sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

madrox

Mais um gibi "velho" que merece review. É de 2004, foi publicado aqui em 2006, e eu só li essa semana. Enrolado, não? E ainda quero contar uma historinha...
Fatos e fotos. Eu, quatorze anos de idade, fã do desenho dos X-Men - aquele citado no post anterior. Não demorou e me tornei também leitor do gibi dos X-Men; à época, um daqueles formatinhos da Abril. Descobri que os quadrinhos mutantes eram um universo bem mais amplo que o mostrado na telinha. Já na minha primeira revista, conheci um punhado de personagens novos, a citar alguns: Jamie Madrox, o Homem Múltiplo; e um cara fortão chamado Guido Carosella. Em princípio, achei que fossem vilões, mas na saga dos mutantes que peguei em andamento ficou claro que eles estavam sob domínio do Rei das Sombras (ei, esse eu já conhecia). Verdadeiro vilão vencido, muitos mutantes bonzinhos no mesmo lugar: logo de cara presenciei uma reformulação nas equipes X - ingênuo que era, para mim a coisa era definitiva. Madrox e Guido passaram a fazer parte de uma equipe mutante subordinada ao governo norte-americano, o X-Factor, ao lado de outros personagens novos para mim, como Destrutor, Polaris e Lupina, mas que o tempo mostrou terem muita história antes de formada a equipe. E suas aventuras eram publicadas, ufa, em X-Men. Chamavam atenção as altas doses de humor nas situações vividas pelo grupo, algo que até então me parecia inconcebível num gibi de super-heróis - eu ainda não havia sido apresentado à Liga da Justiça de Keith Giffen e J.M. deMatteis, pioneira nessa abordagem. O codinome de Guido, o cara fortão, era...Fortão. De qualquer modo, eu gostava bastante daquelas histórias, e agora vejo o X-Factor cômico como uma das poucas coisas nos quadrinhos mutantes dos anos noventa digna de ser lembrada.
E então surgiu esta minissérie, Madrox. O fator nostalgia bate forte na hora de pegar e ler o gibi: além do personagem-título, Lupina e Fortão também estão lá, e o escritor é o mesmo daquele bom X-Factor, o talentoso Peter David. Mas a história tem seus méritos próprios.
Jamie Madrox agora é um detetive particular num canto de Nova York denominado Cidade Mutante. Ele tem dois intrigantes casos em mãos: o de uma mulher que duvida da fidelidade do marido, um mutante paralítico mas capaz de criar uma projeção astral de si mesmo, e o de uma cópia sua que aparece esfaqueada e à beira da morte após retornar de Chicago, cidade bem violenta mesmo na vida real. Lupina, Fortão e uma outra cópia vão investigar o possível adultério, e o Jamie original encaminha-se a Chicago saber quem tentou matá-lo e por quê. Neste último plot concentra-se a parte noir da trama, como o narrador - o próprio Jamie - faz questão de dizer a si mesmo o tempo todo.
Peter David teve uma idéia muito interessante para trabalhar Madrox. Um homem múltiplo não precisa fazer escolhas, não à maneira que nós, pessoas "inteiras", estamos acostumados: optando por caminhos que nos desviarão irremediavelmente de outros. Ele pode ir em qualquer direção imaginável, bastando para isso criar uma cópia e dizer, "vá". Então ela retorna e Jamie absorve o conhecimento adquirido. E há cópias de Madrox por toda a parte, assimilando todo tipo de experiência - há um Jamie shaolin! Como efeito colateral, contudo, as cópias criam um ponto de vista próprio sobre as realidades vivenciadas, criando certa confusão na mente do original e também colocando-o, vez ou outra, em boas enrascadas.
Assim, o inusitado, tão bem-vindo nas histórias dos mutantes da Marvel - e inexplicavelmente escasso na maioria delas - marca presença nas páginas desta mini, extremamente indicada para eternos fãs que há muito evitam os títulos X devido ao marasmo dos mesmos, situação que já dura longos anos e nos faz buscar, quase sempre, lá no passado a lembrança de boas sagas.
As aventuras de Madrox e dos outros continuam na nova série do X-Factor, também de Peter David, que breve devorarei com o mesmo gosto, assim espero.

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