domingo, 24 de janeiro de 2010

paulistana

Se a aniversariante de amanhã pudesse soprar velinhas, arrisco-me a dizer que seu pedido secreto seria o de pararem de chamá-la terra da garoa. Certamente muitos usam o apelido sem a menor noção de seu porquê, e nem pensam que ele já não faz o menor sentido. A chuvinha fina que não falhava nos outrora agradáveis finais de tarde paulistanos remontam a uma época sem ilhas de asfalto e concreto, em que a periferia braba ainda era zona rural. Pertence ao passado, como os bondes e os cursos d'água limpos e não canalizados e, da mesma maneira que estes, só existem hoje na memória de quem os viu, pois a ganância de uns assim o quis. Alcunha mais adequada seria terra das tempestades, ou dos contrastes absurdos. Mas seria péssimo marketing. A Califórnia é lembrada por suas praias, não pelos terremotos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

o direito de não dirigir

Minha carteira de motorista venceu na última semana e não tenho a menor pressa em pedir por sua renovação. Houvesse ainda algo em mim do adolescente que teve aulas de direção com o pai e mal podia esperar para pilotar quando quisesse, a coisa seria diferente. Cresci, amadureci e notei que não há nada de romântico em guiar um automóvel. Já devo ter cansado meus (poucos) leitores com minha posição crítica a esse respeito, mas lá vou eu retomar a temática "anticarro" novamente.
Dirigir bem consiste em evitar o próximo acidente. Impossível contar com a prudência alheia, ao se verificar o flagrante desrespeito às leis e as estatísticas assustadoras de acidentes de trânsito. E ainda há o tráfego intenso. Perde-se tempo e paciência como nunca em nossas ruas e avenidas, com óbvias consequências sobre nossa qualidade de vida. Mesmo quem não dirige sofre. A poluição nas grandes cidades hoje é causada principalmente pela fumaça emitida por automóveis. É dinheiro queimado, e assim chegamos ao ponto.
Os carros que tanto queremos dirigir, o combustível que os faz andar - boa parte de seu preço consiste em impostos. Nosso país tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. E é fato que essa enorme quantidade de dinheiro não é bem aplicada. Por exemplo: mesmo com todo a receita gerada pelo imposto sobre propriedades de veículos, muitos adotam como solução mágica para a conservação de estradas a sua concessão à iniciativa privada. Já quanto às cidades, o mesmo governo que incentiva a expansão de crédito para a compra de carros e motos não investe o suficiente em transporte público, como se movido por uma lógica de mercado que em absoluto cabe a quem deveria agir pelo bem comum. Pagamos e pagamos (inclusive na renovação de nossas preciosas carteiras de motoristas) para manter uma situação que não melhora. Pagamos para pagar mais, às vezes com vidas.
Não tenho interesse em voltar a esse jogo tão cedo, então, adio a renovação da bendita CNH o mais que puder. Já que não há pressa, planejo-me para, em meus deslocamenteos, ir mais devagar. E ao longe. Se há escolha, não se deve desperdiçar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

for the bible tells me so

O preconceito pode ser definido como uma reação de horror ao desconhecido, ao que não se pensa a respeito. Uma ideia repetida à exaustão pode ser tomada como verdade absoluta, dada a "autoridade" de quem a profere.
O documentário For The Bible Tells Me So mostra como algumas igrejas fomentam a intolerância aos homossexuais e como pais criados de acordo com a doutrina dessas congregações lidaram com o fato de seus filhos se revelarem gays. Entre os depoimentos, figura o de Gene Robinson, primeiro bispo anglicano assumidamente homossexual.
Altamente recomendado, o filme aparentemente não foi lançado no Brasil, mas encontrá-lo na internet, inclusive com legendas em português, não é tarefa difícil.

domingo, 10 de janeiro de 2010

aeronaves cruzam o céu. o som de seus motores encobre o de meu coração se partindo. o meu céu não tem estrelas.