quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

Primeiro post de 2006. Gostaria de começar desejando um ótimo ano a todos os meus possíveis leitores. Não que eu queira um péssimo ano a quem não me lê (praticamente toda a população mundial). Trata-se de mera formalidade. Pensando bem, tem outra coisa, sim...queria que as pessoas que por acaso passam pelo blog me deixassem saber de alguma forma que o fizeram. Acho que isso ia me fazer bem, mesmo que apareça alguém dizendo que eu só escrevo merda.
Ok, ok...chega de divagações, viagens e afins. Estou aqui porque estou a fim de falar sobre minha passagem de ano. (Gozado, isso me fez lembrar dos tempos de primário e das redações sobre as férias que eu era obrigado a escrever naqueles dias. Enfim, chega de firula!)
No dia 31 viajei com os meus pais e meu irmão para Salto Grande, uma cidadezinha na divisa com o Paraná onde existe uma colônia de férias da Caixa Econômica Federal. Em princípio, eu não queria ir, por não me sentir disposto a fazer uma viagem tão longa - mais de quatrocentos quilômetros - para ficar só com a minha família num lugar pequeno e sem muitas opções de lazer. Fui meio a contragosto, mas acabei curtindo. Talvez tenha sido melhor do que ficar em São Paulo, onde dificilmente eu encontraria tamanha tranqüilidade e, por conseqüência, um mais que bem-vindo descanso para a mente. Uma pena ter chovido tanto, senão o passeio teria sido ainda mais prazeroso.
Eu não ia à colônia há anos, mas ela não me pareceu muito diferente após todo esse tempo. Uma reforma iria bem. As diferenças que notei não tinham muito a ver com a colônia em si, mas com os bichos que vivem lá. Não ouvi cigarras, que me intrigaram - e irritaram! - bastante em visitas anteriores. Antes, havia muitas delas. Sapos também, ou pelo menos eu achava que eles tinham sumido. Só vi um, enorme, ontem à tarde. E, para me contrariar de vez, vários deles estavam cantando à beira do rio, quando eu fui para a cama.
Como passei o tempo? Bom, saímos pela cidade algumas vezes, meus pais mais do que eu. Passamos a virada do ano no centro, onde vimos uma queima de fogos. A cidade inteira devia estar lá. Pouco a dizer sobre isso: todo revéillon deve ser igual em lugarejos como Salto Grande. Na colônia, havia uma piscina, na qual eu entrei quandonão chovia ou não fazia frio, e alguns cachorros com quem brincar. Quando chegamos, havia outras duas casas ocupadas. Mas eu não tive quase nenhum contato com essas pessoas: apenas falei, muito rapidamente, com um homem extremamente gordo, à beira da piscina, e a conversa não foi além do banal.
Fiquei mais tempo dentro da casa mesmo, assistindo TV, ouvindo música, jogando baralho e, principalmente, lendo.
Aproveitei a viagem para tentar retomar meu ritmo de leitura habitual. Levei três gibis do Demolidor e li a história do personagem-título de cada um deles. Mas o meu companheirão de viagem foi mesmo O Silmarion, de Tolkien. A criação do mundo, a revolta de Morgoth, o surgimento dos elfos e dos homens, a confecção das Silmarils, o amor de Beren e Lúthien. Muitas belas histórias, muito anteriores à agora tão conhecida Guerra do Anel. Eu lia de manhã, à tarde, à noite; na casa, em frente ao rio, no carro. Simplesmente encantador. Ainda não li tudo, e quando acontecer, sentirei saudade.
À noite, esperava o sono chegar sozinho no quarto, ao som de músicas eruditas ou Led Zeppelin - este último acabou me acompanhando na viagem por acaso e foi bastante providencial ontem, quando eu percebi que não queria mais ouvir pianos ou orquestras.
Um dado interessante sobre a viagem também tem a ver com música. Eu descobri uma rádio evangélica, a BBN Internacional (acho que é isso). Normalmente eu me manteria muito afastado de sua freqüência, em 96,1 MHz, mas dessa vez não foi assim. É que o repertório da rádio era diferente: havia as típicas músicas "gospel" brasileiras, mas o que tocava a maior parte do tempo eram hinos de louvor a duas, três, quatro vozes, com arranjos bonitos, capazes de emocionar até não-cristãos. Sabe, quando a música é boa, ela me pega de tal modo que deixo a letra em segundo plano. Não foi exatamente o caso aqui. Não ignorei o fato de as músicas falarem de Deus, muito pelo contrário. Até cheguei a pensar que a música seria a melhor maneira de entrar em contato com uma entidade superior. Ler o Silmarilion certamente me ajudou a formar essa opinião: conta-se, no livro, que tudo o que existe foi criado a partir da música. Lindo demais! Aí eu pensei que somente a música me faria voltar a crer, de verdade, num deus. Será que, um dia, deixarei de ser agnóstico para, como consta no Orkut, ter "um lado espiritual independente de religiões"?
Chegamos em São Paulo às quatro e meia da tarde. Como disse antes, gostei da viagem, mas não agüentaria ficar mais tempo. Há um momento em que é necessário voltar à vida habitual. O ano tem que começar de verdade. E eu tenho muito a fazer.

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