sexta-feira, 31 de agosto de 2007

tocqueville

...e o mundo que não queremos.

"Vejo uma multidão inenarrável de homens, iguais e semelhantes, que giram sem descanso sobre si mesmos com o único fim de satisfazer os pequenos e vulgares prazeres com que enchem suas almas. Cada um deles vive à parte, alheio ao destino de todos os demais. Seus filhos e seus amigos constituem para ele a espécie humana. Enquanto concidadãos, está junto deles sem vê-los; toca-os sem o sentir; só existe em si e para si mesmo. Se lhe resta uma família, pode-se dizer que já não lhe resta uma pátria. Acima de todos eles eleva-se um poder imenso e tutelar que se encarrega, sozinho, de garantir seus prazeres e de velar por eles. Este poder é absoluto, minucioso, regular, previdente e apacível. Pareceria um poder paternal se, como este, tivesse por objetivo preparar os homens para a idade viril; ao contrário, porém, busca apenas fixá-los irrevogavelmente na infância. Não lhe desgosta que os cidadãos gozem, sempre e quando só pensem em gozar. Trabalha com gosto para fazê-los felizes, mas quer ser o único agente, o único árbitro. Supre sua segurança, provê suas necessidades, facilita seus gozos, gestiona seus assuntos importantes, dirige sua indústria, regula suas sucessões, divide sua herança. Ah, se pudesse livrá-los inteiramente do incômodo de pensar e da dor de viver!"

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

sabores americanos

Se quiséssemos listar, como exercício, as contribuições mais relevantes de cada civilização majoritária de nossa história ao mundo tal como o percebemos, e encontrássemos dificuldade em definir o legado cultural dos Estados Unidos - talvez o último grande império -, uma boa resposta seria fornecida pela estigmatizada imagem que temos do norte-americano médio, aquele um tanto obeso, estirado no sofá diante de sua televisão grande, empanturrando-se com bebidas e petiscos dos mais calóricos já imaginados.
Olhos fixos nessa imagem, atentaríamos às citadas guloseimas, possivelmente devido à lembrança de seu aroma: todas essas comidas que os americanos criaram, ou popularizaram, tão conhecidas e, mesmo que seu consumo regular não seja recomendável para uma alimentação saudável, devoradas mundo afora.
Refrigerantes, sorvetes, batatas chips, cachorros-quentes. Alimentos cujas histórias podem ser conferidas no programa Sabores Americanos, atração das noites de quarta-feira (21:00) no History Channel. Depoimentos de profissionais da indústria alimentícia e estudiosos, acrescidos da apresentação de uma cronologia com os fatos mais relevantes relativos à produção e à venda de cada produto (um por semana), tornam o programa um registro curioso sobre algo que os americanos definitivamente ensinaram o mundo a fazer como nenhum povo antes: consumir coisas não necessárias pelo mais puro prazer.

Então, logo a seguir, assiste-se ao Álbuns Clássicos, com os melhores trabalhos de Queen, Pink Floyd, The Who, Elton John, e pode-se pensar que a principal contribuição da Inglaterra ao mundo foi a música popular de grande qualidade. Mas isso é outro capítulo de história.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

(anexo)

Meus olhos estão abertos para as trevas que os rodeiam. Todos estão em seus lugares.

"Everything under the sun is in tune
but (...)"

ondas da vida

As máquinas rangentes escavaram e encontraram algo com que não podiam lidar. Era bruto e secreto, indissociável e insondável. Aquela energia não serviria para mover qualquer engrenagem, mas o que está sob sua ação opera em moto-contínuo. É misterioso e tão elementar: a pergunta a qual estamos habituados não haver resposta. Todo este horizonte e jamais abandonamos a superfície, que acontece quando se atinge um orgasmo.


O mundo é uma loucura, mas deixar-se levar unicamente por ele, ou antes por aquilo que se convencionou ser ele, não serve como base para uma total compreensão, não daquilo que existe para compreender, ou confundir de fato. O que vejo com os olhos que me foram dados é a realidade, mas, se vejo as coisas sob quaisquer estados alterados, apresentam-se outras realidades, outras percepções, inteligíveis ou não, fonte de soberba ou não, possíveis de se viver com ou. O mundo é louco; vã, porém, é sua loucura. O mais certo é atingir uma certa para-insanidade.


