sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

confidência e tentativa de auto-ajuda


Preciso dizer: eu desanimo com as coisas. Se me proponho uma determinada tarefa e começo a encontrar dificuldades em cumpri-la, sinto-me perdido, acho que tudo está muito errado, dá vontade de desistir. Sou o oposto do brasileiro do slogan. Acontece que detesto me sentir derrotado, não lido bem com adversidades.
Pensando bem, sou assim desde criança. Nunca gostei de perder. Se começava mal uma partida de videogame, por exemplo, logo procurava o botão reset. Para parecer que nunca havia feito nada errado, sabe? Tudo que eu fizesse devia beirar o impecável. Isso explica também por que eu chorava na quarta série quando não tirava dez em alguma prova - acredite, não é uma coisa fácil de admitir.
Sem contar meu total desinteresse por esportes coletivos. De vez em quando penso: o que me desmotivava de fato? Eu era naturalmente ruim e não valia a pena tentar, ou eu era ruim e não iria me expor?
Já desisti de várias coisas nesta vida. De algumas, talvez, por me recusar a lidar com as dificuldades peculiares a cada caminho.
Mas por quê? Todos sofrem, nada é fácil, às vezes nem mesmo para os bem-nascidos. Custei a perceber isso e, ainda hoje, ciente dessa verdade, minhas cabeçadas ainda provocam dores intensas, próximas do insuportável. Não posso continuar agindo dessa maneira. Sou adulto, preciso ser prático, tomar decisões e, sim, manter-me firme, convicto, aceitando todos as implicações, especialmente as ruins, de ter seguido por uma estrada e não por outra. A vida não tem um botão reset - eu o utilizava quase sem pensar no Atari. As dificuldades de nosso percurso continuam registradas. E isso é bom. Um dia a gente alcança a linha de chegada, olha para trás e pensa: "olha só o que eu venci".

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