sábado, 29 de janeiro de 2011

visibilidade trans

Hoje, 29 de janeiro, é o Dia Nacional da Visibilidade Trans. A justificativa para a escolha da data colhi do site A Capa, e apresento a seguir.

No dia 29 de janeiro de 2004, 27 ativistas trans entraram no Congresso Nacional para o lançamento da campanha nacional "Travesti e Respeito". Além do ato ousado, foi neste mesmo dia que o coletivo de ativistas fundou a Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Rio de Janeiro (ASTRA), que hoje se configura como uma das principais entidades de luta dos direitos trans. Por conta disso, é que se comemora em 29 de janeiro o Dia Nacional da Visibilidade Trans.

Uma transexual apareceu no reality show da Rede Globo. Poderíamos pensar, quer visibilidade maior que essa? A participação dela, porém, parece ter causado ainda mais confusão na cabeça do povão no que diz respeito aos conceitos de orientação sexual e identidade de gênero. Os tweets de meu amigo Jiquilin, a seguir, mostram o que quero dizer.



A presença de Ariadna não foi acompanhada dos devidos esclarecimentos sobre sua condição. O que não surpreende de uma "atração" de uma emissora que não oferece mais que entretenimento banal - e discutível.
Aí ficou aquela salada: mãe perguntando ao filho gay se ele quer "virar mulher", gente achando que travesti e transexual são a mesma coisa.
Se a televisão não vai nos dizer de fato sobre a experiência de vida de um transexual ou de um travesti, que a busquemos de outra maneira. E este simples blogueiro quer oferecer sua contribuição nesse sentido.
O básico do básico é tentar entender as diferenças Este editorial do E-Jovem é muito instrutivo.
Para entender melhor a transexualidade, as recomendações são as seguintes: assistir ao documentário Meu Eu Secreto, o filme Transamerica e ler o livro O Que é Transexualidade, da pesquisadora Berenice Brito.
E sobre travestilidade, vale conferir a ótima entrevista que a revista Trip fez com o cartunista Laerte, que no ano passado apareceu pela primeira vez em público em roupas femininas e se dispõe a debater o assunto com a seriedade necessária.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

o filme deu origem à série. peraí, a série é o próprio filme!

E lá vamos nós descer a lenha na emissora mais assistida do país de novo. "Nossa, você gosta de descer lenha na Globo, hein?" Gosto mesmo! Enquanto ela der trela e fizer o telespectador de trouxa - e continuará fazendo - critico com gosto.
Semana passada a tevê dos Marinho anunciou e exibiu uma série brasileira inédita, o Bem-Amado. Pensei comigo, nossa, será que refilmaram a série original, nessa onda de remakes? Notei que o papel de Odorico Paraguassu era de Marco Nanini, como no filme exibido recentemente nos cinemas. Até aí, não achei nada de mais. Então, durante a semana, me aparece a bomba, via Twitter: a série que a Globo exibiu É o filme. Um filme exibido ao longo de quatro dias.
E essa semana tem mais: o "filme seriado" da vez é Chico Xavier.
Oi, responsáveis pela programação da rede Globo. Não sou especialista em audiovisual, mas tenho uns toquezinhos para dar. Filme não é série. Sabiam dessa? Não dá pra serializar uma obra que foi pensada como algo contínuo. Ao final de um episódio de uma série de verdade - a própria Globo já fez séries, estão lembrados? - deve haver algo chamado gancho, ou cliffhanger, se a expressão do inglês for mais de seu agrado. Sabe o que o gancho faz? Captura o espectador, incentiva-o a voltar para mais. Um filme não precisa necessariamente de ganchos. Não dá para brincar de fazer "plim-plim" no meio de um filme e dizer "não perca amanhã...", como se estivessem chamando um intervalo de vinte e quatro horas. O telespectador pode até voltar no dia seguinte, afinal ele começou a ver o filme (ops, pra vocês é série) mesmo, mas não é a experiência de ver uma série de verdade. Pode até ser meio enfadonho.
E por que serializar logo o filme do Chico Xavier, disponível em qualquer barraquinha de camelô pra ver inteirinho, a hora que quiser, sem ter de esperar até o fim da semana pra saber como termina? Imagina, vejo o "primeiro capítulo" do filme hoje e no dia seguinte arranjo uma cópia dele em DVD. De um dia para o outro, sou um telespectador a menos. E se eu a emprestar pra alguém, ou fizer uma nova cópia, é menos gente ainda dependendo da boa vontade da Globo pra ver o resto da "série".
Por que não passar o filme inteiro de uma vez? Seria a resposta um certo reality show? Será que depois de ver aquilo, a emissora acha que vão aceitar ver qualquer coisa, até uma fração de filme por dia?
Ou a Globo não quer audiência, ou está fazendo essa audiência de trouxa.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

devagar, subindo e sempre

Inevitável falar de ônibus neste momento em que a prefeitura de São Paulo resolveu reajustar novamente a tarifa, num ataxa acima da inflação, confirmando-a como a mais cara do país, e constatar, por este ou aquele ângulo, o quão abusivo é o preço que pagamos pelo serviço oferecido.

