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sexta-feira, 6 de maio de 2011

vídeo - entre rios

O que hoje conhecemos como o município de São Paulo surgiu numa colina, entre dois rios. Um ponto estrategicamente isolado por proteções naturais, ideia dos indígenas que o colonizador surrupiou. Por anos São Paulo viveu de seus rios. No final do século 19, a necessidade mudou: São Paulo tinha de crescer. E os rios se tornaram empecilhos ao modelo de crescimento que havia sido adotado. Foram transpostos, canalizados, enterrados. Nas proximidades de suas antigas margens, junto a seu antigo leito, construções imponentes, valorizadas. E para os rios, ia o esgoto. Mas eles, os rios, já estavam isolados, ninguém se importaria. E assim São Paulo foi crescendo, mais e mais. Logo surgiram outros rios no caminho. Mas estes não se comparavam aos anteriores: eram imensos, faziam curvas, possuíam muitos metros de largura mesmo quando não chovia. Formavam paisagens maravilhosas. Foram também canalizados, e suas antigas várzeas se tornaram atraentes para os negócios imobiliários. E isso mesmo com nossa grande invenção, as enchentes. E como São Paulo já havia crescido tanto, as distâncias a percorrer se tornaram também grandes. O escolhido para vencê-las permitia também excelentes possibilidades de negócios: era o automóvel. E assim, parcial ou totalmente, os rios deram lugar a grandes avenidas para os automóveis andarem depressa. Ora, São Paulo crescia, e não podia parar. E essa lógica segue inalterada até os dias atuais.

Sobre isto e mais um pouco trata o vídeo a seguir, entitulado Entre Rios. Que sistema estamos alimentando quando achamos que precisamos de um carro porque o transporte público não presta ou mudar para um novo apartamento num condomínio que oferece inúmeras opções de lazer? As escolhas que os governantes fazem são exatamente aquelas que as empreiteiras e a indústria automobilística mais querem que sejam feitas. O preço disso tudo foi bastante caro e quem mais pagou foram nossos antigos rios. Não por acaso tentaram escondê-los, fazer-nos crer que eles não estavam mais ali. Mas basta uma chuva mais forte e...

ENTRE RIOS from Santa Madeira on Vimeo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

expansão sp: cada vez melhor?

Ah, resolvi compensar a falta de posts por aqui trazendo o texto que publiquei no blog desabafo_sp para cá.


Expansão SP: cada vez melhor?


O Expansão SP é, segundo o próprio governo do Estado, o maior programa de investimento em transporte público jamais realizado em São Paulo. Prometia novas estações, novas linhas e renovação da frota, tanto no Metrô quanto na CPTM.

Os esforços para promovê-lo foram expressivos. Cada novo trem em circulação era anunciado com alardes em todas as estações. Até agoora, porém, somente algumas linhas receberam s novos desde então, mais destacadamente a linha 2 do Metrô, que cruza a Avenida Paulista, e a linha 9 da CPTM, paralela ao Rio Pinheiros. (Esta última teve estação reformada sendo inaugurada como nova, dias atrás.)

Não parou por aí. Linhas e estações cujas obras sequer haviam começado a ser construídas eram anunciadas, não só em grandes cartazes nos trens, mas na televisão. Conexões entre trem e metrô que mal haviam deixado a fase de projeto eram alardeadas como solução próxima.

A realidade é bem outra. O ritmo das obras é lento, marcado por constantes atrasos. Na linha 4 do Metrô houve, no mesmo ano de 2007, um grave acidente, que matou sete pessoas, e um erro de cálculo no projeto que fazia com que túneis não se encontrassem. A linha teve o início de operações prometido para o início deste ano, mas ainda não há previsão para o início do transporte de passageiros. Mesmo assim, só duas estações seriam abertas, em princípio.

E a linha 5, que deveria ligar bairros do zona sul de São Paulo a linhas que cruzam o centro, está empacada desde 2002, data de inauguração de seu trecho inicial (Capão Redondo-Largo 13). A primeira estação a ser entregue em anos deve ficar pronta em 2011, segundo o Metrô, que já chegou a prometer a linha inteira operando em 2012. Até lá, na zona sul só se expandem os congestionamentos.

