quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Eu estava deitado na cama de meus pais, num quarto bastante semelhante àquele em que eles dormiam, mas um tanto maior. Era fim de tarde, talvez umas quatro horas. A luz do sol atravessava as cortinas cerradas e chegava fraca até o leito. Eu iria tirar um bom cochilo.
Prestes a adormecer, fui desperto pela chegada de outra pessoa ao quarto, que havia se deitado também. Eu a conheço de vista - e de voz, porque canta. Possui um corpo moreno, bonito, escultural mesmo.
Dormiu instantaneamente, ao que parecia. Estava de costas para mim. Num dado momento, virou-se em minha direção. O peito estava nu, cabe mencionar. O mamilo direito se encontrava bem diante de meus olhos.
Desejei aquele corpo como nunca. Aproximei-me, buscando senti-lo junto a mim de alguma forma. Mas a bela figura, ainda em seu sono, afastou-se. Desisti; virei-me para o outro lado.
Pouco depois, ainda sem dormir, notei que me roubavam o lençol. A criatura, até então apenas parcialmente coberta, enrolou-se nele por completo. Senti-me provocado, invadido em minha resignada quietude. Decidi agir.
Ergui-me da cama. Arranquei minha blusa, que, de tão fina, mais lembrava uma camiseta de mangas compridas. Vestia, ainda, uma camisa - como eu não sentia calor antes? Fui até o guarda-roupa apanhar outra coberta. Aquela seria minha. Em poucos minutos, eu a estenderia discretamente sobre a cama toda e de maneira lenta e progressiva me aproximaria daquele corpo...o sentir...o toque...
Acordei com o dia raiando e não tive mais sono.

sábado, 25 de novembro de 2006

imagético

(devia haver uma foto aqui...)



Queria encontrar-me, dizer 'eu me amo' com mais freqüência.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

calado!

Mais um sonho esta noite. Só que ele é impublicável. Não adianta insistir.

Uma pena, viu? Porque o texto ficou muito bacana ;)

meu medo é esquecer

Meu medo é esquecer; não mais atinar com fatos cotidianos, tudo embaçado ao meu redor. Virar páginas e páginas apenas para verificar a perda das lições passadas. Não saber mais do que me torna quem sou. Abrir os olhos e perceber-me velho, cinzento, empoeirado. Um casarão abandonado que viu uma enorme família crescer e hoje nada possui que faça recordar a alegria de outrora.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

noventa

Músicas dos anos 90 que tocaram no rádio essa noite...e sobre as quais queria dizer umas palavrinhas.


A Letter to Elise

Até agora, a música do Cure que mais ouvi na vida. É que o clipe passava direto na MTV entre o final de 92 e o começo de 93. Eu era fã, mas passei anos sem ouvi-la. De uns tempos para cá, venho descobrindo algumas das maravilhas que a banda produziu ao longo dos anos 80 e, numa comparação baseada em minha memória, A Letter to Elise perdia feio para essas "velhinhas". Mas meu ouvido era outro á época do hit...uma nova audição e agora faço justiça. A Letter... é uma bela e melancólica canção. Não compreendo toda a letra, mas os vocais de Robert Smith se encarregam de atribuir à melodia o tom pesaroso exigido. O leve acompanhamento instrumental também merece nota. Como resultado, temos aí outro clássico do Cure e uma das mais belas músicas do começo da década passada.


Tears of a Dragon

Iron Maiden, todo mundo conhece. É célebre mesmo entre seus piores detratores. Em meados da década de 90, o então vocalista Bruce Dickinson se afastou da banda - divergências artísticas eram a causa oficial padrão dessas saídas; não me recordo bem, mas deve ter sido essa a razão alegada nesse caso também. Em pouco tempo, ele se lançou em carreira solo. Não ouvi o disco todo, mas, inegavelmente, o hit Tears of a Dragon poderia figurar entre um dos trabalhos do Iron. A voz de Bruce está lá, e tudo mais soa como a banda. Apenas os instrumentistas são outros. Quanto à música, nada de mais, assim como Iron Maiden não tem nada de mais. Nunca fui ou quis ser metaleiro.


