sexta-feira, 30 de junho de 2006

watchmen 1: "à noite, todos os agentes..."



Difícil escrever sobre Watchmen. Sobretudo porque trata-se de uma HQ fundamental. Como conseqüência, não posso deixar de pensar, ao escrever estas simples linhas, que pessoas mais gabaritadas já realizaram um trabalho muito mais apurado ao analisar a série, enaltecendo suas inúmeras qualidades e frisando possíveis desacertos - existe algum? Ou seja, Watchmen amedronta pela quantidade de superlativos a ela associados. Num primeiro momento, este escritor medíocre tem ganas de simplesmente dizer, leia a história e veja por si mesmo o quanto ela é boa. Mas qualquer coisa me impede de resumir meus comentários a isso. E aqui vamos nós.
É outubro de 1985 em Nova York. Por força de um decreto federal, a Lei Keene, os vigilantes mascarados estão aposentados há alguns anos. Apenas dois deles tem permissão para atuar livvremente: o fantástico Dr. Manhattan e o patriótico Comediante. O assassinato deste último é o ponto de partida para a história. Quem teria sido capaz de invadir o apartamento de Edward Blake e atirá-lo de sua janela? Rorschach, vigilante que viola abertamente a Lei Keene, resolve investigar o ocorrido por conta própria, bem como alertar seus antigos companheiros sobre a possibilidade de o criminoso ser uma ameaça a todos os vigilantes.
Neste primeiro número, seguindo os passos de Rorschach, somos apresentados a alguns deses agentes e conhecemos o paradeiro de outros, cujos nomes são apenas citados. Ainda não se diz ao certo por que se promulgou uma lei federal proibindo a ação dos vigilantes; contudo, o leitor pode colher algumas pistas por si mesmo. A frase "who watches the watchmen?" (tradução: quem vigia os vigilantes?), pichada em vários muros desta Nova York fictícia, mostra que os pretensos guardiões da justiça não gozavam de grande popularidade entre os cidadãos comuns.
Outra evidência é o comportamento dos heróis. O Dr. Manhattan parece pouco se importar com a perda de uma vida humana, ainda que esta seja a de um antigo colega, o Comediante. Em sua primeira aparição, Manhattan se mostra um Super-Homem frio, destituído de humanidade. Rorschach não hesita em infligir sofrimento físico àqueles que considera inferiores por deixarem de zelar pelos valores que ele toma por corretos. Sua violência é a provável razão de sua permanência nas ruas: quem se atreveria a fazê-lo cumprir a proibição? Nem mesmo o recém-falecido Edward Blake poderia ser considerado um indivíduo exemplar. Não após uma tentativa de estupro contra uma ex-colega.
Nota-se que os protagonistas de Watchmen estão muito distantes do ideal de super-herói ao qual estamos habituados: um ser cuja capacidade de discernimento o previne de cometer atos equivocados do ponto de vista moral. Quem melhor representa esse ideal, bem o sabemos, é o Super-Homem, personagem que, ironicamente, caiu no esquecimento num mundo onde combatentes do crime em fantasias coloridas existem de fato.
O símbolo deu lugar à realidade, e esta se revelou extremamente amarga. Pessimismo é a marca de Watchmen, com seus super-heróis falíveis. Veja o discurso de Júpiter, a única vigilante mulher mostrada neste primeiro número. Ela se mostra desiludida com a antiga vida. Para ela, tudo que ela e os outros faziam nada significou.
Já Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, um vigilante "tecnológico", sente falta dos tempos de combate ao crime. Isso transparece nas conversas com seu antecessor, Hollis Mason. Contudo, Daniel crê que as grandes aventuras pertencem ao passado. Ele parece paralisado em sua resignação, mas talvez o estímulo correto o faça pensar novamente.
Já falamos de Dr. Manhattan e Rorschach. Para entender como a situação chegou à realidade de outubro de 1985, entretanto, é necessário ir mais a fundo na história de todos os personagens, o que é feito nos volumes seguintes.
Os primeiros dois capitulos do livro escrito pelo primeiro Coruja encerram esta edição. Neles, Mason confirma a influência do Super-Homem - e de outros heróis dos quadrinhos dos anos 30, como Doc Savage e o Sombra - em sua decisão de se tornar o segundo vigilante da história - o primeiro surgiu na mesma época e foi chamado pela imprensa de Justiceiro Encapuzado.
Fechando este empolgante primeiro tomo, tem-se a certeza de que a história possui um enorme potencial e, dada sua aclamação por fãs de quadrinhos do mundo todo, parece impossível que os próximos números decepcionem.