Agora ainda, temi as palavras que escrevi, as palavras que já escrevo; temi por me tirarem minutos de sono; temi a hesitação em dizê-las; temi o medo de perdê-las. Estranhamente, temi também o que elas significassem a mim ou quem quer que fosse, interpretações desviadas ou iluminadas me assustavam igual. Temi também o caminho de treva que tive de percorrer para anunciar tais palavras; como criança, tive irracional medo do escuro, eu o (ir)racionalizei dizendo a mim mesmo que as trevas atacariam a fim de calar-me, eu tão pequeno e, sem o saber, poderia estar a versar sobre a natureza das trevas, do nada, para onde tal conhecimento me levaria, mais respostas, mais temores, mais delícias, mais nada. Deixem-me.

domingo, 26 de agosto de 2007

urso polar

Grande. Forte. Imponente. Fascinante. O urso polar, nobre habitante dos recônditos mais setentrionais e inóspitos do planeta, é tudo isso. O pêlo espesso, claro como o gelo em seu habitat natural, o torna dos mais belos animais ainda vivos sobre a terra. Por quanto tempo, porém, ainda não se sabe: as mudanças climáticas ocorrendo globalmente têm reduzido a superfície de mares congelados onde os ursos buscam alimento - focas, principalmente. Nas terras quentes, temos Knut, o ursinho-celebridade (foto acima, de meses atrás), que se mudou recentemente do zoológico onde nasceu; ao mesmo tempo, o mundo dos ursos selvagens está ficando menor, talvez de maneira incontornável, certamente mais rápido que um próximo salto evolutivo. Triste para todos nós que um animal desse porte se mostre tão vulnerável e se converta num símbolo sobre o que há de mais errado no mundo.
Mas a intenção aqui não é deprimir, e sim homenagear esse bicho, que felizmente ainda está entre nós, permitindo o de novas imagens lindas, lindas. Tentem descobrir qual delas estou usando como papel de parede - adianto que é a mais inusitada e menos fofa.

flashback

Queria fechar os olhos e enxergar para trás, no tempo, ver a vida tal como era no passado: as árvores que deram lugar a essas torres artificiais; as pequenas construções, simples como o outrora; ouvir a água fresca correr livre e senhora dessa profusão de criaturas: não sei qual a mais espantosa. Queria vislumbrar por um instante o não mais.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

o terceiro do ciclo

Queria estancar este sangue, mas as mesmas feridas tornam a reabrir quase espontaneamente. E essa dor.

trágica

Não posso com o peso do mundo, pobres de meus braços e costas. Convocam-me para um, dez, doze, inúmeros trabalhos, não dou conta de executá-los, logro êxito em uns poucos deles pois a fortuna não me abandona de todo, embora por vezes eu o desejasse. Encontro-me aprisionado em estranho local de onde jamais encontro a saída, tamanha dificuldade, já segui por este caminho antes. Agora uma criatura diante de mim, dentes como serra, cabelos longos e ondulantes, a língua cor de coisa morta. Mal posso fitar-lhe os terríveis olhos. Parece que posso vencê-la, ao que ela se transformará no mais ostentoso troféu, meu mais alto vôo. Mas estou paralisado, nada posso fazer. Todo dia, sinto me arrancarem parte importante do corpo, mas momentos após a terrível dor sinto um alívio imenso, penso que jamais terei de passar por aquilo novamente, mas o membro extirpado regenera e o ciclo se renova.


A minha história, não sei como termina.

bestial

Em minha alma está contida toda a raiva capaz de sentir somente quem não tem alegrias em vida. O que me rodeia é objeto de ódio, pois esse é o único sentimento que conheço. Sou constantemente atormentado pela angústia de quem espera e espera não se sabe o quê. Meus olhos nada enxergam com definição. É como se todo o mundo exterior estivesse como me sinto por dentro, distorcido, um ser outrora humano, um mero rabisco. E, mais que tudo, eu abomino minha ausência de forma.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

crianças trabalhando

Ontem saí de ônibus e no meu trajeto deparei com três crianças, uma na ida e duas na volta, vendendo doces no interior do coletivo. Assim, como um adulto faria, estendendo uma mercadoria à mão de cada passageiro e anunciando seu preço. Só faltou mesmo o tradicional discurso, "desculpe estar incomodando a viagem de vocês", e coisa e tal.
Não são as primeiras nem as últimas crianças a serem obrigadas a trabalhar, mas nunca antes a exploração infantil me deixou tão indignado. Devo ter me imaginado no lugar delas, perdendo meus primeiros anos queridos. Por pouco não disse à primeira garotinha que ela não deveria estar fazendo tal coisa. À ocasião, eu até aceitaria um daqueles pacotinhos de balas, mas me recusei a comprar, com a convicção de que não ajudaria a manter aquela injustiça.
Minha infância foi muito feliz; em minha época, inclusive, custei a aceitar que ela estivesse chegando ao fim, mas isto é outra história. Se fui tão feliz em minha meninice, era principalmente porque gozava de total liberdade para ser uma criança de verdade: sonhadora, despreocupada, curiosa, alegre. Poupado de maiores compromissos ou atribulações. Sim, pois estes cabem à vida adulta. E tirar de uma criança o que ela possui de mais autêntico é desnecessário ato de apressar o curso da vida, além de crime dos mais absurdos. Sem dúvida, há no mínimo um adulto por trás de cada inocente pequeno vendedor de rua, pedinte, o que for. No mínimo um contraventor. Tratar-se de alguém da família, então, só piora as coisas.
A infância não pode ser perdida em nome de mais alguns trocados para ajudar a sustentar a casa. Pais, arranjem-se de outra maneira, pois esse é seu papel: preservar, física e moralmente, seus pequenos. O que tiver de ser aprendido sobre a dureza da vida, o será em seu devido tempo.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

