vou soltar nenhum aqui.
O que posso dizer é que não faltam emoção e tensão, como cabe à série. Estoura o grande confronto entre os sobreviventes e os Outros, pessoas inevitavelmente morrem, e no final...os escritores conseguiram. Conseguiram "abrir uma escotilha novamente". Falo assim porque, como ao final da primeira temporada, estamos diante de uma situação sobre a qual é praticamente impossível adivinhar e acertar na mosca sobre o que virá a seguir. No último episódio da temporada anterior, claro, bastante coisa ficou em aberto, mas era evidente que os até então bastante misteriosos Outros mostrariam mais as caras, e os dentes. Mas agora, hoje, ao pensar na série, só consigo pensar: o quê?
Lost até agora:
1a. temporada - adaptação à ilha
2a. temporada - a escotilha
3a. temporada - os Outros
4a. temporada - um enorme ponto de interrogação
A série está totalmente em aberto. A sensação é de que se parte para um novo começo. Num primeiro instante, as questões e conjecturas sobre os personagens e a ilha parecem não fazer mais tanto sentido. E falta muito, muito mesmo, para um novo episódio aparecer - fevereiro de 2008, nos EUA - e nos arrastar de volta àquele mundo que às vezes dá vontade de xingar, mas do qual nós, fãs fanáticos, não podemos mais deixar de ficar sem, não até o final definitivo, daqui a três anos. Final que não faço a menor idéia de como será. E isso faz parte do encanto, do arrebatamento da série.

***

É a quarta vez que cito Lost diretamente neste blog. ;)

terça-feira, 24 de julho de 2007

ratatouille


É preciso ser meio ranheta para não gostar dos trabalhos da Disney/Pixar. Tecnicamente, a qualidade das animações melhora a cada filme; parece não haver limites para o aprimoramento de cenários, movimentação de personagens e outros detalhes que os olhos do espectador embasbacado podem captar. E as histórias, via de regra, têm bom apelo sobre o público em geral, sem parecer muito bobas aos adultos que levam suas crianças ao cinema, ou os que vão por sua própria conta. Ratatouille é ótimo exemplo. E digo mais: a história do ratinho cozinheiro está a par com as melhores produções da casa, como Toy Story, Procurando Nemo e Os Incríveis.
O protagonista Remy - não, seu nome não é Ratatouille, o título se explica mais para o final do filme - possui paladar muito mais apurado que o dos outros ratos, que logo o consideram "fresco" por se recusar a comer qualquer coisa, como eles. Um dia, ao entrar numa casa à procura de comida boa, conhece a história do renomado chef Auguste Gusteau (nome espetacular!), conhecido não somente por sua boa cozinha, mas também pela sua teoria de que "qualquer um pode cozinhar". Remy decide se tornar ele mesmo um cozinheiro, também.
Gusteau, porém, tem a carreira destruída pelo implacável crítico Anton Ego, opositor declarado de suas idéias, e morre pouco tempo depois. Seu fantasma (?) acompanha Remy numa jornada até Paris, onde está seu antigo restaurante. Mas como um rato pode ser bem-sucedido numa cozinha, ainda por cima de restaurante? Escondido, é claro, mais precisamente sob o chapéu do mais novo contratado do Gusteau's, o atrapalhado Linguini. Essa dupla tem a chance de fazer o restaurante voltar aos seus saudosos brilhantes dias.
Se compararmos a sessão de cinema de Ratatouille com o pedido de um fino restaurante, podemos dizer que o delicioso prato principal inclui dois ótimos acompanhamentos: como entrada, o ótimo Quase Abduzidos, o tradicional curta-metragem da vez, e um pequeno aperitivo, o trailer de Wall-E, a ser lançado em 2008 e que tem tudo para ser o filme mais sombrio lançado pela Disney, com ou sem Pixar.
Em tempo: em vez do pôster que tradicionalmente acompanha meus posts de cinema, temos acima uma cena do filme. É que a Paris de Ratatouille é mesmo encantadora e merecia ter uma imagem estampada por aqui.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