música, mais uma vez

Tem acontecido comigo freqüentemente de uns tempos para cá: a redescoberta de canções que não me agradavam no passado. Via de regra, me vejo obrigado a admitir que, sim, a música "resgatada" é muito boa, como, aliás, suponho sempre tê-la considerado em meu íntimo: apenas não me permitia, ou não podia, afirmar isso antes.
Meu modo de ouvir e perceber música mudou, e bastante, nesses últimos anos. È como se minha cabeça e meus ouvidos tivessem sido abertos por meio de alguma "cirurgia espiritual" ou algo que o valha, e só a partir de então pude atentar para sutilezas que tornavam uma determinada canção única, tremendamente especial. Creio já ter mencionado algo parecido quando escrevi sobre Save A Prayer, do Duran Duran, música que eu odiava e agora amo. Há inúmeras outras obras a respeito das quais minha opinião mudou radicalmente.
Não é sem uma ponta de remorso que redescubro uma canção. È quase inevitável um pensamento do tipo: puxa, onde eu estava com a cabeça que nunca havia notado antes o quanto isso é legal?
Pois a cada música que me arrebata, é como se minha existência se tornasse mais completa. De verdade. Estou quase certo de que jamais serei de capaz de exprimir plenamente, por meio de palavras, meus sentimentos diante das preciosidades que mais gosto de ouvir. E entre essas maravilhas, admito, há muita música pop. Não as mesmices ultra comerciais de hoje, com prazo de validade estampado em suas melodias. Refiro-me às canções de outrora que fazem um bem danado até hoje.
Passado o breve arrependimento de que já falei, reencontrar essas músicas me deixa contente. É quando percebo com mais clareza o quanto mudei. Para melhor. Pois nada, além de preconceito, pode explicar minha antiga resistência a sons tão cativantes.

segunda-feira, 26 de junho de 2006

brasil X gana

Felizmente, o circo acontecerá em horário de almoço. O país deve voltar à vida depois das duas.
"Assim espero."

pombos.

Por que eles existem? Criaturas detestáveis. Só sabem arrulhar e fazer sujeira.
Quanto maior a degradação de um local, mais pombos podem ser vistos em seu entorno. Não admira os centros das grandes cidades estarem repletos deles - ou seria melhor dizer infestados? Impossível deixar de pensar que, se esses bichos não fossem tão numerosos, veríamos mais aves nativas por aí. Elas poderiam ter se adaptado ao sistema urbano, como o fizeram os pombos. Pássaros invasores, eles e os pardais. Infelizmente, mais bem-sucedidos em nosso mundo escasso de árvores e pródigo em...lixo. Eis a razão do sucesso dos pombos. Comem qualquer porcaria, inclusive as que lhes oferecem de bom grado alguns humanos. Até salgadinhos "de isopor" servem de alimento para essas coisas. Isso, aliado à sua tendência em habitar lugares sujos - o telhado de sua residência é limpo? - os torna vetores de diversas doenças. Um exemplo é a toxoplasmose...toxoplasmose. Palavra horrorosa. Só poderia mesmo estar associada a pombos. Nada agradável se diz dessas criaturas.

Nota: O autor do texto não é nenhum ornitólogo nem possui grandes conhecimentos sobre a vida dos pombos. Ele apenas sabe do que não gosta.

