terça-feira, 23 de outubro de 2007

Eu uso lápis mas não quero ter um apontador. A idéia é simplesmente me virar.

domingo, 21 de outubro de 2007

bem amigos...

Pouco mais de um ano atrás, perguntei-me se o brasileiro ainda se interessava por Fórmula 1. Naquelas circunstâncias, julguei que o típico marasmo da categoria estaria ainda mais claro aos olhos do público, devido à ausência de pilotos brasileiros com chances reais de triunfo. Hoje, contudo, pude constatar que havia muita gente interessada em saber quem levaria o campeonato recém-encerrado. O fato de a última corrida ser disputada em Interlagos; a presença de um brasileiro na pole position, ainda que fora da grande peleja; a possibilidade de triunfo de um piloto negro, tão simpático aos olhos dos espectadores deste país: cada um desses fatores teve sua contribuição para o sucesso da temporada vendida como a mais disputada dos últimos tempos na Fórmula 1 (Galvão Bueno deve ter repetido isso à exaustão, ou à hipertensão, dependendo da fonte). Os homens por trás daqueles carros possantes e dos montes de dinheiro que eles rendem encontraram um meio de manter o interesse dos não tão amantes da velocidade, também conhecido como grande público, e colhem seus tenros frutos. E sobre o resultado das pistas, curiosamente, não deu a lógica: levou o título quem menos tinha chance. Mas o ambiente não se revelou totalmente incomum, uma vez que o campeão se valeu de um estratagema conhecido nas pistas, particularmente por nós, brasileiros. Felipe Massa foi o Barrichello de Raikonnen. Tudo pela equipe, tudo pela Fórmula 1.

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O título deste ano ainda pode ser revisto em (mais uma) decisão fora das pistas. É esperar para ver.

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Saiu na Folha de hoje uma matéria sobre um ex-piloto inglês que poderia ter sido o que Lewis Hamilton é agora. Ambos, o bem-sucedido e o falido, foram apadrinhados pela McLaren/Mercedes ainda no kart. Foi quando começaram os problemas. Hamilton logo cresceu, e o outro, cujo nome não me peçam para recordar, foi aos poucos deixado de lado, talvez devido à aposta do time num futuro piloto negro. Hoje, o preterido rapaz não tem em casa nada que lhe recorde os dias de corridas - por recomendação psiquiátrica - e é jardineiro.

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quarta-feira, 17 de outubro de 2007

incômodo

Você não me decifra num único olhar, por maior que seja seu desejo. Não espere de mim a condescendência supreendentemente irrestrita do mundo. Percorra os caminhos intrincados que lhe indico com sabedoria, em minha condição de único guia plenamente preparado, e chegando ao fim da trilha, surpreenda-se ao perceber a lógica simples, quase tola, de cada passo.
Não é com pesar que me despeço, não o pesar que você supõe. Sinto é pela incapacidade sua de fazer diferente, de fazer diferença. Se você não pode me mudar, contudo, por que me deixar atingir pela impossibilidade de mudar você? Deito-me consolado, durmo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

dia do professor

Texto que é uma bela homenagem a esse profissional tão importante e injustiçado.



quinta-feira, 11 de outubro de 2007

oct 11th

lábios projetados

Lábios projetados convidam para o que não há recusa. Em sua posição privilegiada encontra-se também a promessa de um prazer imediato. À língua são necessários maiores e estonteantes malabarismos para umedecê-los. Não se acompanha tal frenética dança somente com os olhos. Tocar lábios protuberantes encerra o risco de envolver-se neles eternamente, seus beijos grandes sugam a essência sem jamais exaurir, cai mais uma vítima de irrevogável lei da natureza que beneficia o mais capaz, o mais bem equipado, e a presa não contesta a disposição, mas antes a endossa. Boca tão farta e ainda exige mais: a carne destes lábios pequeninos já não mais me pertence.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

