sábado, 30 de dezembro de 2006

sem título

O homem diante de mim não aparenta a idade que tem, de forma alguma. Claro, alguns olhos clínicos podem identificar traços que denunciem a passagem do tempo, a qual ele às vezes sente nublar sua vista e curvar-lhe as costas. Mas não é algo que todos notem, o homem deve ficar feliz consigo mesmo, pois aparenta ser mais jovem. Chamo-o homem pois conheço sua idade. Externamente, porém, ele mais parece um menino. Um menino que só há pouco encontrou pistas interessantes sobre o mundo e sua composição.
Ele tem o mundo à sua espera, não há dúvida.
Digo isso tudo a ele sem palavras. A nós dois, basta nos vermos nos olhos, e tudo se entende. Ele se sente grato pela atenção, gosta de saber que é querido. Uma única lágrima escorre de seu olho direito. Com satisfação o homem percebe que pode chorar sem parecer uma criança desesperada, como tantas vezes ocorrera, mesmo após o término de sua infância. Por isso mesmo ele sorri, é um sorriso franco, lindo, convenhamos, lindo é quem o sorri e é menino o suficiente para fazê-lo.
Despedimo-nos sem cerimônias. Dou meia-volta e vou em frente.
Ouço alguém dizer parabéns.

Um comentário:

Luiza disse...

Rô diz: "pode acrescentar aí que bonito ..."