segunda-feira, 4 de setembro de 2006

dói muito...

...muito mesmo, ouvir o que aquele grupo, Black Eyed Peas, fez com a maravilhosa, empolgante Misirlou, de Dick Dale, conhecida mundo afora graças ao iluminado Quentin Tarantino, que a colocou na trilha sonora de seu Pulp Fiction. Para os admiradores da canção original, a gravação de hoje, sucesso em rádios pop, é uma afronta, um acinte. Foram acrescidos berros e grasnidos a uma música que não precisava de palavras para ser reverenciada. Tais ruídos, antes, ultrajam a obra. Felizmente, neste caso, fomos poupados dos habituais gemidos sexuais quase obrigatórios na black music atual.
A penúria no gênero já vem de algum tempo: aberrações como as produzidas pelo já citado conjunto - tem-se como outro exemplo uma versão de Mas Que Nada, composta por Jorge Benjor e bastante conhecida na interpretação de Sergio Mendes - existem desde o final dos anos noventa, quando Puff Daddy escarrou sobre clássicos de Police e Led Zeppelin. O apelo, digamos, erótico nas gravações provavelmente surgiu na mesma época, e garante boas vendas até hoje.
Aos ouvintes de bom gosto, o consolo de que nem sempre as coisas foram assim. Estes já sabem que os nomes realmente dignos de menção na música negra esbanjam qualidade e criatividade, bem ao contrário de quem grava os hits lançados a toque de caixa hoje em dia.

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