Um dos indicadores da baixíssima qualidade de transporte coletivo paulistano - um entre tantos - é a baixa velocidade média desenvolvida pela frota. E não falamos dos óbvios congestionamentos causados pelo excesso de veículos particulares nas ruas. Pensemos nos corredores de ônibus, onde os automóveis não podem circular - com a lamentável exceção feita aos táxis. É muito melhor para o coletivo trafegar por essas vias segregadas, mas a falta de planejamento gera problemas que compromete a eficiência do sistema, que deveria se caracterizar pela rapidez.

No momento em que o ônibus se aproxima de um ponto de parada, pode acontecer de o motorista precisar parar TRÊS vezes - uma para aguardar o deslocamento do ônibus à frente, outra para embarque/desembarque e a última porque o semáforo à frente fechou. São dois os problemas: a tendência dos ônibus a formarem filas devido ao pouco espaço exclusivo de que dispõem, em muitos casos, uma única faixa de rodagem, junto a plataformas - a fila à direita está tomada por carros, não serve para manobras -; e a programação semafórica que prioriza o fluxo de um modo geral, não fazendo distinção se num determinado cruzamento os ônibus trafeguem em uma das vias que se encontram.

Aparentemente, a presença dos corredores de ônibus na capital paulista só é tolerada de um modo que o tráfego de automóveis particulares não seja prejudicado - como se isso fosse possível, dado o número expressivo e crescente dos últimos. Ainda assim, desde 2005 não se constrói nem se reforma decentemente um único metrona de corredor em São Paulo. Sim, inauguraram o Expresso Tiradentes, mas é algo completamente distinto. Afinal de contas, trata-se de uma via elevada - não "atrapalha" os carros - e também uma obra vistosa, dessas que aparecem bastante, não somente pelo porte, mas também pelo histórico (ei, finalmente fizeram alguma coisa com o Fura-Fila).

Se pagamos tão caro por um sistema ruim e que não recebe investimento que gere algum retorno ao usuário, a resposta está nos subsídios pagos a empresas de ônibus, constantemente reajustados. Esses empresários ganham cada vez mais para prestar um serviço ruim. Há quem diga, por conta disso, que o setor de transportes é uma área de capitalismo sem riscos.

Se esse dinheiro fosse investido diretamente em estrutura,reprogramando os semáforos para favorecer o fluxo dos ônibus e modernizando os corredores, por exemplo, estaríamos mais próximos de um valor justo para a tarifa - isso sem o aumento, abusivo de qualquer maneira. O que temos na São Paulo do mundo real é isto: os donos de empresas de ônibus não se sentem pressionados a investir num transporte coletivo melhor, incentivando parte dos usuários a fugir de um sistema tão ruim, trocando a superlotação pelos congestionamentos, se optar pelo automóvel entre outras alternativas de deslocamento. Mas não se iludam, não abandonam os ônibus tantos assim que eles passarão a andar vazios, e mutio menos mais depressa.

E assim vamos piorando um pouco mais a cada dia.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

cão chupando manga (ou, p..., andré!)

que vergonha... só eu achava que "cão chupando manga" tinha a ver com cachorros?

Eu tenho um cachorro. Ele adora frutas. A manga é uma fruta. Meu cachorro come manga.
Aí veio a curiosidade: de onde viria a expressão "cão chupando manga"?
No alto de minha desinformação, eu achava que a espécie canina abominasse a tal da fruta e que quando a provasse de maneira desavisada, tentaria cuspi-la de volta, tossindo com força, enfim...teria alguma reação que denotasse (e provocasse) nojo. Afinal, eu sabia que cão chupando manga podia se referir a alguma coisa muito feia. Ao menos isso eu sabia.
Mas a internet, essa adorável, pôs fim a esse meu equívoco histórico. Seguem algumas definições que encontrei:
“O 'cão' da expressão é o diabo, que é sempre retratado como bem feio. Quando chupamos manga, frequentemente fazemos caretas." Que cachorro que nada. Mas daí vem a parte da feiúra.
“O Cão Chupando Manga é uma expressão muito usada no Nordeste para definir qualquer coisa superlativa. (...)Também pode ser utilizada para expressar a dificuldade de realizar uma tarefa."
“Na linguagem que o povo usa, no seu dia-a-dia, a expressão o-cão-chupando-manga pode ser usada quando a pessoa é boa, é fera em determinado assunto, valente, determinado, inteligente."
Uma dúvida besta a menos nesta vida. Mas vou sempre lembrar dessa bola fora quando der manga para o meu cachorro comer.