quarta-feira, 30 de abril de 2008

flores

Estou diante da entrada de um Pão de Açúcar. Há flores de todo tipo aqui. Tenho pensado muito em flores ultimamente. Como nunca antes. Detenho-me a contemplá-las onde estiverem: em casa, na rua, em fotografias. Penso em ter alguma (algumas?) em meu quarto. Mas meu irmão pode destruí-las. Há um outro contra, mais tolo. Flores se vão muito depressa. Em poucos dias, começam a murchar, definhar...morrer. Não se trata de avareza. Queria mesmo uma imagem mais duradoura, cores que se mantivessem, nada de trocas semanais de morte por vida. Então imagino: eu poderia pregar fotografias de flores nas paredes. Mas não é a mesma coisa! Que solução encontro, além de fazer-me indiferente a esse colorido, como no passado?
A propósito, interessaram-me por aqui: gerberas (parecem, mas não são margaridas), crisântemos, violetas, girassóis, kalanchoes e lírios alaranjados.

terça-feira, 29 de abril de 2008


Ora...sempre pode haver quem ainda não tenha visto. Será que o padre achou o Henry Gale?

foi quando com o alan moore eu vi, um cavalo de fogo ali...

Porque nada, mas nada neste mundo é solto e totalmente dissociado de qualquer coisa, de modo que tudo encontra algo a lhe fazer par por relações às vezes absurdas, especialmente se trabalha nessa busca de insanas interconexões uma mente humana. Eu estava procurando tirar o atraso em minha leitura de Promethea - gibi genial e ultraviajante e de Alan Moore e J. H. Williams, sobre o qual não concebo uma única linha decente à guisa de comentário - e lá encontrei umas criaturas meio espectrais denominadas Globgoblins. Quase imediatamente fui levado a Dar-Shan, terra fictícia palco das aventuras do Cavalo de Fogo. A maléfica Diabolyn tinha Goblins a seu serviço. Mas eram uns bichinhos pequenos, até simpáticos - quase fofos; havia um rosa - notório alívio cômico da série. Mas ocorre a todos que eles eram originalmente humanos? A curiosidade os matou: abriram a urna onde se encontravam os, esses sim terríveis, Espectros, cujas aparições eram geralmente breves e bem, amenizadas a fim de não aterrorizar tanto o público infantil. Geralmente, foi dito. Mas há um episódio em que os Espectros assumem a forma de um cavaleiro com pinta de galã latino, bigode incluído, e seqüestra Sara, herdeira do trono de Dar-Shan. Acresce que os atemorizantes seres etéreos fizeram isso à revelia da vilã "oficial" do desenho; cansados dos fracassos dela, quiseram resolver os problemas - digamos, a existência de bondade no mundo - a seu modo. Falharam também. O Cavalo de Fogo recrutou para a vitória o antigo príncipe, viúvo da mãe de Sara, Sarana - e pai adotivo de Sara no chamado mundo mortal! Diabolyn e os Espectros devem ter apagado as memórias dele. O retorno das mesmas, no entanto, durou somente o tempo do episódio. Com tudo isso, venho dizer que, a partir dos tais Globgoblins, lembrei-me de que Cavalo de Fogo, com sua música-tema tola (quem nunca a cantou para uma risada?), era um desenho muito sombrio. Nem os Goblins gracinhas e a habitual mensagem de esperança a cada nova aventura poderiam esconder essa verdade. Esse episódio dos Espectros sempre me dava arrepios na infância.
Uma última coisa, não relacionada, ou relacionada demais: a competente Miriam Fisher dublava a doce Princesa Sara nos anos oitenta e hoje empresta voz à insana babá de Os Padrinhos Mágicos - personagens estranhos em desenhos idem, quão surpreendente.
Agora, com licença, ainda não acabei de ler aquela edição de Promethea.

domingo, 27 de abril de 2008

virada cultural

O centro da cidade em ebulição. O saguão da Prefeitura resiste à potência avassaladora da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coral Lírico, mas o mesmo não se pode afirmar a respeito dos espectadores; alguns deles nitidamente jamais haviam estado numa sala de concerto, perdoe-se o barulho. O som de piano na praça é bem-vindo, restaura energias físicas e psiquicas. Pistas de dança abertas a escolher, separadas por somente uns poucos quarteirões. Performances de artes corporais. Grandes shows de música popular. Teatro. Cinema. Tudo isso e tantas coisas mais possíveis de ser vivenciadas num único final de semana, a maioria esmagadora de graça. A quarta Virada Cultural reafirma o sucesso do evento que clama tornar-se tradição, chamariz a turistas, moradores e passantes nesta São Paulo repleta de possibilidades de lazer, cultura e entretenimento.
Já me rasguei para o acontecimento na prefeitura; cito mais dois eventos marcantes. Fãs antigos e recentes, novos e de mais idade compartilham do prazer de conferir o prazer dos Mutantes em se apresentar novamente - pude finalmente apreciar a unicidade do som da banda. Fernanda Takai atrasou, mas encantou o público; com sua simpatia, garantiu novos fãs ao repertório de seu primeiro cd solo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

bem-vindo, tyrone!