sábado, 24 de junho de 2006

fórmula 1

Alguém aí ainda acompanha? Em época de Copa do Mundo e com os pilotos brasileiros bastante apagados no campeonato, creio que só mesmo os mais fanáticos têm dispensado alguma atenção a esse esporte.
Hoje assisti aos minutos iniciais do treino classificatório pára o Grande Prêmio do Canadá...é que a televisão do restaurante onde almocei estava ligada na Rede Globo. Foi tempo suficiente para colher algumas informações sobre a atual temporada.
O primeiro colocado, Fernando Alonso, já tem 74 pontos ganhos e pode decidir o campeonato já nas próximas duas corridas - a do Canadá, amanhã, será a nona. Lembro-me de que, na primeira temporada que acompanhei, em 1987, Nelson Piquet se sagrou campeão com 73 pontos (ou algum número próximo disso) e restando somente dois Grandes Prêmios a serem disputados. Está certo que o campeonato de dezenove anos atrás foi um dos últimos realmente competitivos até o final, com mais de dois pilotos disputando o título, já que a partir do ano seguinte cada temporada teve uma escuderia hegemônica, e dificilmente o título escapava das mãos de algum de seus pilotos. Quadro que se mantém até hoje, por sinal: em 2006, quem sobra nas pistas é a equipe Renault.
Uma novidade muito interessante foi introduzida nos treinos que definem o grid de largada. Hoje, eles são divididos em três partes, as duas primeiras durando quinze minutos e a última, vinte. Na primeira etapa, todos os pilotos buscam fazer suas melhores voltas. Os seis mais lentos não podem correr no período seguinte, ao final do qual outros seis carros são eliminados. Restam, assim, dez pilotos para os vinte minutos restantes de treino aptos a disputar a pole position.
Há um piloto de sobrenome Rosberg - é Niko seu primeiro nome? - na categoria este ano, sem dúvida parente do campeão finlândes, Keke.
De resto, pouco mais a dizer. O campeonato continua pouco disputado: o segundo colocado, Michael Schumacher, ainda na Ferrari, não é páreo para Alonso, indiscutivelmente dono do melhor carro. Os demais pilotos não ameaçam os dois líderes. O novo escudeiro de Schumacher, o brasileiro Felipe Massa, até recebeu um leve puxão de orelha do alemão por não estar dando trabalho a Alonso como deveria. O antigo capacho, Rubens Barrichello, sequer foi mencionado enquanto eu acompanhava o treino. Deve estar mais por baixo que nunca.

quinta-feira, 22 de junho de 2006

eu não acredito que vou ler vingadores

Sabe qual foi o último gibi que comprei? Os Novos Vingadores 28, da Panini. Fato surpreendente, pois o grupo nunca havia me atraído antes. Não gostei das poucas histórias desses heróis que li, e sempre achei os personagens pouco interessantes, alguns até bem chatos. Para piorar, a equipe conta com o Capitão América em suas fileiras...meu discreto anti-americanismo me fazia sentir uma repulsa enorme ao personagem. Mas agora resolvi dar uma chance ao grupo, que por sinal mudou completamente. Dos membros tradicionais, restam apenas o Capitão e o Homem de Ferro. Entre os novos Vingadores, Homem-Aranha, Mulher-Aranha, Luke Cage, o negão...ops, Herói de Aluguel, e o onipresente Wolverine. A série está sendo escrita por Brian Bendis, o cara que está arrasando nas histórias do Demolidor publicadas por aqui. Deve ser no mínimo interessante.
No mix da revista, também temos o título solo do Capitão América, de contornos sombrios e bastante elogiado lá fora, uma minissérie do Thor e os novíssimos Jovens Vingadores. Estou dando uma chance aos mais tradicionais personagens da Marvel. Me propus até mesmo a deixar de lado meu já mencionado preconceito contra o mais patriótico dos soldados americanos.
Só um problema: a revista que comprei mostra a seqüencia de histórias que já haviam começado em números anteriores. Preciso adquiri-los para nâo bagunçar a leitura. Então eu apenas pude folhear o gibi até agora. É incrível: a arte de todas as histórias é caprichadíssima, sem exceções. Espero poder dizer o mesmo das tramas em breve.
E a capa? Vejam se é possível deixar um gibi bonitão desses na banca, mesmo com a leitura atrasada.

rabugices (sobre a Copa, claro)