Crazy

O Aerosmith ressusrgiu do pó - livre interpretação - no final da década de 80, trazendo de volta sua formação original e tendo em mãos a fórmula do sucesso: gravar hits ao gosto dos adolescentes. OK, de vez em quando surgem composições mais inspiradas, mas, em geral, é um pop rock sem grandes variações entre uma faixa e outra da coletânea de maiores sucessos. Apenas divida-os em dois grupos: o pop mesmo (por falta de denominação melhor) e as lentas. Crazy é das lentas. O negócio aqui é falar de amor e filmar videoclipes contando histórias de lindos jovens. Crazy tem Alicia Silverstone e Liv Tyler - filha do vocalista da banda, Steve, e então futura Arwen Undómiel - curtindo a vida juntas, grandes amigas que são, divertindo-se entre si, ou com alguns moços, essas coisas. E viva a juventude: ela garante os milhões na conta bancária dos velhinhos do Aerosmith.


November Rain

Pretensão. Egolatria. Isto é Axl Rose. Os que se lembram desta canção e de seu videoclipe, e são também dotados de algum bom senso, não podem discordar. A música: nove longos minutos pouco inspirados (mas que agradavam a molecada...) alternando piano, orquestra, coro meia-boca, o indefectível vocal esganiçado de Axl e solos sonolentos do superestimado Slash. OK, a parte final é passável, e só, mas e chegar até ela? O megalômano clipe: Axl vê (revê?) seu casamento em sonho. A noiva, coitada, aceita entrar na igreja com um vestido que não lhe cobre as pernas. O padrinho, Slash, após entregar ao noivo a aliança - na verdade, um anel de roqueiro - deixa a nave e vai tocar guitarra no deserto. Contra o vento, óbvio. Ah, convém lembrar aqui que os pombinhos do vídeo se uniram na vida real também. Em alguns meses se divorciaram. No clipe, o matrimônio termina de forma mais trágica: a noiva morre pouco depois da cerimônia. Uma questão de dias, talvez, não fica claro. Para quem acha que exagero ao falar em mania de grandeza, tem mais. Entre casamento, solos na areia, festinha e velório, são exibidas algumas cenas da banda - Guns n' Roses...é a primeira vez que os menciono - num show. O visual de Axl no palco lembra John Lennon.
Sucesso absoluto na MTV à época. Totalmente esquecível. Que é do Sr. Rose agora?

domingo, 12 de novembro de 2006

Raramente sonho, e quando acontece, é isto: mal me lembro do que vi. Quem sabe escrevendo não trago de volta alguns detalhes.
Protagonistas: eu e um colega - que eu não esperaria me aparecer em sonhos. Estávamos envolvidos numa dessas brincadeiras em que um procura irritar mais o outro e vice-versa, por meio de comentários jocosos. De algum modo, a coisa se tornou física, com tapas e coisas do tipo. Não era briga. Num movimento mais brusco de minha parte, não sei bem como, ele acertou a cabeça num poste. Em cheio. (Estranhíssimo, pois, ao que me lembro, estávamos o tempo todo na sala onde costumamos nos ver...bem, era um sonho.)
Curiosas, as pessoas ao redor correram ao local do incidente, ver como o rapaz estava. Ele se levantou rapidamente. Estava bem. Checou a armação dos óculos, que haviam se danificado um pouco, e seguiu com o grupo quase como se nada houvesse acontecido. Quase, pois ele já não me dava mais atenção, mesmo que eu ainda o provocasse. Havia um fio de sangue escorrendo de sua testa, único vestígio do choque - ele havia guardado os óculos.

