sexta-feira, 27 de julho de 2007

a escotilha foi reaberta


Deve fazer pouco mais de uma hora que assisti ao final da terceira temporada de Lost. É, não deu pra esperar pela AXN, não. Tinha companhia e os últimos episódios - na verdade, um episódio duplo - baixados da net e mandei ver. Atrasei janta, banho (nesse frio!), enfim, parei tudo, como já tem sido costume para Lost, como nunca antes havia acontecido para nada na televisão. E...
Olha, não gosto de spoilers, evito todos sempre e a todo custo; seguindo esta lógica, não vou soltar nenhum aqui.
O que posso dizer é que não faltam emoção e tensão, como cabe à série. Estoura o grande confronto entre os sobreviventes e os Outros, pessoas inevitavelmente morrem, e no final...os escritores conseguiram. Conseguiram "abrir uma escotilha novamente". Falo assim porque, como ao final da primeira temporada, estamos diante de uma situação sobre a qual é praticamente impossível adivinhar e acertar na mosca sobre o que virá a seguir. No último episódio da temporada anterior, claro, bastante coisa ficou em aberto, mas era evidente que os até então bastante misteriosos Outros mostrariam mais as caras, e os dentes. Mas agora, hoje, ao pensar na série, só consigo pensar: o quê?
Lost até agora:
1a. temporada - adaptação à ilha
2a. temporada - a escotilha
3a. temporada - os Outros
4a. temporada - um enorme ponto de interrogação
A série está totalmente em aberto. A sensação é de que se parte para um novo começo. Num primeiro instante, as questões e conjecturas sobre os personagens e a ilha parecem não fazer mais tanto sentido. E falta muito, muito mesmo, para um novo episódio aparecer - fevereiro de 2008, nos EUA - e nos arrastar de volta àquele mundo que às vezes dá vontade de xingar, mas do qual nós, fãs fanáticos, não podemos mais deixar de ficar sem, não até o final definitivo, daqui a três anos. Final que não faço a menor idéia de como será. E isso faz parte do encanto, do arrebatamento da série.

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É a quarta vez que cito Lost diretamente neste blog. ;)

terça-feira, 24 de julho de 2007

ratatouille


É preciso ser meio ranheta para não gostar dos trabalhos da Disney/Pixar. Tecnicamente, a qualidade das animações melhora a cada filme; parece não haver limites para o aprimoramento de cenários, movimentação de personagens e outros detalhes que os olhos do espectador embasbacado podem captar. E as histórias, via de regra, têm bom apelo sobre o público em geral, sem parecer muito bobas aos adultos que levam suas crianças ao cinema, ou os que vão por sua própria conta. Ratatouille é ótimo exemplo. E digo mais: a história do ratinho cozinheiro está a par com as melhores produções da casa, como Toy Story, Procurando Nemo e Os Incríveis.
O protagonista Remy - não, seu nome não é Ratatouille, o título se explica mais para o final do filme - possui paladar muito mais apurado que o dos outros ratos, que logo o consideram "fresco" por se recusar a comer qualquer coisa, como eles. Um dia, ao entrar numa casa à procura de comida boa, conhece a história do renomado chef Auguste Gusteau (nome espetacular!), conhecido não somente por sua boa cozinha, mas também pela sua teoria de que "qualquer um pode cozinhar". Remy decide se tornar ele mesmo um cozinheiro, também.
Gusteau, porém, tem a carreira destruída pelo implacável crítico Anton Ego, opositor declarado de suas idéias, e morre pouco tempo depois. Seu fantasma (?) acompanha Remy numa jornada até Paris, onde está seu antigo restaurante. Mas como um rato pode ser bem-sucedido numa cozinha, ainda por cima de restaurante? Escondido, é claro, mais precisamente sob o chapéu do mais novo contratado do Gusteau's, o atrapalhado Linguini. Essa dupla tem a chance de fazer o restaurante voltar aos seus saudosos brilhantes dias.
Se compararmos a sessão de cinema de Ratatouille com o pedido de um fino restaurante, podemos dizer que o delicioso prato principal inclui dois ótimos acompanhamentos: como entrada, o ótimo Quase Abduzidos, o tradicional curta-metragem da vez, e um pequeno aperitivo, o trailer de Wall-E, a ser lançado em 2008 e que tem tudo para ser o filme mais sombrio lançado pela Disney, com ou sem Pixar.
Em tempo: em vez do pôster que tradicionalmente acompanha meus posts de cinema, temos acima uma cena do filme. É que a Paris de Ratatouille é mesmo encantadora e merecia ter uma imagem estampada por aqui.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

