sábado, 31 de outubro de 2009

20 de outubro

Madrugada. Um pássaro canta incessantemente para uma máquina descontrolada que pia sem cessar, toda a vida. Ela jamais lhe responderá a corte. Mas passarinhos não dormem à noite? Pois é.
De manhã, o caos de motores e buzinas encobre o ruído da máquina, que por fim se revela tão discreto. Já os pássaros estão muito longe. Gostaria de poder ouvi-los por aqui em seu horário correto, e não durante madrugadas insones. Seu suave canto indicaria a presença inequívoca do que é natural neste mundo. E mostraria que não nos tornamos loucos.

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verde vergonha

De todos os mimos para endinheirados, bosques privativos são especialmente acintosos. Privatizam-se os últimos redutos verdes da cidade, enquanto na periferia grilada, invadida e desmerecida ocupa-se até o último grão de terra disponível. O sem-teto desesperançado não vai se importar com árvores, rios e córregos, lixo.

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Já que hoje tudo se vende, que tal pôr no mercado cordialidade com pagamento facilitado? Tolerância em dez vezes no cartão de crédito? Qualidade de vida com IPI reduzido?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

aventura na fórmula 1




Falar do GP Brasil me lembrou uma HQ da infância. O nome é Aventura na Fórmula 1, representante da boa safra italiana da Disney. Essa história em duas partes foi publicada pela primeira vez em Tio Patinhas 256 e Almanaque Disney 184 (ambas de setembro de 1986, porque eu sou um velho) e depois republicada na íntegra em Disney Especial 120 - Fórmula Zum, de março de 1990. Aliás, só li o capítulo final da aventura após essa republicação, porque os chatos dos meus primos só tinham a primeira parte na época do lançamento....bem, águas passadas. Vamos à história.
Tio Patinhas, Donald e os sobrinhos estão assistindo à primeira prova do campeonato de Fórmula 1 de 1986, o Grande Prêmio do Brasil, então disputado no Rio de Janeiro (evidentemente, no gibi Jacarepaguá virou...Jacarequaquá). Donald e os meninos adoram a corrida, enquanto o velho Patinhas encara a coisa como um desperdício de gasolina e a princípio não entende porque os carros e os capacetes dos pilotos têm tantos nomes inscritos. Quando ele se dá conta de que são os patrocinadores das equipes e pilotos, o muquirana quer entrar nessa também, para anunciar seus produtos pelo mundo e lucrar. Mas colocar a marca Patinhas num Fórmula custa caro demais para um velho pão-duro. Qual a solução? Montar uma equipe própria, com um único colaborador. E o piloto? Precisa sair barato: Donald! E quem acha que será fácil para o pato correr na equipe da família, é porque nunca leu uma história desses patos: enquanto os outros pilotos têm dinheiro e tecnologia de ponta à disposição, Donald é vítima da política de contenção de gastos Patinhas, que não permite que ele sequer termine uma corrida, até a gloriosa vitória no Grande Prêmio de Patópolis.
Deu vontade de reler essa história, até porque muitos detalhes me escapam.

As informações sobre as datas das publicações e a imagem da capa vieram mais uma vez do site Inducks - preciosa fonte de informação sobre quadrinhos Disney no mundo todo.

18 de outubro

grande prêmio


Chuva. Helicópteros voando durante a trégua das chuvas. Carrões tão ou mais barulhentos que os helicópteros. Galvão Bueno (falando em barulho...). Milhões e milhões que jamais beneficiarão a cidade como um todo, não importando o que a Globo ou seus braços tentem afirmar. É o chamado circo da Fórmula 1 em sua visita anual a Interlagos.
Rubinho na pole, Button e Vettel lá atrás. Diversão e ibope garantidos. E a coisa ganha ares de marmelada. Tipo, vamos deixar o brasileiro vencer na terra dele. Será? A minha, a sua diversão, um grande negócio? Triste haver margem para um pensamento como esse. Mas não vou deixar de ver a corrida. E olha que eu poderia apresentar muitos outros "contras". Mais um apenas: de uns tempos para cá, virei inimigo de automóveis. Mas não adianta, começa a transmissão de mais um GP e viro moleque de novo. Pelo menos, não torço para ninguém. Juro.
Mas nada é perfeito: quero justiça nas pistas. Burro.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

7 de outubro

Mundo, eu me importo com você.
Pobre de mim.

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Você era um produto numa prateleira e eu o recusei. Se minha necessidade de você fosse real, não seria necessário chamar minha atenção com um slogan.

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Quero continuar escrevendo porque tenho esperança de que posso fazê-lo compreender. Mesmo depois que somente minhas palavras estejam presentes.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quando um provincianismo cairia bem

Em vez de dizer que tal lugar em SP ainda tem "clima de interior" - a imprensa adora usar essa expressão quando se refere aos poucos redutos de paz que sobraram na metrópole" - o correto seria afirmar que o ar da referida localidade é o que deveria predominar na cidade se o crescimento imediatista e a especulação imobiliária permitissem um mínimo de qualidade de vida ao cidadão.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

plantão andré news

(irc, título medonho.)
Se eu continuar melhorando assim e usando mais o computador, logo vêm aí os posts retroativos.


Como nessa cidade a gente tem mania de megaobra - como a mais que discutível Nova Marginal - , o Metrô é a solução da lavoura para o caos no transporte público. Não importa o quanto as obras demorem. Acintosa a propaganda do Serra-2010 citando estações que ainda sequer saíram da fase de projeto como realização de governo. Enquanto isso, ônibus e trólebus não recebm nem um centavo de investimento, nem em propaganda. A única coisa que a prefeitura "faz" para quem insiste bravamente nesse meio de transporte sem jeito é congelar a tarifa em ano eleitoral via aumento de subsídios às empresas que exploram as linhas. Exploram é ótima palavra, aliás, já que elas são estupidamente bem remuneradas para prestar um serviço lamentável.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

minha cobertura (o que não vai aparecer na mtv)

Meu pai chega e diz que as ruas perto de casa estão um horror. Veículos sabe-se lá de quem entupindo ruas residenciais que deveriam ser tranquilas. Esquema especial pra megaeventos, my ass. Moradores à propria sorte, rios de dinheiro à custa do sofrimento alheio. Et in saecula saeculorum.