o fim de acm

Eu não gostava de Antônio Carlos Magalhães. Assim como a maioria das pessoas dotadas de algum bom senso em relação ao que acontece nesta terra.
Ele era um dos mais notáveis exemplos sobre o que há de pior na política brasileira. Apoiou e tomou parte de quase todo governo brasileiro desde a ditadura militar - só com Lula as coisas não deram muito certo. Era médico de formação, mas foi ministro das Comunicações e presidente da Telebrás, dominando esse estratégico setor à sua maneira e de seus aliados.
E ainda posava como grande pai do povo baiano, quando sempre foi evidente a única causa que respaldava: manter a influência de seu grupo político, cujo principal expoente era ele próprio.
Agora, está morto. Pensamentos como "já vai tarde" e sobre vasos ruins escapam, ainda que sem querer, pois morte e o conseqüente pesar que se abate sobre familiares e amigos da vítima não são coisas que se desejem, assim aprendemos. Porque é bom recordar que, fosse quem fosse, o falecido era humano e tinha seus sentimentos. Suas idas e vindas a hospitais nos últimos tempos indicam que ACM sofreu e sofreu até receber o mais definitivo dos remédios.
Eis o que é sua morte. Ela não significa trajetória interrompida, como a de seu filho, nove anos atrás. O que ACM fez está feito, bem ou mal, dependendo da perspectiva. Querer-lhe o fim da vida como grande castigo, revanche, não era apenas condenável segundo várias correntes de pensamento, mas também completamente inútil. Seu modo de fazer política resistirá, ainda que seus seguidores não mais o tenham como exemplo vivo. E, mais importante, as conseqüências de um dia ter havido ACM custarão a morrer. O povo baiano chorará sua partida em cortejo público e ao tempo de luto que se seguirá. Por muito tempo lembrarão o grande herói que fazia tudo por sua terra amada e se comovia com as demonstrações de afeto rendidas por seus "filhos". E pouco importa se o meu, o seu esclarecimento martele em nossas cabeças o quanto isso era falso, que em boa parte do país, especialmente a mais sofrida, o controle de difusoras de rádio e televisão e o poder político tenham o mesmo dono.
E pouco importa se também nos cansamos de ouvir as mesmas bocas bradando por princípios éticos e democráticos quando estes lhe convinham: as mesmas que se calavam diante das atrocidades cometidas durante as épocas mais escuras de nossa história, talvez cheias após terem se fartado com os ganhos de um modo de governar que pode ter selado para sempre miséria para uma parcela considerável de brasileiros.
ACM vai descansar depois de um longo período de labuta, como alguém honrado. E nós continuamos por aqui, lutando sob o legado dele e de tantos outros para nosso amado país.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

downtown

Música bastante conhecida na voz de Petula Clark. Está aqui porque estou cada vez mais perdido em Lost...e porque eu agora conheça uma Downtown para mim.
When you're alone, and life is making you lonely
You can always go
Downtown

When you've got worries, all the noise and hurry
Seems to help, I know
Downtown

Just listen to the music of the traffic in the city,
Linger on the sidewalk where the neon signs are pretty
How can you lose? The lights are much brighter there...
You can forget all your troubles; forget all your cares, and go
Downtown -- things will be great when you're
Downtown -- you'll find a place for sure
Downtown -- everything's waiting for you

Downtown .... Downtown...

Don't hang around, and let your problems surround you,
There are movie shows
Downtown
Maybe you know some little places to go to
Where they never close
Downtown
Just listen to the rhythm of a gentle Bossa Nova
You'll be dancing with 'em too before the night is over,
Happy again...
The lights are much brighter there,
You can forget all your troubles; forget all your cares, and go
Downtown -- where all the lights are bright
Downtown -- waiting for you tonight
Downtown -- you're gonna be all right now...

Downtown...Downtown...Downtown...

Downtown!

Downtown!

And you may find somebody kind to help and understand you;
Someone who is just like you and needs a gentle hand to
Guide them along...
So maybe I'll see you there,
We can forget all our troubles; forget all our cares, and go
Downtown -- things will be great when you're
Downtown -- don't wait a minute more
Downtown -- everything's waiting for you...


terça-feira, 17 de julho de 2007

o destinatário sabe...