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

notas felizes

E já se vão três meses desde minha estréia como solista no coral. Ontem, em mais uma apresentação, tive novamente a chance de ser o astro - meu solo é dividido em duas partes e no total tem uns trinta segundos de duração, mas tudo bem. Após o concerto, quando já estávamos, eu e o coro, uma garota se aproximou de mim. Ela disse que me viu como solista no dia de minha estréia e que se arrepia ao ouvir minha voz...para ela, eu já era um artista, como ela também afirmava ser. O ego acariciado, agradeci o carinho, e ela se foi, afirmando que ainda gostaria de me ouvir muitas vezes.
Puxa vida. No momento, me considero um cantor em construção. Ao cantar, no coro ou nas aulas, penso quase exclusivamente em técnica. Em minha boca, as melodias não possuem minha cara, minhas emoções - com a possível exceção de meu medo de errar. Entretanto, já ouço um elogio desse nível. Pergunto-me o que dirão quando eu estiver mais seguro.

***

O blog faz um ano hoje.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

pós-feriado, agora com divagação

Como mencionado anteriormente, dormi por quatorze horas seguidas. Meu período de sono mais longo até hoje.
Por volta de sete da manhã, acordei e, tendo tomado consciência do tempo que havia passado desde minha decisão de ir para a cama, ainda na tarde anterior, lembrei-me de algo ocorrido em 1986 - socorro, minhas recordações mais antigas já remontam a duas décadas!
Eu ainda estava na primeira série, estudava de manhã. Nesse dia cheguei em casa um pouco doente; o que tinha, não faço mais idéia. Comi, provavelmente menos que o normal, e em pouco tempo estava deitado. Já era noite quando acordei, entre sete e oito horas. Estava bem. Parecia-me ter dormido por mais de um dia. Por um instante, tal impressão me deixou aflito. Teria eu perdido aulas? A preocupação logo passou, e tudo seguiu seu rumo habitual.
Doce lembrança da mais doce das épocas. Eu amava a escola, e adorava mais ainda tirar notas altas. Ah, era inocente a ponto de crer que uma doençazinha de nada me poria de cama por um período prolongado. Sempre fui tão saudável! Mais ainda, temi que, se de fato me acontecesse algo de grave, meu aproveitamento escolar seria irremediavalmente prejudicado.
A ingenuidade é, talvez, a característica mais divertida da infância: lembrei-me sorrindo do que acabei de relatar. O tempo passa, porém, e se encarrega de criar situações capazes de liquidar nossa inocência em partes, até que esta suma por completo.
Devo ter fugido de várias "tocaias" do destino a fim de manter minha puerilidade intacta. Ao menos, enquanto havia esconderijos, e esses podem ter resistido por tempo demais.
De qualquer forma, a hora sempre chega. A hora de mudar.

pós-feriado

Passei o feriado em Londrina (PR), em viagem com o Zíper. Festival de corais. Após três dias de sono irregular, embarques e desembarques, ensaios além da conta - porque sempre há quem ache que vida de artista é apenas glamour - as apresentações correram dentro das expectativas e, na madrugada de domingo, partimos em direção a Campinas.
Chegamos no começo da tarde de ontem. Tudo que eu queria era um bom café da manhã atrasado e deixar o almoço para o horário da janta. Mas só havia leite em casa, e eu teria de andar muito sob o sol para conseguir pão. Apenas bebi. Estava sozinho em casa e, para passar o tempo, tentei ler um gibi. O cansaço não permitiu. Logo chegou gente, e fomos comprar comida. Almoçamos em casa. Conversamos um tanto, ouvimos música, eu sempre estirado no sofá. Eram cinco horas quando fui para a cama. Acordei, já era hoje, sete da manhã.
Participar de festivais de coros tão longe de casa é desligar-se do mundo exterior por alguns dias. O tempo todo, ou estamos pensando em cumprir os compromissos do evento, ou não se pensa absolutamente nada, pois é preciso descansar minimamente para os próximos concertos. Agora me chegam algumas notícias do mundo. O São Paulo me deixa contente com a vitória sobre o Santos no domingo apenas para me supreender negativamente com o empate de quarta com a Ponte Preta. Em nome de um estado iraquiano democrático, Saddam Hussein será enforcado. Um projeto de lei quer exigir identificação prévia de usuários de Internet. Entre outras tantas novidades, agradáveis ou não. Devagar, volta-se à vida.