quinta-feira, 5 de julho de 2007

quarteto fantástico e surfista prateado


Nos cinemas, a Marvel decidiu: Quarteto Fantástico não é para ser levado a sério. Enquanto cinesséries como Homem-Aranha e X-Men têm apresentado equilíbrio entre seqüências de ação e momentos dramáticos, garantindo momentos memoráveis e que valem a revisita, as aventuras da família fantástica são marcadas por um clima leve, descompromissado, situações engraçadinhas surgindo mesmo nos momentos de maior tensão, como se assistíssemos a algum sitcom estrelado por superpoderosos. Ou ainda, já que falamos de filmes, a alguma inócua sessão da tarde. Duro é pensar que havia potencial para mais.
Os pequenos dilemas humanos dos quatro protagonistas são tratados de forma rasa - mesmo para um filme de justiceiros fantasiados. Ficamos sabendo que Sue, às vesperas do casamento, anseia por uma vida normal, sem supervilões ameaçando sua felicidade. Reed, o noivo, tenta conciliar os deveres com sua amada e as exigências de trabalho à sua mente privilegiada. O imaturo e mulherengo Johnny observa Ben e Alicia juntos e sente falta de um relacionamento do tipo em sua vida...mas são informações randômicas em meio às piadas.
Está bem, a receita "divertidinha" funciona no filme anterior, ainda que de maneira irregular, e na primeira metade dessa seqüência, garantindo diversão satisfatória - mesmo a troca de poderes rendeu bons momentos - mas a coisa desanda após o retorno do Doutor Destino, justamente quando deveria esquentar. Nos gibis, ele é um vilão espetacular, inteligente e de fala pomposa(?). No filme, Destino é só um cara com ar arrogante e sacana. A canastrice do ator também não ajuda.
A grande decepção, porém - grande mesmo - é Galactus. Concebe-se o Devorador de Mundos no filme como uma nuvem cósmica na qual apenas se vislumbra, por um breve instante, a silhueta do capacete utilizado pelo gigante antropomórfico dos quadrinhos.
Mesmo o Surfista surge subaproveitado. Visualmente, ele é um primor, como já se via nos trailers. Grande trabalho foi feito em mesclar o gestual de Doug Jones e a voz (alterada) de Laurence Fishburne para a composição do personagem. Mas ele mesmo é raso, como quase tudo no filme. Um personagem cujo nome está no título da produção poderia ter um background mais interessante.
Não falha a memória, Sue diz algo sobre a família cansar. E ela está certa. O modo Quarteto Fantástico de fazer filmes não segura uma série sólida de longas-metragens, ao contrário de cinesséries de heróis mais bem-sucedidas, justamente por terem mais a oferecer. A decisão sensata, em termos criativos, sem levar em conta somente lucro fácil, seria parar neste segundo filme. Melhor sorte a outros heróis - Surfista Prateado é uma boa opção. Para dar certo, o ideal seria reaproveitar a dobradinha Jones-Fishburne e, sobretudo, levar o personagem um pouco mais a sério.

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