segunda-feira, 10 de setembro de 2007

do que se passa em minha cabeça durante viagens

Sigo adiante...movo-me a grande velocidade, deslocando com minha passagem uma coluna de ar. Estendo a mão para sentir esse vento entre meus dedos...
Um dia, estarei morto, e não terei mais dedos para experimentar essa percepção; sequer terei percepção de coisa alguma.
sempre um não-sei-o-quê quando me lembro da morte. Morte de pessoas próximas. Mortes em família. A minha própria. Um dia, saberei a resposta para o grande enigma que envolve o "pós-vida" e não será possível comunicar essa informação a ninuém que eu tenha conhecido e ainda não esteja onde estou. Estar morto pode ser como um sono profundo do qual não se acordará, se pensarmos que há algo de nós além de nosso próprio corpo, algo que jamais se desfaça. Seria, então, como num sonho? Eu saberia estar sonhando, como normalmente me acontece? Sonhos que jamais se interrompem.
Ou ainda, tudo o que somos simplesmente se dissipe muito mais rápido que a matéria. Digamos, instantaneamente, a consciência desapareça. Que pensamento! Como é simplesmente não ser mais? Sei existir, isto é tão fácil, o oposto é simplesmente assustador.
Então percebo: não é realmente a morte que me assusta, mas a interrupção brusca da vida. O descanso eterno após uma vida repleta de realizações não vai mal...deve haver um momento na vida, se bem vivida, em que se diz, não há mais nada por aui, melhor fechar. Mas e o jovem que mal iniciou seus passos? E o não tão jovem ainda perdido em meio a possiblidades de que ainda nem se deu conta, envolto em dúvidas decorrentes de erros anteriores? É perder-se para sempre ou seguir um rumo.
Este não seja o momento de pensar na morte. Deixar para quando ela estiver próxima...e quando isso acontecer, já não haverá muito mais sobre o que pensar. Estendo a mão para sentir o vento entre meus dedos...e ainda há tanto por sentir.

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