terça-feira, 17 de outubro de 2006

sinfonia de outubro

Há algo diferente soando a meu redor.
Ainda há pouco, chovia, e nada se ouvia além da água a atingir o chão, os telhados, tudo que lhe interrompesse a queda.
E quando a chuva por fim cessou, quando se esperava um momento de total silêncio, surgiu um novo som. Não é som da natureza, como água caindo. Curioso, busco ouvi-lo mais atentamente, saber do que se trata.
Logo o identifico. É música.
Essa canção, eu a percebo como o primeiro movimento de uma peça orquestral inédita. Poucos instrumentos são necessários para sua execução. Eles cantam docemente. Apenas o começo.
Antes da música, já havia outro som. Os músicos afinavam seus instrumentos antes da grande aparesentação. Isso, porém, levou tempo. A espera me deixou inquieto. Aquilo não era música! Parti, e foi como se deixasse minha poltrona na sala de espetáculos sem intenção de retornar. Não demorou para que a chuva caísse, encobrindo qualquer outro ruído.
Agora, a introdução de uma obra sinfônica. Avidamente aguardo o que virá a seguir. Melodias leves, agradáveis, como boas conversas. Trechos tensos, toda a orquestra em fortíssimo, acordes dissonantes. Ah, talvez um grandioso tema capaz de ecoar na mente por um bom tempo, ainda que seja executado uma única vez durante toda a peça.
Gosto de pensar nessa última possibilidade. Mas, acima de tudo, alegra-me saber que há, de fato, música soando aqui. Não estou ouvindo demais: é uma agradável surpresa.

Nenhum comentário: