terça-feira, 30 de janeiro de 2007

uma prece

Entrego-me a ti neste momento.
Ergo a fronte e tu me cinges com o ungüento de fragrância mais delicada. As mazelas cotidianas curvam-me as costas, tua mão de pronto traz o conforto reedificante.
Quando contemplo as belezas deste mundo, é a ti que minha sensibilidade está direcionada.
Ninguém acompanha meus passos com maior interesse e afetuosidade. Agora que a fadiga me obriga a interromper momentaneamente esta jornada, cuidarás de mim em meu leito, para que dentro de instantes eu retome meu caminho em paz. Seja qual for meu próximo destino.
Tens minha total confiança, e sempre será assim.
Queria fazer mais que simplesmente agradecer-te.

domingo, 28 de janeiro de 2007

calling you

Não sou muito de postar letras de músicas, mas o que fazer quando se tem blog e uma melodia retorna à sua cabeça após...dezoito anos? Eu era só um garotinho e essa música me assustava como poucas coisas na época. Hoje, descubro que ela virou tema de um filme chamado Bagdad Cafe, em cartaz esta semana no Telecine Cult. E está na chamada dele, também. Mas hoje a música me dá arrepios de outra maneira, sabe? Muito bonita, tocante, digo. E estranha: não é música pop de jeito nenhum.
Mas e o medo de antes, como se explica? Talvez a carga de emoção da música fosse demais pra meu eu molequinho suportar.
A desert road from vegas to nowhere
Someplace better than where you`ve been
A coffee machine that needs some fixin'
In a little cafe just around the bend

I am calling you
Can't you hear me?
I am calling you

A hot dry wind blows right through me
The baby`s crying and I can`t sleep
But we both know that a change is coming
Come in closer, sweet release
I am calling you
I know you hear me?
I am calling you

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

o labirinto do fauno


Quando a realidade é dolorosa, ou simplesmente não nos satisfaz, apela-se ao escapismo. E nunca o mundo dos homens é tão aterrador como na guerra. E se houver uma saída definitiva?

Acompanhando a mãe em viagem ao quartel comandado pelo pai de seu futuro irmão, a pequena Sofia, apaixonada por histórias fantásticas, descobre ser ela mesma uma personagem de conto de fadas. Para retornar a seu mundo, deve cumprir as tarefas impostas por um velho e misterioso fauno. Ao mesmo tempo, o general Vidal persegue os rebeldes ao regime de Franco - e quem quer que julgue estar em seu caminho no cumprimento de seu dever - com implacável severidade e violência.

retorno

Reapareceu, como surgido de nada além da leve brisa noturna. Logo o reconheci, senti movimentação por toda a superfície de meu corpo, fagulhas em torno da chama interna que as gerou. Forças primárias da natureza agora se manifestam, das que somente se aplacam sob a ação de uma outra, similar mas oposta, aos pares.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

bart vende sua alma

(sujeito a revisão)
Nesse episódio de Os Simpsons, por fazer todo mundo cantar rock'n'roll durante um culto, sem autorização do reverendo - não era uma dessas celebrações modernas - Bart é obrigado, juntamente com seu comparsa, e delator, Milhouse, a limpar os tubos do órgão que "profanou". Enquanto cumpre o castigo, o garoto Simpson revela não acreditar em alma ou em qualquer coisa relacionada a espiritualidade, ao menos aquela que conhece da igreja. Para prová-lo, aceita os cinco dólares que Milhouse lhe oferece para ter sua alma, um pedaço de papel no qual se escreveu "Bart Simpson's soul".
A partir disso, coisas estranhas começam a acontecer. A porta automática do mercadinho ignora Bart e funciona normalmente para os outros clientes. O cachorro e o gato o hostilizam. As coisas se tornam preocupantes de fato quando ele se vê incapaz de rir assistindo a Comichão e Coçadinha e a um acidente doméstico com Homer. O riso é a linguagem da alma, diz sua irmã Lisa, citando Pablo Neruda. E Bart sai para recuperar sua alma perdida.
Mas o que realmente motiva Bart em sua busca - e também este autor a escrever sobre o episódio - é um sonho perturbador. Nele, as crianças de Springfield se divertem ao lado de suas respectivas almas, descritas como "brinquedos que nunca se quebram". Num dado momento, um dos garotos propõe que todos escolham um parceiro para irem de canoa até uma cidadela. Cada um escolhe sua alma; Milhouse vai com a sua própria e a de Bart, o qual, por falta de uma companhia, não consegue acompanhar os outros. Ao final do episódio, após reaver sua alma com a ajuda de Lisa, Bart revisita o sonho anterior, mas, desta vez acompanhado, pode chegar à cidadela e, no caminho, atrapalhar o menino cdf.
Difícil tentar explicar os fatos ocorridos ao Bart "desalmado". Antes que alguém diga, "é só um desenho", convém lembrar que coisas inexplicáveis acontecem o tempo todo; nomeá-las todas como coincidências soa apressado.
Fato é que o inexplicável impressiona Bart de modo a levá-lo a procurar por algo em que sequer acreditava. Pode-se dizer que ele se converteu. Não a alguma religião, mas à crença de que existe algo misterioso por trás de nossa existência, responsável pelas características únicas de cada ser humano. Algo que, uma vez perdido, devido a nossas ações, torna-nos irreconhecíveis a nossos próprios olhos. Podemos chamá-lo de alma. No entanto, de onde ela vem? Trata-se de algo com que nascemos, ou ela é adquirida a partir de nossas experiências, sobretudo as mais dolorosas, como diz Lisa enquanto Bart engole sua alma de papel? O garoto fica com a primeira opção; cada um de nós pode escolher a sua.

***

É interessante o motivo pelo qual Milhouse entrega Bart. Ele pensa, ao repetir as palavras amedrontadoras do reverendo, na punição que receberia. Religiosos maus podem render piadas boas, das finas.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

arte e atitude

O que é preciso para ser um bom músico? Talento é esencial, sem dúvida.Treino? Horas incontáveis. Não basta, porém. Um verdadeiro músico, ou artista em geral - falo especificamente de música por estar mais próximo dessa expressão artística - deve ter também atitude, algo que o póssibilite colocar-se diante de qualquer pessoa e transmitir sua mensagem. Pois a arte não é impessoal, quem a produz se expôe mais que em qualquer outro ofício.
Foi algo em que pensei assistindo Escola de Rock, esta noite. No divertido filme, Jack Black interpreta um roqueiro falido que se faz passar por professor numa escola primária para conseguir uns trocados. Ele descobre em alguns de seus alunos uma aptidão musical surpreeendente e envolve toda a classe na formação de uma banda de rock para disputar um torneio e seu grande prêmio em dinheiro. Tudo o mais escondido possível dos pais das crianças e do corpo pedagógico, claro.
Cabe ao "professor" despertar nos instrumentistas de seu conjunto o necessário para se tornarem legítimos roqueiros. E não se trata de apenas dizer a eles, não toquem aqui como em suas aulas de música erudita. Deve-se também compreender o rock e sobretudo expressá-lo. Sentir-se meio revoltado com o mundo, extravasar em alto e bom som o inconformismo diante de tarefas diárias enfadonhas e do respeito às convenções. Isso é atitude rock'n'roll, baby.
E todo artsta precisa de atitude. sem ela, um ator não se torna seu personagem e sente-se ridículo apneas de imaginar suas cenas. Um solista, vocal ou instrumental, não tem seu momento de brilho, pois terá receio de desafinar ou soar mal.
Atitude é crença nas próprias capacidades e na verdade de seu trabalho. Certamente, a quaidade que, uma vez adquirida pelo aluno, mais satisfação traz a seu mestre.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

notas e mais notas...

Que chato...só me aparece inspiração para escrever quando estou "sentido". Queria era ser como J. K. Rowling e conseguir contar histórias bacaninhas sem relação aparente comigo mesmo. Minha única idéia para uma narrativa mais longa cada vez mais é só uma idéia...
Ei, falando em J, K, Rowling, faz uma semana que terminei o sexto Harry Potter. É legal, mas não tanto quanto o quinto, em que acontece aquele montão de coisas. Mas funciona muito bem no sentido de criar expectativa para o último capítulo da saga. Ah, aquela traição terrível - de que eu já sabia antes de ler, mas ainda assim não dou o spoiler - você aprontou, dona J. K. ! Vai ser longa, a espera.
Agora estou lendo o último livro da interessante série do Mochileiro das Galáxias. A resposta para todos os anseios humanos está próxima...e, até lá, mais do humor fino de Douglas Adams.
O próximo da fila é um Saramago. Obrigado por me desejar sorte.

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Mereço coisas ultralegais na minha vida. Você não acha?

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Sabe o que não é fácil? Cantar em casa. Nem um pouco. Falo do canto lírico, claro. A voz, parece que sai gigante e feia. Dá medo. Hoje foi apenas a primeira vez que tentei, e isso porque minha mãe estava fora...mas tudo bem, o berreiro vai virar hábito. Garanto.

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Topa ou não topa?? Tá bom, eu gosto de Silvio Santos! Ainda vou escrever sobre o cara.

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Buuuu.

grandeza

Sou grande, sou imenso. Um simples aceno meu e o que está ao redor muda. Ergo os braços, partículas se movem, como que abrindo passagem a quem devem total respeito. Minha envergadura parece crescer a cada instante, eu poderia envolver um universo num abraço caloroso.
Minha voz ressoa tonitruante em todas as direções. Os que a ouvem jamais são os mesmos, ela pode despedaçar almas. De minha boca saem somente verdades absolutas, por vezes não facilmente compreensíveis aos que me cercam; conheço inumeráveis idiomas.
A energia que emana de meus dedos é bela como a aurora boreal, há quem a tome por sagrada. Em minhas mãos forma-se uma esfera, inicialmente branca; não demora, porém, e ela passa a cintilar em infinitas cores, irradiando vida: mais um pensamento e reinvento a existência.
Sou imenso, vasto. Minha grandeza não pode ser medida, ou mesmo expressa por um simples verbete.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

estranho mundo

Sinto como se não quisesse sentir mais nada. Não que haja algo errado com o sentir por si só. O problema é com o mundo. Aqui sou obrigado a fazer nova ressalva, perdão se sôo repetitivo. É que devo especificar qual mundo chamo de problemático. E esse não é o mundo natural, de céu limpo e ar agradável, de plantas multicoloridas e animais vivazes. Nele, tudo de alguma forma faz sentido, encaixa-se...é natural. Até mesmo nós. Mas criamos mundo à parte, o mundo humano, repleto de problemas somente nossos, por nós inventados. Complicamos absurdamente o que deveria ser descomplicado. Descomplicado porque natural. Mas nossos rituais absurdos dificultam tudo. E se queremos algo além do humanizado em oferta, somos nós os complicados. Tornamo-nos confusos, inseguros, incertos. Oprimidos por questões que não deveríamos fazer a nós mesmos. Sei disso em meu íntimo.
Não quero uma volta às árvores. Quero ser homem, e natural também.
Enquanto esse ideal não se atinge, o artificial me coloca fora de mim, e volto para casa como que buscando tornar-me um feto novamente.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

verdade

(texto que comecei em novembro passado, tentei terminar hoje e ainda está inacabado)
A minha verdade é aterradora, creio que poucos estejam preparados para ouvi-la.
(...)
Às vezes, quando em grupo, eu a pronuncio, a ver se o mundo se desequilibra diante das palavras que pronunciei. Soa uma única gargalhada, a minha; não me foi conferida a devida atenção. Assim, o traço mais temível torna-se uma piada não compreendida.
Ocorre também que temo os desconhecidos. Por não saber quem são, julgo que possam atravessar-me com o olhar e me desvendar. É uma apreensão momentãnea e tola. (...)Minha verdade é tão minha, somente eu posso trazê-la à percepção do mundo. Apenas não concebo como.

sábado, 13 de janeiro de 2007

uma pessoa confusa...

dia 1

O dia está tão bonito...não há praticamente nenhuma nuvem no céu, creio que pela primeira vez desde que o ano começou. Dá pra tirar umas fotos lindas...preciso sair para qualquer canto.

Estava na van...até tentei conversar...verbalmente e também pelo olhar, a ver se havia alguma correspondência...não aconteceu...uma pena...tinha rosto tão simpático...bonito, até....uma pena.

Estou oficialmente mal...depressivo...pra baixo...isso tudo. De novo. Incomodado porque não tenho o que mais quero. E percebo que quero uma coisa muito bonita. Bem que a mediocridade podia me satisfazer. Às vezes acho que me basta, mas estou muito enganado. Pelo menos por ora. E é o suficiente para sofrer bastante.
Estou mal e quase perco a fome por isso....almoço fora de meu horário habitual.

Uma voltinha antes de partir...será que faço fotos bacanas? Enquanto caminho, uma trilha sonora triste em minha cabeça.

Volto de meu passeio. Ainda não estou bem e não há com quem falar sobre o que sinto. Bem, posso tentar escrever.

Não há palavras para expressar minha tristeza, mas há músicas. Músicas para desesperançados...eu preciso te falar...te encontrar de qualquer jeito...por que sou assim?
Não choro, mas canto.

Fim de tarde, um céu tão bonito. Mais fotos.

Nem todas as fotos ficaram boas. Que chato.

entre dia 1 e dia 2

(Diálogo. Outras palavras, mesma idéia.)
- Ainda bem que não estou apaixonado! Não tem coisa pior.
- Paixão só é ruim quando não é correspondida.
- ...

dia 2

Engraçado...o rosto de ontem me voltou à mente, sozinho, logo que acordei. Ontem mesmo mal me lembrava dele ao chegar em casa. Agora, eu o reconheceria num novo encontro. Mas não faz muita diferença.
Quero sair hoje de novo. Imagine se por acaso...ora, por acaso o quê?

Saí...como andei! Diz que quando a gente faz exercício alguma substância é liberada...que deixa a gente animado. Será?

Isso.

Banho e músicas bacaninhas. TV.

Terminar o dia bem é um final feliz pra esta história. Pois é isso mesmo que acontece. Ótimo.

sábado, 6 de janeiro de 2007

tantas fotos...

Estou pensando em fazer um fotolog. A esta hora. Aguardem novidades.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Que é essa coisa, que tira o sono, faz a cabeça dar mil voltas, mas essas são as de um parafuso espanado e jamais resolvem nada, por mais que se aperte?
Que coisa é essa pela qual se morre ou mata, e pela tragédia é impossível culpar ou absolver plenamente, sem ressalvas?
Que ignora de todo a razão, invalidando a argumentação mais eloqüente com sua mera existência?
Isso que torna tão perturbado quem, de outra forma, estaria bem?

Meu amor, você não sabe?