Como é capaz de me dizer tanto sem pronunciar sequer uma palavra? Se busco parecer indiferente a você, minto, pois sua mensagem, somente eu a recebo dessa forma que não ouso tentar descrever. Na realidade, ela sou eu.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

verídica, infelizmente

Madrugada, poucas horas para o início do dia. Uma vizinha bate à porta de uma família muito amiga sua, em total desespero. Ele pede ajuda, ainda que em prece. Diz que sua filha, que estuda no interior, tinha sido seqüestrada. Em sua casa, estariam conversando com o seqüestrador. Tinham ouvido também a menina, aos prantos. Da casa onde agora todos estão despertos, a mãe sai, acompanhando a abalada vizinha.
Volta alguns minutos depois. Tinham conseguido falar com a garota na casa que divide com outros estudantes. Ela está bem.
Nunca houve seqüestro. Era um golpe.
Tarde da noite.

domingo, 15 de julho de 2007

aos olhos

Entre as nuvens escuras, espessas, havia como que uma pequena fenda, um fio azul em meio ao cinza, quase negro, que faltava pouco para a noite. E lá se via uma estrela.

sábado, 14 de julho de 2007

superman: entre a foice e o martelo

Nesta minissérie em três edições com o selo Túnel do Tempo, o foguete trazendo o bebê que se tornará o Homem de Aço cai na União Soviética, e o kryptoniano cresce como um herói do regime comunista. Quais as conseqüências disso para o mundo? O papel de guardião do socialismo será suficiente para aquele que, em outra realidade, teria sido o maior herói do mundo?
A mitologia do Super-Homem transposta de maneira excepcional para o contexto da Guerra Fria. Também comparecem versões de outros medalhões da DC Comics.
O gibi foi publicado em 2004, eu o adquiri à epoca do lançamento, mas só agora tive a decência de tirá-lo da pilha "a ler". Um ou outro dito popular devem garantir-me o perdão.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

credo

Às vezes, quando os típicos problemas de minha vida, aqueles que a tornam tão unicamente difícil, me assolam e por muito pouco não me deitam ao chão, prostrado, eu queria ter alguém a quem recorrer. Digamos, alguma entidade superior, a quem eu recorreria em prece e, bem, se tudo magicamente não se resolvesse, ao menos magicamente me sentiria mais tranqüilo, mais em paz, por acreditar que minhas palavrinhas teriam chamado a atenção de um deus e de seu exército de bondade e eles olhariam por mim e uma solução para o mal estaria mais próxima. Mas não pode mais ser assim: não sei mais se creio em entidades superiores a se ocuparem dos seres humanos. Seres além da compreensão, caso existam mesmo - é uma questão sobre a qual prefiro não me manifestar - teriam mais e melhor a fazer que ocupar-se do coitado e arrogante ser humano, que por montar umas pecinhas de matéria e por mudar tudo ao redor para uma vida confortável para si mesmo se julga tão inteligente. Ora, se é tão esperto assim, que aprenda a cuidar melhor de sua saúde mental, mandando às favas o pânico paralisador. O problema é seu, e não da natureza, de Alá, de Baal, ou qualquer outro equivalente. O homem precisa ter força. Eu preciso ter força. E competência.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