Daqui a alguns instantes, e pela terceira vez em menos de duas semanas, este país vai parar. As pessoas vão deixar seus locais de trabalho, juntando-se as que sequer saíram de suas casas, dispensadas de suas tarefas. Uma vez que todas cheguem a seus destinos - um lugar aconchegante com televisão, para a maioria -, as ruas estarão praticamente desertas, e os únicos ruídos serão os de cornetas e vozes estridentes, uma delas particularmente irritante e que será ouvida por todo o país...eu odeio o Galvão Bueno.
Vem mais jogo do Brasil por aí. Motivo suficiente para suspender todo tipo de atividade, ao que parece. Mas não para mim. Creio que todos saibam minha opinião sobre esse fanatismo que acomete boa parte dos brasileiros em intervalos de quatro anos, inclusive já escrevi a respeito aqui mesmo no blog. Estou, portanto, sendo repetitvo em minhas críticas. Mas este espaço é meu e nele posso tudo que quiser. :P
Além disso, uma conversa que tive ontem à tarde reacendeu minha indignação por nosso país faminto de bola. Não somos uma nação séria. Ou não daríamos tanto valor a esse esporte, convenhamos, cada vez mais medíocre. Ou o ano de Copa não coincidiria com as eleições presidenciais. Em pouco mais de três meses, escolhemos a pessoa que, teoricamente, representará toda a população brasileira, dentro e fora do país, aliado a deputados e senadores responsáveis pelas leis que regem nossa sociedade - veja só, este ano iremos às urnas também para decidir quem serão esses políticos.
Mas, por enquanto, isso parece não ter importância. Notícias não relacionadas à Copa ficam em segundo plano. Nos meios de comunicação, as principais manchetes mencionam futebol: que time jogou hoje, quais serão os jogos das oitavas de final, quanto pesa tal jogador. Eu pergunto: e daí? Qual a importância disso tudo? Para mim, é a mesma de saber como vai acabar tal seriado, qual gibi vai estar na banca este mês, que música vai estourar e desaparecer das rádios em três meses. Entretenimento puro. Mas aqui neste país vale tudo pelo futebol. Afinal de contas, para que se importar tanto com eleições? "Político é tudo ladrão mesmo. O esporte pelo menos dá alguma alegria a nosso povo." Como eu não agüento ouvir isso! Bem, se o time do Brasil fosse derrotado pela Argentina numa final de Copa, poderia-se então esperar que o povo se levantasse em armas. Tudo pela dita paixão nacional.

Em tempo: hoje quase saí de casa usando uma camiseta com a palavra"Japan". Mudei de idéia pois achei que seria radical demais.

domingo, 18 de junho de 2006

"não condene o que você não entende"



Essa frase eu retirei de um livro que estou lendo. Veio a calhar que eu a tenha encontrado hoje. Achei tão significativa que a coloquei mesmo como mensagem pessoal em meu MSN. E olhe que eu odeio frases prontas.
"Não condene o que você não entende"...parece ser algo que muitas pessoas precisam ouvir. Bem, não somente ouvir, mas também compreender e aplicar em seu dia-a-dia. Pelo bem daqueles que os cercam e apenas querem viver dignamente, de acordo com suas mais profundas convicções.
Certos acontecimentos nos oferecem a chance de uma reflexão mais profunda sobre o diferente. Sinto que hoje ocorreu algo assim, e até me vi fazendo parte disso. Filtrando as coisas que não fazem falta, bem como as que definitivamente poderiam ficar de fora, aproveita-se ainda uma boa lição para viver melhor com o próximo. Mas nem todo mundo aprende, e dá vontade de tratar com cada uma dessas pessoas em particular, tomando por lema a citação que intitula o post.

sábado, 17 de junho de 2006

fato e boato em época de Copa

Para ciência...e também porque fazia um tempão que eu não postava nada.
A casa de meus pais fica muito próxima ao Jardim Irene, aquele que ficou mundialmente famoso por quinze minutos quatro anos atrás, por obra de seu cidadão mais conhecido: o Cafu da seleção brasileira. Os familiares do jogador ainda moram no referido bairro, e a historinha que vou contar agora tem a ver com eles.
Todas as noites neste feriado prolongado, alguém vem ligando um rádio em volume altíssimo, tocando as piores e mais barulhentas músicas possíveis dentre aquilo que o povo gosta. Minha mãe ouviu dizer que os responsáveis pela algazarra seriam familiares do lateral canarinho. Eles fecham a rua onde moram, diz-se, e fazem o pancadão rolar até altas horas da madrugada, ouve-se.
Se a informação procede, eis uma bela maneira de comemorar a presença do parente famoso nesta Copa. Perturbando o sossego alheio. Eles devem se sentir bem acima de todos na redondeza para fazerem isso. Mas, como dito antes, ninguém sabe ao certo, talvez sejam outros os barulhentos. O que não deixa de ser um problema, também relacionado à Copa, se me permitem o palpite. Torcedor brasileiro é tão empolgado...

