Difícil escrever sobre Watchmen. Sobretudo porque trata-se de uma HQ fundamental. Como conseqüência, não posso deixar de pensar, ao escrever estas simples linhas, que pessoas mais gabaritadas já realizaram um trabalho muito mais apurado ao analisar a série, enaltecendo suas inúmeras qualidades e frisando possíveis desacertos - existe algum? Ou seja, Watchmen amedronta pela quantidade de superlativos a ela associados. Num primeiro momento, este escritor medíocre tem ganas de simplesmente dizer, leia a história e veja por si mesmo o quanto ela é boa. Mas qualquer coisa me impede de resumir meus comentários a isso. E aqui vamos nós.
É outubro de 1985 em Nova York. Por força de um decreto federal, a Lei Keene, os vigilantes mascarados estão aposentados há alguns anos. Apenas dois deles tem permissão para atuar livvremente: o fantástico Dr. Manhattan e o patriótico Comediante. O assassinato deste último é o ponto de partida para a história. Quem teria sido capaz de invadir o apartamento de Edward Blake e atirá-lo de sua janela? Rorschach, vigilante que viola abertamente a Lei Keene, resolve investigar o ocorrido por conta própria, bem como alertar seus antigos companheiros sobre a possibilidade de o criminoso ser uma ameaça a todos os vigilantes.
Neste primeiro número, seguindo os passos de Rorschach, somos apresentados a alguns deses agentes e conhecemos o paradeiro de outros, cujos nomes são apenas citados. Ainda não se diz ao certo por que se promulgou uma lei federal proibindo a ação dos vigilantes; contudo, o leitor pode colher algumas pistas por si mesmo. A frase "who watches the watchmen?" (tradução: quem vigia os vigilantes?), pichada em vários muros desta Nova York fictícia, mostra que os pretensos guardiões da justiça não gozavam de grande popularidade entre os cidadãos comuns.
Outra evidência é o comportamento dos heróis. O Dr. Manhattan parece pouco se importar com a perda de uma vida humana, ainda que esta seja a de um antigo colega, o Comediante. Em sua primeira aparição, Manhattan se mostra um Super-Homem frio, destituído de humanidade. Rorschach não hesita em infligir sofrimento físico àqueles que considera inferiores por deixarem de zelar pelos valores que ele toma por corretos. Sua violência é a provável razão de sua permanência nas ruas: quem se atreveria a fazê-lo cumprir a proibição? Nem mesmo o recém-falecido Edward Blake poderia ser considerado um indivíduo exemplar. Não após uma tentativa de estupro contra uma ex-colega.
Nota-se que os protagonistas de Watchmen estão muito distantes do ideal de super-herói ao qual estamos habituados: um ser cuja capacidade de discernimento o previne de cometer atos equivocados do ponto de vista moral. Quem melhor representa esse ideal, bem o sabemos, é o Super-Homem, personagem que, ironicamente, caiu no esquecimento num mundo onde combatentes do crime em fantasias coloridas existem de fato.
O símbolo deu lugar à realidade, e esta se revelou extremamente amarga. Pessimismo é a marca de Watchmen, com seus super-heróis falíveis. Veja o discurso de Júpiter, a única vigilante mulher mostrada neste primeiro número. Ela se mostra desiludida com a antiga vida. Para ela, tudo que ela e os outros faziam nada significou.
Já Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, um vigilante "tecnológico", sente falta dos tempos de combate ao crime. Isso transparece nas conversas com seu antecessor, Hollis Mason. Contudo, Daniel crê que as grandes aventuras pertencem ao passado. Ele parece paralisado em sua resignação, mas talvez o estímulo correto o faça pensar novamente.
Já falamos de Dr. Manhattan e Rorschach. Para entender como a situação chegou à realidade de outubro de 1985, entretanto, é necessário ir mais a fundo na história de todos os personagens, o que é feito nos volumes seguintes.
Os primeiros dois capitulos do livro escrito pelo primeiro Coruja encerram esta edição. Neles, Mason confirma a influência do Super-Homem - e de outros heróis dos quadrinhos dos anos 30, como Doc Savage e o Sombra - em sua decisão de se tornar o segundo vigilante da história - o primeiro surgiu na mesma época e foi chamado pela imprensa de Justiceiro Encapuzado.