quarteto fantástico e surfista prateado


Nos cinemas, a Marvel decidiu: Quarteto Fantástico não é para ser levado a sério. Enquanto cinesséries como Homem-Aranha e X-Men têm apresentado equilíbrio entre seqüências de ação e momentos dramáticos, garantindo momentos memoráveis e que valem a revisita, as aventuras da família fantástica são marcadas por um clima leve, descompromissado, situações engraçadinhas surgindo mesmo nos momentos de maior tensão, como se assistíssemos a algum sitcom estrelado por superpoderosos. Ou ainda, já que falamos de filmes, a alguma inócua sessão da tarde. Duro é pensar que havia potencial para mais.
Os pequenos dilemas humanos dos quatro protagonistas são tratados de forma rasa - mesmo para um filme de justiceiros fantasiados. Ficamos sabendo que Sue, às vesperas do casamento, anseia por uma vida normal, sem supervilões ameaçando sua felicidade. Reed, o noivo, tenta conciliar os deveres com sua amada e as exigências de trabalho à sua mente privilegiada. O imaturo e mulherengo Johnny observa Ben e Alicia juntos e sente falta de um relacionamento do tipo em sua vida...mas são informações randômicas em meio às piadas.
Está bem, a receita "divertidinha" funciona no filme anterior, ainda que de maneira irregular, e na primeira metade dessa seqüência, garantindo diversão satisfatória - mesmo a troca de poderes rendeu bons momentos - mas a coisa desanda após o retorno do Doutor Destino, justamente quando deveria esquentar. Nos gibis, ele é um vilão espetacular, inteligente e de fala pomposa(?). No filme, Destino é só um cara com ar arrogante e sacana. A canastrice do ator também não ajuda.
A grande decepção, porém - grande mesmo - é Galactus. Concebe-se o Devorador de Mundos no filme como uma nuvem cósmica na qual apenas se vislumbra, por um breve instante, a silhueta do capacete utilizado pelo gigante antropomórfico dos quadrinhos.
Mesmo o Surfista surge subaproveitado. Visualmente, ele é um primor, como já se via nos trailers. Grande trabalho foi feito em mesclar o gestual de Doug Jones e a voz (alterada) de Laurence Fishburne para a composição do personagem. Mas ele mesmo é raso, como quase tudo no filme. Um personagem cujo nome está no título da produção poderia ter um background mais interessante.
Não falha a memória, Sue diz algo sobre a família cansar. E ela está certa. O modo Quarteto Fantástico de fazer filmes não segura uma série sólida de longas-metragens, ao contrário de cinesséries de heróis mais bem-sucedidas, justamente por terem mais a oferecer. A decisão sensata, em termos criativos, sem levar em conta somente lucro fácil, seria parar neste segundo filme. Melhor sorte a outros heróis - Surfista Prateado é uma boa opção. Para dar certo, o ideal seria reaproveitar a dobradinha Jones-Fishburne e, sobretudo, levar o personagem um pouco mais a sério.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

pedido especial

por um motivo também especial...

Agora que o mundo todo se recolhe, peço-lhe também que descanse. Encolhido diante de sua cama, em silêncio, suplico que sua vida encontre paz. Em silêncio, pois sei que minhas palavras, não é capaz de compreendê-las. Afinal de contas, não sei realmente se é você quem necessita de paz, pois, no fundo, não tem culpa por seus arrebatamentos. Se eles simplesmente ocorrem, não faz sentido exigir qualquer controle. Não há. Isso é você. Isso é sua vida e é impossível saber seu nível de consciência a respeito dela. O correto talvez seja pedir não por você, mas por mim. Pedir por algo sobrehumano, sobre mim, que me permita maior aceitação e uma melhor vida a seu lado. Chega a noite e o mundo se recolhe. Que todos descansemos bem e eu acorde melhor e mais capaz. É o que pode ser feito.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

parabéns, Eduardo


Em casa, comemorando o aniversário do meu irmão, anteontem à noite. Ele estava bastante agitado, o que comprometeu o clima de celebração, mas a data não podia passar em branco. Temos aí uma foto - não muito boa, é verdade - e esse bolo estava uma delícia.

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segunda-feira, 18 de junho de 2007

do dicionário André

imperscrutável
Palavra difícil* que se diz de pessoas idem.

*levei um tempão até acertar a ortografia e pronunciar sem dor.