sexta-feira, 9 de junho de 2006

um tema obrigatório



Sinto que estou devendo umas palavrinhas sobre a Copa do Mundo neste blog. Sabe como é, sou brasileiro, não posso me manter calado sobre um assunto que causa tanta comoção país afora, apesar de não dar a mínima para o desempenho da seleção brasileira na competição. Creio que acabei de dar uma pista quente, por assim dizer, sobre meu ânimo para o torneio. Estou alheio a toda essa expectativa que o país está vivendo.
Apenas agora há pouco fui buscar um mínimo de informções sobre o Mundial na Internet, para confirmar se o primeiro jogo aconteceria hoje - vejam, estou tão afastado desses assuntos que mesmo essa informação básica eu não a tinha com precisão. Enquanto isso, muita gente já deve estar com suas tabelas à mão, conjecturando possíveis resultados de jogos, apontando equipes "zebras", azarando os argentinos. E, sobretudo, torcendo pelo sucesso da equipe montada em nosso país.
Isso não me pega mais. Afirmo com a mão no peito, numa clara provocação aos mais fanáticos.
Fatos: nunca fui grande fã de futebol. Mais por uma conjunção de fatores externos em meus tenros anos que qualquer outro motivo, tornei-me são-paulino e anti-corintiano, e creio que sempre serei. Posso falar sobre isso algum dia, mas este não é o momento.
Acompanhei a seleção brasileira na infância e na adolescência, como até então me parecia que todos à minha volta, pelo simples fato de serem brasileiros, o faziam. Os tropeços do time me chateavam, suas conquistas eram minhas também. Chorei pelo tetracampeonato de 1994 como se este fosse a realidade mais emocionante que me tivesse sido permitida vivenciar - bem, dado o que eu era, talvez isso fosse verdade na época. Assisti a todas partidas da seleção com ceticismo. Para mim o tetra ainda não viria. Mas ele aconteceu, ainda por cima no ano em que o esporte brasileiro havia perdido um grande ídolo, Ayrton Senna. A trágica morte do piloto também me fez derramar algumas lágrimas e creio que, para o brasileiro médio, com a vitória no futebol surgiram novos heróis, que substituíam aquele que tragicamente havia partido. O que dizer, então, de um moleque bobo de catorze anos que vivia grudado na frente da televisão? Tudo fazia parte de um grande contexto - se me permitem o neologismo - prantístico. Daí em diante, foi um salve a seleção atrás de outro.
Então veio a Copa da França, em 1998. Mais uma vez, jogos emocionantes até a grande final contra os anfitriões do torneio. Um grande fracasso, como todos sabem. O que teria acontecido aos nossos heróis? Por que haviam lutado tão vorazmente se não mostraram nem sombra da garra e da determinação vista nos jogos - batalhas! - anteriores.
Logo surgiram os rumores que a Copa havia sido entregue. O resultado já estaria decidido em favor dos donos da casa. Foi o fim do mito, ao menos para mim. Dei-me conta de que tudo que experimentava relacionado a futebol era influência do meio: das pessoas, por sua vez influenciadas pela mídia, por vezes tão ufanista, exceção feita a Galvão Bueno, sempre ufanista, sempre exaltando a "chamada" pátria de chuteiras. Meu ódio pelo comentarista da Rede Globo começou aí.
A paixão incondicional foi suprimida pela racionalização. E daí que a seleção tivesse perdido, ou mesmo entregue, uma Copa? Em que isso me torna uma pessoa pior, melhor, o que seja? E se tivesse ganho, em que consistiria a alegria da taça conquistada? Seria sensato dizer que se trataria de algo nosso? Uma vitória do Brasil, enquanto nação soberana, República Federativa? Mesmo? Pois é como às vezes fazem parecer.
Por que tanta exaltação por um mísero esporte, que no final das contas não passa de um grande negócio, no qual não temos participação alguma como investidores? Apenas pagamos para ver um espetáculo de qualidade discutível - mais ainda para quem não gosta de futebol - e enchemos os cofres de emissoras de televisão, bem como o de seus anunciantes, e de entidades diretamente relacionadas a esses eventos. Estou sendo frio demais? Apresente-me, então, um único ser movido por meras paixões ao tratar de assuntos mercantis. Caso apareça alguém, garanto que o pobre coitado não dura muito. O mercado é mais hostil que uma selva. Não creio mesmo que algum jogador, ao perder um jogo, pense mais na decepção que causa a um país que no que deixa de ganhar em dinheiro ou em prestígio (que por fim se traduz em mais dinheiro).
É isso. A impossibilidade de dissociar finanças e futebol e a cobertura da imprensa, especialmente a televisiva, de eventos esportivos, normalmente variando entre o pedante e o ultranacionalista, foram responsáveis por meu afastamento em relação a assuntos ligados à seleção. Não torço contra, mas os contornos de drama com que pintam a trajetória da equipe em todo torneio de grande porte me levam a abandonar a habitual indiferença e divertir-me com suas eventuais derrotas.
Ao que parece, eu tinha mais a dizer sobre Copa do Mundo do que podia imaginar. Nada dentro do que normalmente se esperaria de alguém nascido num país onde se respira futebol, mas creiam-me, vivo muito bem assim. Torçam à vontade, se isso lhes apetece. Seu interesse pelo desempenho do time do Brasil ou pela vida social dos jogadores durante sua estada no país sede da competição - relaxem, eu sei que é a Alemanha - não me ofenderá, a menos que me julguem menos brasileiro por não não dar a mínima para tais tópicos. Bem ou mal, meus motivos foram expostos aqui, e eles são bastante fortes para que minha opinião não mude novamente.