campo minado...o filme

Adaptações de videogames para o cinema estão com tudo!

terça-feira, 14 de agosto de 2007

que teima

Será que consigo viver bem num mundo tão poluído? Daqui de onde mal se percebe a luz solar nem se enxerga o céu?
Existe amor? É possível viver do belo?
Nada nos resta senão o "dançar conforme a música"? Qual o grande risco em compor nossa própria?
A todos, não resta que a mediocridade? Cada um de nós tão único - tantos ignorantes de sua individualidade - e o único jeito é buscar o igual?

domingo, 12 de agosto de 2007

uma estréia

Antes que eu esqueça novamente...olha o cartaz das apresentações do meu novo coral! Mais Mozart na minha vida! Concertos em São Paulo e Campinas...quem vai? :)

aquele em que o domingo começou cedo

O domingo começou muito, muito cedo...Às cinco e meia nem havia sol. Provinha às oito. Vendo pelo lado bom: breve pode ser que eu tenha salário. O sono desaparece durante e logo após o calor do momento e deve voltar com tudo em alum momento do dia.
O abraço de dia dos pais só veio depois do exame, o qual simplesmente deixei lá na lonjura da Vila Maria. Não penso nele tão cedo. Quanto ao presente, não teve mesmo. Sou pobre e anti-capitalista. Às vezes, me sinto no lucro pelo simples fato de ser amado por um pai...
Aí eu estava passando pela Marginal a caminho de casa e deu Marisa Monte cantando Bem Que Se Quis na rádio...e eu achei impressionante como a minha mente pôde voar tão longe numa hora tão adiantada, após uma noite tão atípica. Eu lembrei que Marisa estava fazendo shows ali pertinho, no Tom Brasil Nações Unidas, e que estou com muita vontade de assistir...será que con$igo? Pensei também que a música pouco tinha a ver com o que a cantora está gravando nos últimos tempos, que consiste num repertório mais identificado com a assim chamada MPB. Bem Que Se Quis, ao contrário, é mais uma cançãozona americana, dá até para imaginar uma daquelas negras de voz fantástica cantando o original em inglês - que nunca ouvi, por sinal. De volta ao Brasil, Bem Que Se Quis pode não ter muito a ver com a Marisa Monte de hoje, mas creio que seja impossível imaginar a música fora de um show seu; afinal de contas, foi o primeiro grande hit...trilha sonora da novela Salvador da Pátria...o que a coloca como sucesso de 88, 89...quase vinte anos! Marisa Monte tem uns vinte anos de carreira...e eu me lembro da música que a projetou nacionalmente. Somos dois velhos hoje, ela ainda canta, e muito bem, eu também tenho uma voz, embora sem a excelência e o sucesso da outra. A temporada no Tom Brasil vai até começo de setembro, eis uma boa chance para mim. Até lá, não sei se ainda terei um dinheiro meu, mas deve haver um jeito de eu chegar a esse show. Será possível pagar o ingresso parcelado?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

sommer (?)



Da galeria de imagens do meu micro para o blog. Queria saber mais a respeito da imagem. Alguém?
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segunda-feira, 6 de agosto de 2007

special

It's weird when you feel you're special and know exactly why but you have no idea how to show it.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

primeiro de agosto

Enfim, após o que foram os dias e noites mais gelados de que já me recordo em minha curta existência, o tempo voltou a esquentar, com a possibilidade de firmar-se novamente o calor. Até fui capaz de tirar as blusas e usar apenas camiseta: aconteceu hoje por volta das quatro da tarde e ainda é possível assim permanecer, ao menos até a inevitável queda de temperatura decorrente do desaparecimento do sol permitir.
Foi-se o tempo em que eu adorava tempo frio. O que havia em minha cabeça à época, não sei dizer.