senhor do mal

Wagner Canhedo, ex-dono da Vasp, foi preso em flagrante por porte ilegal de armas em uma de suas fazendas, onde, na mesma operação, feita em conjunto entre IBAMA e Polícia Federal, foram encontrados indícios de crimes ambientais, como desmatamento ilegal e lançamento de esgotos em rios. Canhedo era presidente da Vasp à época da intervenção judicial sobre a companhia, ocasião em que o empresário teve seus bens bloqueados.
Parece coisa de vilão caricato de ficção, que pratica maldades em todos os departamentos. Bem, se há gente ruim no faz-de-conta, é porque existe na vida real.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

cena

Passo por um conhecido - bem, nem tão conhecido assim - e ele me cumprimenta, todo efusivo. E aí, beleza? Faço um sinal de positivo e digo que está tudo tranqüilo. Uma grande mentira, evidentemente. Mas que dia horrível eu tive. Sinto-me tão mal, a cabeça explodindo, os olhos em brasa. Estaria o descontraído colega disposto a ouvir a verdade? Não. Ele só queria parecer educado. E bem humorado. Sua receita para uma vida mais suportável, talvez.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

|aplausos|


O primeiro sudoku que termino. Nada mau para quem pratica tão esporadicamente e conhece o jogo há um tempo relativamente curto.
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quarta-feira, 13 de junho de 2007

what the world needs now (burt bacharach)

Mais que adequada a estes dias...compreende? ;)


What the world needs now
Is love, sweet love
It's the only thing
That there's just too little of

What the world needs now
Is love, sweet love
No not just for some
But for everyone

Lord we don't need another mountain
There are mountains and hillsides
Enough to climb
There are oceans and rivers
Enough to cross
Enough to last
Till the end of time

What the world needs now
Is love, sweet love
No not just for some
But for everyone

Lord we don't need another meadow
There are cornfields and wheatfields
Enough to grow
And there are sunbeams and moonbeams
Enough to shine
So listen, Lord
If you want to know

What the world needs now
Is love, sweet love
It's the only thing
That there's just too little of

What the world needs now
Is love, sweet love
No not just for some
But for everyone

segunda-feira, 11 de junho de 2007

dia feliz

Todos precisam de um dia feliz.


(idéia para um texto, que espero ver concretizada logo.)