Fechando este empolgante primeiro tomo, tem-se a certeza de que a história possui um enorme potencial e, dada sua aclamação por fãs de quadrinhos do mundo todo, parece impossível que os próximos números decepcionem.
É outubro de 1985 em Nova York. Por força de um decreto federal, a Lei Keene, os vigilantes mascarados estão aposentados há alguns anos. Apenas dois deles tem permissão para atuar livvremente: o fantástico Dr. Manhattan e o patriótico Comediante. O assassinato deste último é o ponto de partida para a história. Quem teria sido capaz de invadir o apartamento de Edward Blake e atirá-lo de sua janela? Rorschach, vigilante que viola abertamente a Lei Keene, resolve investigar o ocorrido por conta própria, bem como alertar seus antigos companheiros sobre a possibilidade de o criminoso ser uma ameaça a todos os vigilantes.
Neste primeiro número, seguindo os passos de Rorschach, somos apresentados a alguns deses agentes e conhecemos o paradeiro de outros, cujos nomes são apenas citados. Ainda não se diz ao certo por que se promulgou uma lei federal proibindo a ação dos vigilantes; contudo, o leitor pode colher algumas pistas por si mesmo. A frase "who watches the watchmen?" (tradução: quem vigia os vigilantes?), pichada em vários muros desta Nova York fictícia, mostra que os pretensos guardiões da justiça não gozavam de grande popularidade entre os cidadãos comuns.
Outra evidência é o comportamento dos heróis. O Dr. Manhattan parece pouco se importar com a perda de uma vida humana, ainda que esta seja a de um antigo colega, o Comediante. Em sua primeira aparição, Manhattan se mostra um Super-Homem frio, destituído de humanidade. Rorschach não hesita em infligir sofrimento físico àqueles que considera inferiores por deixarem de zelar pelos valores que ele toma por corretos. Sua violência é a provável razão de sua permanência nas ruas: quem se atreveria a fazê-lo cumprir a proibição? Nem mesmo o recém-falecido Edward Blake poderia ser considerado um indivíduo exemplar. Não após uma tentativa de estupro contra uma ex-colega.
Nota-se que os protagonistas de Watchmen estão muito distantes do ideal de super-herói ao qual estamos habituados: um ser cuja capacidade de discernimento o previne de cometer atos equivocados do ponto de vista moral. Quem melhor representa esse ideal, bem o sabemos, é o Super-Homem, personagem que, ironicamente, caiu no esquecimento num mundo onde combatentes do crime em fantasias coloridas existem de fato.
O símbolo deu lugar à realidade, e esta se revelou extremamente amarga. Pessimismo é a marca de Watchmen, com seus super-heróis falíveis. Veja o discurso de Júpiter, a única vigilante mulher mostrada neste primeiro número. Ela se mostra desiludida com a antiga vida. Para ela, tudo que ela e os outros faziam nada significou.
Já Daniel Dreiberg, o segundo Coruja, um vigilante "tecnológico", sente falta dos tempos de combate ao crime. Isso transparece nas conversas com seu antecessor, Hollis Mason. Contudo, Daniel crê que as grandes aventuras pertencem ao passado. Ele parece paralisado em sua resignação, mas talvez o estímulo correto o faça pensar novamente.
Já falamos de Dr. Manhattan e Rorschach. Para entender como a situação chegou à realidade de outubro de 1985, entretanto, é necessário ir mais a fundo na história de todos os personagens, o que é feito nos volumes seguintes.
Os primeiros dois capitulos do livro escrito pelo primeiro Coruja encerram esta edição. Neles, Mason confirma a influência do Super-Homem - e de outros heróis dos quadrinhos dos anos 30, como Doc Savage e o Sombra - em sua decisão de se tornar o segundo vigilante da história - o primeiro surgiu na mesma época e foi chamado pela imprensa de Justiceiro Encapuzado.
Fechando este empolgante primeiro tomo, tem-se a certeza de que a história possui um enorme potencial e, dada sua aclamação por fãs de quadrinhos do mundo todo, parece impossível que os próximos números decepcionem.
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