segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O carnaval parece a época perfeita para uma boa "limpeza" no blog. Vamos lá.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ônibus executivo, transporte especial...e o que temos hoje

Falemos com franqueza, o transporte coletivo em São Paulo é ruim. Ruim demais. E piora a olhos vistos. No caso específico de ônibus e lotações, pagam-se absurdos R$ 2,70 para andar feito sardinha em lata - a menos que o passageiro tenha a felicidade de escapar dessa sina nas pouquíssimas linhas não superlotadas da cidade. Mas das ruas congestionadas e das faixas exclusivas e corredores ineficientes, dessas não há como fugir.
Creio que o transporte público sempre tenha sido problemático, com a possível exceção, talvez, da época em que os saudosos bondes circulavam por uma área urbanizada muito, mas muito menor que a de hoje. Algumas soluções de um passado não tão distante cuja lembrança simplesmente me surgiu poderiam dar algumas ideias para atacar o problema.
Trata-se de um tipo de transporte diferenciado, mais confortável que o ônibus ou a lotação comum. Ele ainda existe em longos trajetos intermunicipais. Para transporte específico na cidade de São Paulo, houve no mínimo duas encarnações desse modelo.
(Eu queria enriquecer este post com algo mais que minhas lembranças sobre o assunto, mas não achei nada na internet sobre esses coletivos. Nada.)
Dos ônibus executivos não me lembro muito bem, acredito que não cheguei a entrar em algum deles. Circularam em meados ds anos 80. Recordo-me de uns carros amarelos, com uma única porta e assentos diferenciados, possivelmente de couro. Havia a linha 7192 (Jardim São Luiz-Praça Ramos), que saía das proximidades do Centro Empresarial (conjunto de escritórios mais antigo que qualquer prédio da Berrini), passando pelas avenidas Giovanni Gronchi e Morumbi e seguindo para o centro acessando a avenida Cidade Jardim e seguindo quase em linha reta até a rua Augusta.
Em substituição ao modelo executivo, surgiu na gestão de Luiza Erundina o transporte especial. Na época, ônibus comuns passaram a ser brancos com um "M" cuja cor variava de acordo com a região onde a linha tinha seu ponto inicial. Os "especiais" eram sempre bicolores - verde e cinza - e tinham um E grande. Eram ônibus como os utilizados em viagens turísticas que percorrem longas distâncias, semelhantes aos atuais fretados - cuja circulação Gilberto Kassab restringiu meses atrás. A tarifa era quase o do dobro da cobrada em um ônibus comum. Havia linhas saindo do terminal Tietê que chegavam aos bairros mais distantes da zona sul. A linha que fazia o trajeto do Valo Velho até a rodoviária fazia percurso semelhante ao antigo executivo, com os óbvios complementos para atingir os extremos de seu percurso. Foi também uma das primeiras a ser extinta. Acredito que em 2000 já não havia mais nenhum nas ruas.
Em seu lugar, nada. O espaço desses ônibus nas ruas (e muito mais) foi tomado por automóveis. E quem dirige não abre mão de andar num ônibus superlotado. Fica realmente difícil convencer alguém de abrir mão do carro sob esse ponto de vista, mas andar sozinho em veículos de passeio cada vez maiores está longe de resolver a questão. Serve mais para o ego.
E ideias, há. Vans mais confortáveis para pequenos trajetos, interligando, por exemplo, bairros do centro expandido, aqueles em que estão os empregos e a adesão ao transporte público por parte dos moradores é quase zero. Pelo maior conforto em relação ao transporte comum, poderia ser praticada uma tarifa maior. Ainda assim, sairia mais barato que a gasolina do carro. E com uma boa aprovação do modelo, as ruas ficariam mais seguras e o trânsito, menos caótico. Com as grandes avenidas mais tranquilas, os ônibus diferenciados poderiam voltar, sejam fretados, sejam sob a gestão da SPTrans. Nada disso anularia o investimento nos coletivos tradicionais, com a readequação de corredores de ônibus e melhoria na frota. Até os sofridos trólebus teriam sua vez, com a manutenção e ampliação de sua rede (ônibus elétrico é silencioso e não polui). Falando em menos trânsito e menos poluição, mais estações e terminais de ônibus poderiam ter bicicletários seguros.
Tudo muito bonito e hipotético, infelizmente. Pois a palavra-chave que acompanha os (raros) discursos sobre transporte público é megaobra. Grandes negócios para quem constrói e quem manda construir. Metrô é ótimo, rápido, porém caro e de construção demorada. O caminho da dignidade para os trens metropolitanos também parece longo. E volta e meia surgem as ideias mirabolantes. O grande exemplo é o antigo Fura-Fila, depois Paulistão, hoje Expresso Tiradentes, e que já mereceria nome novo, pois o corredor elevado de ônibus não chegará mais à distante Cidade Tiradentes, na zona leste. O que foi implantado fica como está; o resto será uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), a nova febre dos gestores paulistas. No embalo da Copa do Mundo de futebol no Brasil, anunciou-se até a construção de um trem leve (ou bonde moderno, para alguns) que ligasse o Aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi. A conferir se os endinheirados vizinhos do campo aceitam. Outras linhas substituiriam corredores de ônibus implantados e outros que só ficaram no papel.
Enquanto isso, o transporte coletivo sobre rodas segue em sua situação de quase abandono, lembrado pelas autoridades somente em época de aumento de tarifa, como o de dias atrás, ou quando se aumentam os subsídios para as viações urbanas, ação política que antes premia as empresas por seus péssimos serviços. E o trabalhador da periferia distante que conta somente com os desprezados coletivos para chegar ao trabalho ou a algum equipamento de lazer sofre um tanto mais a cada dia.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

adeus, jornalões

A cada semana eu levava o jornal de domingo com mais gosto para forrar o chão onde o cachorro faz suas necessidades. O número de páginas de seus cadernos aumentava periodicamente não porque havia mais pautas, e sim mais anunciantes. Da mesma forma, ele encolhia em feriados. Em vez de trazer mais matérias para o leitor com tempo livre, ocorria exatamente o oposto, como se o país e o mundo tirassem férias. Os anunciantes também rareavam, haveria alguma misteriosa relação? E mais: estávamos levando menos papel para casa, mas o preço era o mesmo de um domingo sem folga.
É que o negócio não é mesmo informar. Ou as manchetes não seriam tendenciosas, nem os colunistas despejariam opiniões tão irrelevantes. Melhor nem comentar os editoriais, diga-se apenas que se tratam de um bom reflexo do todo. O jornal inteiro parece um grande editorial, na realidade...quem dera os amores e frustrações de quem escreve ficassem restritos ao espaço delimitado para tal. E é tudo mal escrito: os erros de português incomodam pela quantidade, deixam uma impressão de coisa malfeita, amadora.
Decidi valorizar mais meu dinheiro, ainda mais em se tratando de algo tão precioso como a informação, que, aliás, encontro de qualidade e de graça na internet. E se leio alguma bobagem, pelo menos não mexi no bolso. O duro vai ser encontrar um substituto à altura para forrar o chão. Há muita semelhança entre o que o cachorro faz e as folhas impressas em que ele se aliviava.