o fim de acm

Eu não gostava de Antônio Carlos Magalhães. Assim como a maioria das pessoas dotadas de algum bom senso em relação ao que acontece nesta terra.
Ele era um dos mais notáveis exemplos sobre o que há de pior na política brasileira. Apoiou e tomou parte de quase todo governo brasileiro desde a ditadura militar - só com Lula as coisas não deram muito certo. Era médico de formação, mas foi ministro das Comunicações e presidente da Telebrás, dominando esse estratégico setor à sua maneira e de seus aliados.
E ainda posava como grande pai do povo baiano, quando sempre foi evidente a única causa que respaldava: manter a influência de seu grupo político, cujo principal expoente era ele próprio.
Agora, está morto. Pensamentos como "já vai tarde" e sobre vasos ruins escapam, ainda que sem querer, pois morte e o conseqüente pesar que se abate sobre familiares e amigos da vítima não são coisas que se desejem, assim aprendemos. Porque é bom recordar que, fosse quem fosse, o falecido era humano e tinha seus sentimentos. Suas idas e vindas a hospitais nos últimos tempos indicam que ACM sofreu e sofreu até receber o mais definitivo dos remédios.
Eis o que é sua morte. Ela não significa trajetória interrompida, como a de seu filho, nove anos atrás. O que ACM fez está feito, bem ou mal, dependendo da perspectiva. Querer-lhe o fim da vida como grande castigo, revanche, não era apenas condenável segundo várias correntes de pensamento, mas também completamente inútil. Seu modo de fazer política resistirá, ainda que seus seguidores não mais o tenham como exemplo vivo. E, mais importante, as conseqüências de um dia ter havido ACM custarão a morrer. O povo baiano chorará sua partida em cortejo público e ao tempo de luto que se seguirá. Por muito tempo lembrarão o grande herói que fazia tudo por sua terra amada e se comovia com as demonstrações de afeto rendidas por seus "filhos". E pouco importa se o meu, o seu esclarecimento martele em nossas cabeças o quanto isso era falso, que em boa parte do país, especialmente a mais sofrida, o controle de difusoras de rádio e televisão e o poder político tenham o mesmo dono.
E pouco importa se também nos cansamos de ouvir as mesmas bocas bradando por princípios éticos e democráticos quando estes lhe convinham: as mesmas que se calavam diante das atrocidades cometidas durante as épocas mais escuras de nossa história, talvez cheias após terem se fartado com os ganhos de um modo de governar que pode ter selado para sempre miséria para uma parcela considerável de brasileiros.
ACM vai descansar depois de um longo período de labuta, como alguém honrado. E nós continuamos por aqui, lutando sob o legado dele e de tantos outros para nosso amado país.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

downtown

Música bastante conhecida na voz de Petula Clark. Está aqui porque estou cada vez mais perdido em Lost...e porque eu agora conheça uma Downtown para mim.
When you're alone, and life is making you lonely
You can always go
Downtown

When you've got worries, all the noise and hurry
Seems to help, I know
Downtown

Just listen to the music of the traffic in the city,
Linger on the sidewalk where the neon signs are pretty
How can you lose? The lights are much brighter there...
You can forget all your troubles; forget all your cares, and go
Downtown -- things will be great when you're
Downtown -- you'll find a place for sure
Downtown -- everything's waiting for you

Downtown .... Downtown...