sábado, 9 de junho de 2007

uma carta

D.,

Seguramente, deve surpreender o fato de eu lhe escrever uma carta, a qual sequer acredito que lerá até o final, isso se a leitura tiver mesmo sido iniciada. A recente constatação de que não faço mais parte de seu seleto grupo de amigos, reais, virtuais, ou outros, é o que me motiva a redigir tal missiva. Caso contrário, jamais me daria ao trabalho de fazê-lo, ou mesmo de buscar dirigir-me à sua pessoa, o que, em última instância, era sua intenção em seu gesto simbólico, ou nem tanto, de excluir-me de sua existência.
O que coloco em questão é se você tinha o direito de fazê-lo da forma deliberada que procedeu. Não é possível para mim acreditar que se tratou de algum engano pois, sem falsa modéstia, apesar de minha timidez, não sou pessoa de que se esquece facilmente. Eu fico na lembrança das pessoas por uma história ou outra, e muitas vezes essa experiência esta relacionada à música.
Aquele ano de 2004, estávamos os dois no mesmo grupo coral. Você, a descontração em pessoa, em poucos instantes de conversa já fazendo graça com as pessoas. Eu, mais reservado, buscando me concentrar no canto quase como questão de honra. Não que você fosse displicente em relação ao coro, eu que era mais caxias. Além disso, a música espantava minhas recentes preocupações sobre a vida. E eu não podia suspeitar que uma nova fonte de problemas estava prestes a surgir.
A arte, a expressão musical reunindo pessoas as mais variadas imagináveis. Pessoas diferentes. Eis que você me chama atenção. E foi algo sem precedentes em minha vida. Não me culpo pelo que surgiu e, claro, ficou restrito à minha pessoa. Certamente não é de sua conta, e você nem precisava saber disso diretamente de mim, mas já me culpei bastante. Sofri muito. Aquele incidente em C. - por favor, não diga que não se lembra, não acredito - foi o ponto culminante de minha dor. Nada daquilo foi planejado, jamais. Fui um idiota, passei aquela noite quase sem dormir, e por mais alguns dias senti-me o pior dos seres humanos pelo fato de não saber manter-me fiel ao que havia prometido a mim mesmo. E, pior ainda, você parecia ter se assustado demais com o que havia acontecido; que monstro eu era? Por um tempo, acreditei, convencido por você, sabe?, que minhas preocupações eram exageradas. Tinha como certo, entretanto, que deveria esquecer...esquecer...pois as preocupações volta e meia retornavam, será que aquela coisa impensada de C. se repetiria? Isso eu deveria fazer sozinho. E venci. Mas eu queria que você estivesse OK comigo também, será que aquele "cara estranho" ainda merecia algum crédito de sua parte? Então tivemos uma conversa dias antes do Natal, via eletrônica, em que você se despediu dizendo: "foi legal conhecer você esse ano". Era o que eu precisava para ter boas e tranqüilas festas, principalmente porque pareciam palavras tão sinceras.
Terminei aquele ano, depois de enfrentar uma boa leva de atribulações (...), confortado com a idéia de que, malgrado meu grande "erro" de enxergar você como uma pessoa especial, você ainda me considerava um colega. Logo o tempo cuidou de desfazer tão errônea impressão. Assisti, calado, a seu primeiro gesto unilateral de cortar laços comigo, limando-me de seu MSN. Eu disse a mim mesmo que talvez tivesse sido melhor assim, que o correto seria evitar ao máximo o surgimento de novos embaraços para ambos; que nos encontrássemos apenas casualmente (...) e nada mais. Assim se fez, e logo aquele sentimento maluco tornou-se mais uma em minhas lembranças, parte de um passado definidor, mas antes de tudo passado.
Então, inesperadamente, veio o desagradável. Este ano, escrevi-lhe em seu aniversário, usando de um tom afável, e tudo que recebi em troca foi silêncio e, como vim a saber depois, a certeza de que a presença de algo que remetesse à minha pessoa em seu mundo particular não era bem-vinda.
D., virou-me as costas como se eu nada fosse, você que, de maneira incomum - estou ciente de que você usaria outro adjetivo, um capaz de me atingir - você que foi o que foi para mim.
Agora mesmo, estou falando de coisas que jamais me veria dizendo a você, se é que você está de fato acompanhando estas palavras; poupei você de ouvi-las, sofrendo sozinho quando mais a verdade em mim se fazia arder, por volta de três anos atrás. Passada a maior das dores, reergui-me, pronto a seguir com minha vida, tornando você apenas uma recordação casual, que me fazia rir em minha própria tolice. Então, em sua atitude de varrer o único e remoto contato comigo - com o que fui? - a ferida é reaberta. Era impossível ficar calado, não me desculpe.
Não lhe peço, de forma alguma, que goste de mim, que me considere parte de sua vida em qualquer sentido. Não o pedi no ano em que nos conhecemos e não o faço agora. São outros os tempos, eu sou outro. Sequer exijo que você desfaça o que fez, não sem que sua consideração pela minha pessoa seja realmente sincera. Sua atitude aparentemente amigável já me levou a cair em erro uma vez, por que devo acreditar que tal coisa não se repetiria? Por que duvidar que, em seu sentimento, ao qual me ocorre um nome aqui, mas não quero rotulá-lo, você me enxerga como alguém inferior, indigno de sua atenção? Talvez até mesmo menos que humano? Afinal, sempre fui um "cara estranho", não é verdade?
Não, D., não preciso de quem me menospreze; em meus caminhos achei tanta gente capaz de gostar de mim, de me respeitar de fato, de ao menos tentar me compreender. Não estou lhe implorando que faça o mesmo. Só quero postar-me diante de você e dizer, conste que. Conste que existo. Conste que vivo. Conste que sou ser humano, falível, inteligente, capaz de sentir. O mais engraçado é que, se você tivesse ficado na sua, sem tentar me espantar como um mosquito, eu jamais teria sentido necessidade de ter feito nada disso.
Não vou cobrar nenhuma resposta a esta carta, nem sei se ela vai ser lida. Simplesmente faça o que sua consciência sem rótulo mandar.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Auditório, como estava o centro de São Paulo ontem, auditório??




ASSIM, Ó!!!

exposé

minhas mãos contra seu corpo
minha língua em seus ouvidos
meus lábios se movendo...
você sente o que quero que sinta.
você me sente.
Eis minha verdade revelada.
Como é pra você?