Querido diário,
Desde sábado, a família tem um novo membro. É um cachorrinho, um filhote de Dachshund ou Teckel, aquele das propagandas de amortecedores Cofap. Sempre achei, erroneamente, que essa raça famosa se chamasse Basset Hound; os dois cães têm suas semelhanças e o equívoco é até comum. O nosso - é macho - tem três meses de idade e se chama Tyrone. Idéia de minha mãe, que é fã de Backyardigans. O Tyrone da TV, porém, é um alce. Mas todos achamos o nome simpático.
Preciso dizer que o cachorrinho é uma graça? Ativo, brincalhão, carente - sempre quer a companhia de alguém e chora quando vê que vai ficar sozinho lá fora. Na foto a seguir, a carinha tristonha dele.





quinta-feira, 17 de abril de 2008

lembrem-se, lembrem-se

o anjo esquerdo da história (Haroldo de Campos)

os sem-terra afinal
estão assentados na
pleniposse da terra:
de sem-terra passaram a
com-terra: ei-los
enterrados
desterrados de seu sopro
de vida
aterrados
terrorizados
terra que à terra
torna
pleniposseiros terra-
tenentes de uma
vala (bala) comum:
pelo avesso afinal
entranhados no
lato ventre do
latifúndio
que de im-
produtivo re-
velou-se assim u-
bérrimo: gerando pingue
messe de
sangue vermelhoso
lavradores sem
lavra ei-
los: afinal con-
vertidos em larvas
em mortuá-
rios despojos:
ataúdes lavrados
na escassa madeira
(matéria)
de si mesmos: a bala assassina
atocaiou-os
mortiassentados
sitibundos
decúbito-abatidos pre-
destinatários de uma
agra (magra)
re(dis)(forme) forma
- fome - a-
grária: ei-
los gregária
comunidade de meeiros
do nada:
enver-
gonhada a-
goniada
avexada
- envergoncorroída de
imo-abrasivo re-
morso -
a pátria
( como ufanar-se da? )
apátrida
pranteia os seus des-
possuídos párias -
pátria parricida:
que talvez só afinal a
espada flamejante
do anjo torto da his-
tória cha-
mejando a contravento e
afogueando os
agrossicários sócios desse
fúnebre sodalício onde a
morte-marechala comanda uma
torva milícia de janízaros-ja-
gunços:
somente o anjo esquerdo
da história escovada a
contrapelo com sua
multigirante espada po-
derá (quem dera! ) um dia
convocar do ror
nebuloso dos dias vin-
douros o dia
afinal sobreveniente do
justo
ajuste de
contas



(Não chequei se podia colocar o poema sem autorização de alguém; se eu estiver infringindo alguma lei, sejam polidos e me avisem antes de um possível inquérito criminal. O mais que faço aqui é divulgar um autor nosso.)

terça-feira, 15 de abril de 2008

o lado bom

Não sei vocês, mas nesses tempos em que os dias de sol se tornam cada vez mais escaldantes e estimulam aqueles que preconizaram o aquecimento global a fazer a dança do "eu te disse", acho simplesmente maravilhoso curtir um tempo nublado e frio de vez em quando, dormir ao som da chuva e enrolado nas cobertas.
E neste final de semana estavam me contando sobre outras épocas em Capão Redondo...muito mato, bichos, árvores frutíferas...um clima meio de zona rural, mesmo. Coisa de 35, 40 anos atrás, nem é tanto tempo assim. E o tempo? Dá para acreditar que já houve geada por estas bandas? Invernos que faziam jus ao nome.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Por que tanto trânsito, por que hoje há acidentes como nunca nas ruas, nas estradas...nas calçadas? Causas, poderíamos atribuir várias, sair culpando pessoas, coisas, mas eu parei um dia diante da televisão e me pus para pensar...atente aos comerciais: são tantos anúncios de automóveis, carros e motos de todos os modelos e preços, mais atenção ainda: é cada vez mais fácil adquiri-los, tantas facilidades, anos de crediário, compre agora e só termine lá longe, e quem mesmo assim ainda não pode, aguarda ansiosamente o momento de ter o seu carro, ou a sua moto - o importante é ser seu - a ganhar as ruas da cidade que são tantas, porque sempre adoramos carros mesmo quando poucos podiam tê-los...e hoje o transporte público é deficiente...bem, o cidadão adquire o seu veículo e quer mais andar com ele por aí, é seu direito, o problema é que por aí está tudo parado, cada vez mais parado, de modo que hora do rush vem se tornando coisa do passado, os dias são um rush. Aí começa a batalha. Moto, por exemplo, fica presa em trânsito só se o condutor quiser. E mais e mais condutores não querem, os carros param e as motos avançam, a buzina quase estourando os ouvidos de todos, ai de quem se colocar no caminho, retrovisores e vidas em risco. E os veículos com quatro rodas ou mais se vêem igualmente impacientes: avançam sinal, fecham cruzamento, invadem pistas proibidas. O resultado sabemos, vemos nas ruas por onde passamos ou não. O que precisaríamos sobretudo era menos egos, uma coletividade que passasse a agir mais como tal.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Em pleno mês de abril eu fui sonhar com natal. Parece mentira, hahaha.
Pra piorar, o sonho foi tão, digamos, intenso, que, enquanto eu "estava" nele, pensei em colocar no blog alguma mensagem como, feliz natal a quem é de comemorá-lo. Algo assim. Do grupo que não celebra a festa me esqueci, mas garanto que não foi maldade.
O sonho, ou do pouco que lembro: havia até um grupinho vocal cantando músicas com mensagens natalinas. Eu não fazia parte dele, nem alguém conhecido.
Minha memória é tão boa em quase tudo, mas se recusa a funcionar quando o assusnto é sonhar. E até em sonho eu penso no blog: note-se que fiquei mais de dez dias sem postar.