edward hooper


Nighthawks




New York Movie

mansão e quebrada

Olá a todos. Sou uma celebridade. Tenho uma ONG, mas quase ninguém sabe. Acima de tudo, forneço entretenimento gratuito à nossa população. Por conta disso, sou extremamente capacitado a escrever umas linhas bem mal escritas num dos jornais de maior circulação do país esbravejando indignado com uma injustiça que me ocorreu - outras pessoas escreveriam em blogs, mas para mim isso é pouco. A essa altura duvido que alguém não saiba do que me aconteceu de tão grave, dado o meu status de pessoa pública, mas repito mesmo assim: eu senti na pele a violência desse país. Fui assaltado, levaram meu relógio, podiam ter tirado a minha vida, a vida de uma celebridade, o povo me choraria nas ruas, o Jornal Nacional e outros veículos de comunicação exaltariam meu legado, deixariam claro quanta falta eu faria ao povo, a meus amigos. Registrariam o luto de minha família célebre, meus anjinhos, abalada para sempre pela maior das tragédias. Só digo uma coisa: algo precisa ser feito. O Brasil, do jeito que está, não dá.



É nóis. Sou da favela. Ergo-me como a voz de uma periferia massacrada, oprimida por quem mais deveria cuidar dela. Dar casa decente, escola boa, emprego e tal. Mas não cuida. Aí a gente tem de lutar. Primeiro a gente tem de aprender a dizer que tem orgulho que é da periferia, usar tipo um símbolo para deixar claro. A patente, deixa que eu registro. Porque a gente não está só confinado nos bairros distantes em que o sistema nos fez morar. A gente sai, trabalha longe, vê o mundo também. É atravessar a ponte e chegar aos lugares onde as pessoas vivem bem, têm as coisas que querem porque têm como comprar. Só que a gente quer isso também. Às vezes é complicado arrumar dinheiro para se manter apenas, mas só isso não basta. Eu acho que, para conseguir isso que o rico tem tão fácil, qualquer coisa é justificada. Até tirar a força de quem tem sobrando. Está sobrando, mesmo. É um negócio em que todos saem ganhando. Aponto a arma na cara do riquinho ali, ele me dá o que eu quero. Ele continua vivo e o mano arranja alguma coisa legal que pode ficar para ele ou virar dinheiro para outra coisa mais bacana. Talvez até dinheiro para financiar mais roubos. O que não importa, afinal; o riquinho vai sempre ter sobrando. Ah, e como eu sou controverso, sou polêmico, a voz da favela, apareço no jornal defendendo essas idéias.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

eu suplico!

Por obséquio, entidade superior encarregada de minha pessoa, faça-me ignorar o deplorável pão e circo movido a dinheiro imundo que vem a ser o futebol. Por mais que a lógica não se aplique aos jogos da modalidade, é inconcebível um time como o São Paulo sofrer derrotas consecutivas para duas equipes indiscutivelmente inferiores e desmoralizadas na atual competição. Somente uma armação explica o nonsense.


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sábado, 6 de outubro de 2007

jogos mortais, ou a busca por michael emerson

Alguns grandes atores integram o elenco de Lost. Freqüentemente encabeçando a lista de melhores está Michael Emerson, que interpreta Ben, o manipulador líder dos Outros. O excelente trabalho de Emerson no seriado incentiva o fã a procurá-lo em outros papéis. O ator, contudo, foca-se mais em teatro; aparições suas em cinema e televisão são raras. Uma delas é o primeiro filme da bem-sucedida série de terror Jogos Mortais, cujo quarto volume encontra-se em vias de ser lançado. Este revisor, pouco chegado a filmes do gênero, ainda não havia podido dar seu veredicto à fita em questão. Com o incentivo da presença de um grande ator no elenco, chegara o momento de dar uma chance à cinessérie.
Ao término do filme, entretanto, duas constatações decepcionantes. A primeira é de que Michael Emerson possui muito pouco tempo de tela, triste conhecer seu talento e vê-lo assim desperdiçado. A outra é mais geral: Jogos Mortais está longe de ser considerado bom.
Na trama, dois homens despertam acorrentados em um banheiro imundo, sem a menor idéia de como foram parar ali. Há também um cadáver no chão, uma arma na mão e a cabeça ensangüentada Aparentemente, os dois são vítimas de um jogo no qual o prêmio é manter-se vivo e dar mais valor a esse fato, mesmo que a morte de um deles se apresente como necessária à sobrevivência do outro. A pessoa por trás desse sadismo se comunica com os "jogadores" através de gravações e bilhetes misteriosos e é conhecida da polícia pela alcunha de Jigsaw.
A premissa não é ruim, mas o resultado não convence. Há momentos interessantes aqui e ali, mas no geral vê-se a tentativa do diretor James Wan em compensar evidentes falhas na execução do filme - cenas mal trabalhadas, atuações fracas, Emerson subaproveitado - com recursos controversos, como edição ultrarrápida à videoclipe, closes cirúrgicos em corpos mutilados e o pior: a reviravolta que conduz o filme à inevitável seqüência e parece querer dizer ao espectador, "veja o que guardamos na manga, como somos espertos". Os mais incautos podem até se deixar levar por essa conversa, mas para o espectador esperto tal artifício falha miseravelmente. Depois do festival de desacertos, o desfecho soa forçado demais.
Michael Emerson não retorna em outros volumes de Jogos Mortais, o que é mais um motivo para dar adeus à fraca série. Repassarei sua cinebiografia a fim de conferir mais de seu bom trabalho. E fevereiro de 2008, data da estréia da quarta temporada de Lost, custa muito a chegar.

