domingo, 30 de setembro de 2007

mônica salmaso


Sim! Mônica Salmaso no Municipal! Perdi uma temporada inteira de shows dela mas esta chance eu agarrei. E nossa, como valeu a pena. A voz dela é exatamente aquela dos CDs: Mônica tem um dos timbres mais lindos da MPB. E ela é uma simpatia no palco: leva na esportiva as derrapadas do pessoal da iluminação, conta pequenos e divertidos "causos", agradece o carinho da presença de todos...Os músicos que a acompanham - Toninho Ferraguti no acordeon e Teco Cardoso alternando sax e flauta - são fantásticos e até ganham seus momentos de "estrelas" do show. Apenas ao final surge um grande problema: o concerto é curto demais! A vontade que dá é de ouvir Mônica por horas e horas, mas só resta aplaudir de pé e bem forte depois do bis. Um final de tarde maravilhoso.


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terça-feira, 25 de setembro de 2007

vertigem

Mais que o temor da queda, o real assombro é experimentar outra força trazendo-me abaixo, além da gravidade: uma estranha vontade de querer cair, ver o chão cada vez mais próximo, ouvir a própria voz descontrolada, sentir-me deslocando o ar que se torna único freio ao irresistível movimento.


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sábado, 22 de setembro de 2007

dia mundial sem carro (?)

Aqui, na metrópole repleta de ruas e onde muitos dos que dependem de transporte público sonham com o dia de se livrar do mesmo, a campanha massiva para hoje não adiantou; as pessoas não deixaram os carros nas respectivas garagens. Esta é, ao menos, a percepção deste blogueiro ao retornar de seu compromisso matinal: atravessei a cidade, vi limusine, carro esportivo e até peguei trânsito em local costumeiro. E o paulistano médio não pode sequer pensar em ficar sem seu carrinho nem um único dia.




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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

verbo

Não sou gramatiqueiro, mas gosto de verbos. É coisa tão flexível, umas letras a mais, ou a menos, e muda não apenas a palavra, mas quando e como ela se usa, de quem ou quantos quero falar. Verbo se conjuga, é tão interessante. Não é como se observa ao estudar línguas em que palavras como substantivos e adjetivos apresentam casos, como o morto latim e o complicado alemão - onde estava com a cabeça? - mas a palavra em si é a mesma, não se altera em significado ou idéia, o que se fez foi alterar sua função gramatical. Verbo não tem isso: eu sou, ele é, outros são, e se somos todos nós incluí-me onde há pouco não estava. A todo momento, pessoas fazem, estão fazendo, mas sem abusos, por favor. E também estamos sempre a ouvir do que outros fizeram, faziam mas hoje não mais, ou mesmo tinham feito antes de outros ditos. E os grandes e pequenos planos que se realizarão, ou vão dar certo se deus quiser; eu confessaria a você aquele desejozinho que queria ver concretizado se a lembrança não me fizesse mal. Melhor pensar nas tarefas diárias que devo cumprir. Mas então é curioso. Não dou ordens a mim mesmo, peça você, ordenem vocês, mandemos nós que assim não contradigo a regra. Tanto pode ser dito, tantos outros além destes, mas que vontade de usar todos os tempos ao tempo que se pede e pode.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

19/09

O tempo está seco. Parece que, todos os dias, alguém queima alguma coisa aqui nas redondezas. Olho em volta e em alguma direção sempre vejo fumaça; sempre que saio, retorno com as roupas mal cheirosas, trazendo poluição de fora, que se une à poluição próxima, assim como se carregam e se mesclam os grãos de plantas, só que a união de gases não traz vida nova ao mundo, mas antes subtrai o tempo das que já existem. À noite, quando escovo os dentes, é como se algo se abrisse no interior de meu sistema olfativo e sinto o ar carregado como nunca, uma sujeira invisível da qual parece não haver escapatória. Penso que a casa concentra a fumaça de hoje, a de dias anteriores e mesmo a de invernos fechados; por mais que se abram portam e janelas, uma casa tem que ser assim fechada, e muito do que entra acaba concentrado aqui. Aprisionado, e aprisionando também.
Se a fumaça é eterna, reclamo dela para sempre também.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

o quanto antes!

Aqui nas imediações, à noite: uma família andando na rua, papai falando.