Don't hang around, and let your problems surround you,
There are movie shows
Downtown
Maybe you know some little places to go to
Where they never close
Downtown
Just listen to the rhythm of a gentle Bossa Nova
You'll be dancing with 'em too before the night is over,
Happy again...
The lights are much brighter there,
You can forget all your troubles; forget all your cares, and go
Downtown -- where all the lights are bright
Downtown -- waiting for you tonight
Downtown -- you're gonna be all right now...

Downtown...Downtown...Downtown...

Downtown!

Downtown!

And you may find somebody kind to help and understand you;
Someone who is just like you and needs a gentle hand to
Guide them along...
So maybe I'll see you there,
We can forget all our troubles; forget all our cares, and go
Downtown -- things will be great when you're
Downtown -- don't wait a minute more
Downtown -- everything's waiting for you...


terça-feira, 17 de julho de 2007

o destinatário sabe...

Como é capaz de me dizer tanto sem pronunciar sequer uma palavra? Se busco parecer indiferente a você, minto, pois sua mensagem, somente eu a recebo dessa forma que não ouso tentar descrever. Na realidade, ela sou eu.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

verídica, infelizmente

Madrugada, poucas horas para o início do dia. Uma vizinha bate à porta de uma família muito amiga sua, em total desespero. Ele pede ajuda, ainda que em prece. Diz que sua filha, que estuda no interior, tinha sido seqüestrada. Em sua casa, estariam conversando com o seqüestrador. Tinham ouvido também a menina, aos prantos. Da casa onde agora todos estão despertos, a mãe sai, acompanhando a abalada vizinha.
Volta alguns minutos depois. Tinham conseguido falar com a garota na casa que divide com outros estudantes. Ela está bem.
Nunca houve seqüestro. Era um golpe.
Tarde da noite.

domingo, 15 de julho de 2007

aos olhos

Entre as nuvens escuras, espessas, havia como que uma pequena fenda, um fio azul em meio ao cinza, quase negro, que faltava pouco para a noite. E lá se via uma estrela.

sábado, 14 de julho de 2007

superman: entre a foice e o martelo

Nesta minissérie em três edições com o selo Túnel do Tempo, o foguete trazendo o bebê que se tornará o Homem de Aço cai na União Soviética, e o kryptoniano cresce como um herói do regime comunista. Quais as conseqüências disso para o mundo? O papel de guardião do socialismo será suficiente para aquele que, em outra realidade, teria sido o maior herói do mundo?
A mitologia do Super-Homem transposta de maneira excepcional para o contexto da Guerra Fria. Também comparecem versões de outros medalhões da DC Comics.
O gibi foi publicado em 2004, eu o adquiri à epoca do lançamento, mas só agora tive a decência de tirá-lo da pilha "a ler". Um ou outro dito popular devem garantir-me o perdão.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

credo

Às vezes, quando os típicos problemas de minha vida, aqueles que a tornam tão unicamente difícil, me assolam e por muito pouco não me deitam ao chão, prostrado, eu queria ter alguém a quem recorrer. Digamos, alguma entidade superior, a quem eu recorreria em prece e, bem, se tudo magicamente não se resolvesse, ao menos magicamente me sentiria mais tranqüilo, mais em paz, por acreditar que minhas palavrinhas teriam chamado a atenção de um deus e de seu exército de bondade e eles olhariam por mim e uma solução para o mal estaria mais próxima. Mas não pode mais ser assim: não sei mais se creio em entidades superiores a se ocuparem dos seres humanos. Seres além da compreensão, caso existam mesmo - é uma questão sobre a qual prefiro não me manifestar - teriam mais e melhor a fazer que ocupar-se do coitado e arrogante ser humano, que por montar umas pecinhas de matéria e por mudar tudo ao redor para uma vida confortável para si mesmo se julga tão inteligente. Ora, se é tão esperto assim, que aprenda a cuidar melhor de sua saúde mental, mandando às favas o pânico paralisador. O problema é seu, e não da natureza, de Alá, de Baal, ou qualquer outro equivalente. O homem precisa ter força. Eu preciso ter força. E competência.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