terça-feira, 6 de junho de 2006

ora vejam...

Em pleno dia 6/6/2006, o Vaticano lança um documento afirmando que certas medidas recentemente adotadas ao redor do mundo, recebidas como avanços significativos por diversos setores de nossa sociedade, são sinais do "eclipse de Deus".

Alguém ai crê em coincidências?

segunda-feira, 5 de junho de 2006

a página de diário que foi parar no blog.

(Leia e tente entender por quê.)

5/6/2006

Madrugada. Quatro da manhã, para ser mais exato.
Acordo, e uns pensamentos meio mirabolantes me levam (jogam?) para fora da cama, motivando-me a fazer algo que já foi um hábito meu, mas que esta abandonado há tempos: escrever em forma de diário.
Se não faço mais isso, a culpa é do blog. Desde que minha página está no ar, concebo meus textos tortos já pensando em sua publicação virtual. Não totalmente isento de certas pretensões literárias, cabe admitir. Mas isso não é problema, ou antes, não é o grande problema. A questão é que as anotações de teor mais íntimo ficaram esquecidas após o surgimento do blog.
Ou será que elas não são mais tão necessárias, como no passado recente, quando tudo parecia me afligir e tinha que ir para o papel? No caso dessa última hipótese ser verdadeira, o parágrafo anterior se torna meio inútil. E olha que me meti a escrever bonito nele.
Mas estou embromando demais. Logo o sono volta e acabo não falando do que me tirou da caminha.
Estranhamente, neste exato momento, isso já não me parece mais tão imperativo. E então? Fico por aqui mesmo? Creio que sim.
A verdade é que já tenho uma questão satisfatória para o drama íntimo e pessoal que me perturbava. Ela já estava em minha cabeça quando me levantei. Só poderei colocá-la em prática no próximo final de semana, se tudo correr bem, mas não importa. Não preciso anotá-la, seja sob o risco (remoto) de esquecimento, seja para me sentir livre de uma angústia que, sinceramente?, já passou.
Se for o caso, posso conversar com alguém sobre essa maluquice toda depois.
Só uma coisa pode contribuir para meu bem-estar agora (04:53h). Voltar a dormir.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

bruto

Não me agüento mais. Sinto vontade é de pular em cima de você. Quemmanda ser tão atraente, chamar tanto a minha atenção? Assim não posso resistir. Queria era pegar você de jeito, lamber seu corpo e sentir seu cheiro invadindo minhas narinas. Você querendo ou não. Pouco me importa se logo em seguida você vai me empurrar, perguntar se estou louco, me chamar por todos os nomes feios que você já ouviu por aí. Não estou nem aí...
Se eu ligasse pra isso não teria te agarrado. Foi um gesto maluco, sim, cedi a meus instintos, sim. Admito meu ato absurdo e as motivações estranhas que me levaram a tal. E você não entendeu nada. Nem tenta. Só fica aí me olhando feio. Ao diabo com seu olhar. Ao diabo com tudo. Ao diabo com o que acabei de fazer, que no final das contas não me adiantou de nada. Foi só meu desespero vindo à tona. Fazendo com que eu me sentisse ainda pior.
Agora vá embora. Vá correndo contar pra todo mundo o que aconteceu com você. Não é preciso que eu peça, mas não deixe de contar a quem mais lhe entende. Quem diz que tudo já passou, e tudo passará mesmo, com abraços e beijos.
A menos vocë tem quem lhe faça isso.