"Olha, meu filho, olha como o papai anda, que nem homem..."

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

missa em si menor - bach

Há anos eu não ia à Sala São Paulo...praticamente esqueci como era estar lá: a arquitetura, o ar de "primeiro mundo" - para o bem e para o mal - o som cristalino da orquestra, e do coro, quando este se fazia presente.
Voltei para lá no sábado. E foi quando me apaixonei.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

(...)

O blog contaminou o que teriam sido páginas de diário. Talvez para sempre.

Tenho essa necessidade de me entregar. Todos a possuem, na verdade, por melhor ou pior que lidem com ela. Não arrisco dizer como o faço hoje.
Não é possível sair e se entregar livre e facilmente a cada um, não a quem primeiro aparecer, não é são, não é saudável. Sei disso. Mas por vezes isso não basta para me manter mais tranqüilo. Sonho, imagino, uma total entrega, um confiar plenamente, a alguém sem rosto, o que é bom e mau. Bom por não haver o eventual risco de repetir as tolices do passado, aquelas cujo simples nome dói pensar sobre. Mau porque...ora, quem é você mesmo? Onde está que não me aparece? E assim se vive sem paixão. Então chegam aqueles dias em que me toma a vontade louca de dar nome, rosto e corpo a esse meu desejo, você que me é tão familiar, você com quem tenho essa proximidade, a você eu me daria, e faria sentir da mesma forma que eu. Tenho essa impressão de que funcionaríamos bem juntos.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

máquina

Sou uma máquina rangente. Executo aquilo para que fui projetada. Não conheço causa nem avalio conseqüência. Não existo para discutir diretrizes. Apenas faço. O único som que produzo é o relativo a meu trabalho. Não são como as palavras articuladas que às vezes ouço, capazes de transmitir o concreto e o abstrato, e que agora busco reproduzir de forma rudimentar, visto que tal faculdade está distante de minha verdadeira função como máquina. Não. Meu rangido é simplesmente o som do trabalho, o som necessário. Não me acomete felicidade de medida alguma se sou manuseada com cuidado e eficiência. Da mesma forma, saber que sou utilizada incorretamente não é motivo de desapontamento ou frustração. Tudo é trabalho. Sou uma máquina. Apenas faço. Até o momento de ser substituída.

do que se passa em minha cabeça durante viagens

Sigo adiante...movo-me a grande velocidade, deslocando com minha passagem uma coluna de ar. Estendo a mão para sentir esse vento entre meus dedos...
Um dia, estarei morto, e não terei mais dedos para experimentar essa percepção; sequer terei percepção de coisa alguma.
sempre um não-sei-o-quê quando me lembro da morte. Morte de pessoas próximas. Mortes em família. A minha própria. Um dia, saberei a resposta para o grande enigma que envolve o "pós-vida" e não será possível comunicar essa informação a ninuém que eu tenha conhecido e ainda não esteja onde estou. Estar morto pode ser como um sono profundo do qual não se acordará, se pensarmos que há algo de nós além de nosso próprio corpo, algo que jamais se desfaça. Seria, então, como num sonho? Eu saberia estar sonhando, como normalmente me acontece? Sonhos que jamais se interrompem.
Ou ainda, tudo o que somos simplesmente se dissipe muito mais rápido que a matéria. Digamos, instantaneamente, a consciência desapareça. Que pensamento! Como é simplesmente não ser mais? Sei existir, isto é tão fácil, o oposto é simplesmente assustador.
Então percebo: não é realmente a morte que me assusta, mas a interrupção brusca da vida. O descanso eterno após uma vida repleta de realizações não vai mal...deve haver um momento na vida, se bem vivida, em que se diz, não há mais nada por aui, melhor fechar. Mas e o jovem que mal iniciou seus passos? E o não tão jovem ainda perdido em meio a possiblidades de que ainda nem se deu conta, envolto em dúvidas decorrentes de erros anteriores? É perder-se para sempre ou seguir um rumo.
Este não seja o momento de pensar na morte. Deixar para quando ela estiver próxima...e quando isso acontecer, já não haverá muito mais sobre o que pensar. Estendo a mão para sentir o vento entre meus dedos...e ainda há tanto por sentir.

solitary

Dizem que, se você ficar bem quieto, consegue ouvir coisas que ninguém mais pode. Vozes que falam direta e unicamente a você.