quarteto fantástico e surfista prateado


Nos cinemas, a Marvel decidiu: Quarteto Fantástico não é para ser levado a sério. Enquanto cinesséries como Homem-Aranha e X-Men têm apresentado equilíbrio entre seqüências de ação e momentos dramáticos, garantindo momentos memoráveis e que valem a revisita, as aventuras da família fantástica são marcadas por um clima leve, descompromissado, situações engraçadinhas surgindo mesmo nos momentos de maior tensão, como se assistíssemos a algum sitcom estrelado por superpoderosos. Ou ainda, já que falamos de filmes, a alguma inócua sessão da tarde. Duro é pensar que havia potencial para mais.
Os pequenos dilemas humanos dos quatro protagonistas são tratados de forma rasa - mesmo para um filme de justiceiros fantasiados. Ficamos sabendo que Sue, às vesperas do casamento, anseia por uma vida normal, sem supervilões ameaçando sua felicidade. Reed, o noivo, tenta conciliar os deveres com sua amada e as exigências de trabalho à sua mente privilegiada. O imaturo e mulherengo Johnny observa Ben e Alicia juntos e sente falta de um relacionamento do tipo em sua vida...mas são informações randômicas em meio às piadas.
Está bem, a receita "divertidinha" funciona no filme anterior, ainda que de maneira irregular, e na primeira metade dessa seqüência, garantindo diversão satisfatória - mesmo a troca de poderes rendeu bons momentos - mas a coisa desanda após o retorno do Doutor Destino, justamente quando deveria esquentar. Nos gibis, ele é um vilão espetacular, inteligente e de fala pomposa(?). No filme, Destino é só um cara com ar arrogante e sacana. A canastrice do ator também não ajuda.
A grande decepção, porém - grande mesmo - é Galactus. Concebe-se o Devorador de Mundos no filme como uma nuvem cósmica na qual apenas se vislumbra, por um breve instante, a silhueta do capacete utilizado pelo gigante antropomórfico dos quadrinhos.
Mesmo o Surfista surge subaproveitado. Visualmente, ele é um primor, como já se via nos trailers. Grande trabalho foi feito em mesclar o gestual de Doug Jones e a voz (alterada) de Laurence Fishburne para a composição do personagem. Mas ele mesmo é raso, como quase tudo no filme. Um personagem cujo nome está no título da produção poderia ter um background mais interessante.
Não falha a memória, Sue diz algo sobre a família cansar. E ela está certa. O modo Quarteto Fantástico de fazer filmes não segura uma série sólida de longas-metragens, ao contrário de cinesséries de heróis mais bem-sucedidas, justamente por terem mais a oferecer. A decisão sensata, em termos criativos, sem levar em conta somente lucro fácil, seria parar neste segundo filme. Melhor sorte a outros heróis - Surfista Prateado é uma boa opção. Para dar certo, o ideal seria reaproveitar a dobradinha Jones-Fishburne e, sobretudo, levar o personagem um pouco mais a sério.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

pedido especial

por um motivo também especial...

Agora que o mundo todo se recolhe, peço-lhe também que descanse. Encolhido diante de sua cama, em silêncio, suplico que sua vida encontre paz. Em silêncio, pois sei que minhas palavras, não é capaz de compreendê-las. Afinal de contas, não sei realmente se é você quem necessita de paz, pois, no fundo, não tem culpa por seus arrebatamentos. Se eles simplesmente ocorrem, não faz sentido exigir qualquer controle. Não há. Isso é você. Isso é sua vida e é impossível saber seu nível de consciência a respeito dela. O correto talvez seja pedir não por você, mas por mim. Pedir por algo sobrehumano, sobre mim, que me permita maior aceitação e uma melhor vida a seu lado. Chega a noite e o mundo se recolhe. Que todos descansemos bem e eu acorde melhor e mais capaz. É o que pode ser feito.