parêntese

Estou relendo Cem Anos de Solidão.
Me pergunto o que esperar das releituras cinematráficas de O Amor nos Tempos do Cólera, do mesmo Garcia Márquez, e Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago. O grande "charme" das obras desses autores é a narrativa ímpar de cada um. Imagino que, por melhores que os filmes se revelem enquanto filmes e nada além, estarão fadados ao rótulo de obras menores, em relação aos livros que os inspiraram.


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quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Um dia minha respiração parou durante o sono e jamais encontrei reconforto sobre esta terra. Despertei para uma existência sem sonhos, incapaz de precisar quando o pesadelo havia começado. Ratos e outras criaturas indesejáveis vinham até mim, perseguiam-me emitindo os mesmos ruídos sem descanso; as palavras de desdém que eu lançava não os repeliam, para tanto, teria sido necessário lançar um sortilégio não totalmente esquecido, mas cuja execução jamais pude levar a termo. Meu olfato identificava cada vez mais e melhor o podre, nem a mim mesmo digo o porquê. Minha voz, irremediavelmente cansada, sofria vitimada por uma pressão, um esforço que jamais lhe tinha sido exercido, que mais havia se acumulado ali como a poeira e a fuligem que tomam o telhado de uma bela casa, all that junk in the attic had never bothered me before. A busca de certas traduções não possui significado. Nunca estive tão perto da morte; permaneci vivo assim por décadas.

recall

Acabei de receber...este blog também é prestação de serviço, por que não?
A ASSOCIAÇÃO DOS CAMELÔS DA 25 DE MARÇO CONVOCA TODOS OS PROPRIETÁRIOS DAS CAMISETAS DO CORINTHIANS EM QUE CONSTA A ESTRELA DO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 2005, PARA SUBSTITUIÇÃO POR UMA COMPLETAMENTE ATUALIZADA (sem a estrela grafada) PARA QUE NINGUÉM SE SINTA PREJUDICADO!!!

A ASSOCIAÇÃO ESTARÁ SERVINDO, DURANTE ESSE RECALL, UM CHURRASCO GREGO E UM SUCO GRÁTIS!!

ESSA OPERAÇÃO (RECALL) SÓ FOI POSSÍVEL GRAÇAS À PRONTA INTERVENÇÃO DO SR. ALBERTO DUALIB, SEM A QUAL NÃO TERIA SIDO VIÁVEL.


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quarta-feira, 3 de outubro de 2007

informe do blog: marcadores

Estreando aqui os marcadores, também conhecidos como tags...espero que gostem. Tive a idéia de usá-los pela primeira vez há quase um ano; na ocasião, listei uma certa quantidade de temas sob os quais achei que poderia classificar meus posts. Conste que essa lista original possui 23 entradas... mas ainda não estou certo se usarei todas. Devo adicionar algumas novas também.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

concerto - 07/10


Da infinda série "antes que eu me esqueça". Estou de coralista convidado, por assim dizer. O trabalho da regente é ótimo e a missa que faremos, muito bonita.