Desnecessário dizer que a situação nos trens continua bastante problemática. O metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo. Que o digam os usuários da Linha 3, que atende a superpopulosa zona leste, onde o Expansão SP só chegou em anúncios e um programa chamado “Embarque Melhor”, totalmente indigno do nome. Nada muito diferente se observa na CPTM: trens antigos, superlotados e constantes atrasos de partidas, mesmo em finais de semana.

O que o governo de São Paulo tem feito ainda é muito pouco para os moradores de São Paulo e cidades vizinhas se deslocarem a trabalho ou lazer com alguma velocidade e um mínimo de conforto.

A propaganda paga pelo contribuinte engana e quer vencer pela insistência.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

duas demolições. só uma é notícia

O metrô de Santo Amaro, a lenda, está de volta à pauta...
O Metrô já vem desapropriando e desocupando alguns imóveis aqui na região. A companhia "escolheu" para suas futuras obras um terreno onde se situava um imóvel grande na avenida Santo Amaro, onde até um tempo atrás funcionava uma casa noturna, para sermos bem eufemistas.
Só para variar, o Metrô fez as coisas meio lentamente, e o imóvel acabou invadido. Moradores da região ficaram incomodados, não sem razão. Seguem links para matérias da imprensa que permitem acompanhar o caso.



E, por fim, foi ao chão.
Outro imóvel foi derrubado, do outro lado da avenida. Esse vinha sendo utilizado como residência já há algum tempo. Eram pessoas pobres, que talvez tivessem elas mesmas invadido a casa, abandonada, por não ter para onde ir. Que terá sido feito delas, agora que o Metrô decidiu tomar seu pedaço de chão para suas obras sem prazo de entrega? Foram para um casa nova? Cabe a pergunta, pois, evidentemente, isso não virou notícia. Talvez não se tratasse de algo que tirasse o sono da "opinião pública".

domingo, 2 de maio de 2010

andré fala do expansão sp no blog do @desabafo_sp

Que tal ler um post meu em outro blog?

Clique aqui para ver minha contribuição (que venham mais! rs) ao blog do @desabafo_sp, pessoal de olho na qualidade (?) do transporte nessa São Paulo caótica, caótica. No texto, busquei confrontar a propaganda maciça do Expansão SP com a realidade.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

a locomotiva sem trilhos

Estou numa campanha heroica para destruir o insensato mito "São Paulo, locomotiva do País". Nada mais oportuno do que falar de transporte sobre trilhos.

Esta saiu no jornal de hoje:

Obra do Metrô descobre trilho de bonde na zona sul

Antes de os automóveis reinarem absolutamente em nossas ruas, e ai de você se ficar na frente deles, o transporte público era realizado por trens, ou por bondes. Uma das justificativas (?) para a aposentadoria dos bondes foi justamente a de atrapalharem o trânsito. O que a prefeitura fez então, à época? Jogou asfalto por cima dos trilhos. Os de Santo Amaro não são os primeiros e nem serão os últimos a serem "reencontrados".
Os últimos anos do bonde, aliás, coincidiram com a construção de diversas avenidas, como a 23 de Maio e as marginais, as freeways, caminhos livres para os automóveis.
Anos depois, o governo acordou para a vida e resolveu expandir a malha ferroviária da cidade, ainda que bem-len-ta-men-te. Ora, tivesse havido algum planejamento naqueles, os pequenos bondes teriam sido substituídos por trens de superfície, e hoje não teríamos de esperar a boa vontade dos nossos atuais governantes para que, por favor, façam com que não percamos uma vida no trânsito e de quebra, sermos transportados com um mínimo de conforto.
Mas na época acharam que asfalto é que era progresso. Ainda tem quem ache...
E se eu for falar do ramal da Cantareira de trem, da qual fazia parte a estação Jaçanã do samba do Adoniran, aí o sangue ferve de verdade. Não é que me asfaltaram uma ferrovia?
Você aí, preso no trânsito, respirando essa coisa tóxica do escapamento do seu carrão, continua achando São Paulo sensacional? Vai fundo. Ou melhor, fique aí nesse anda-para.

sábado, 27 de março de 2010

ghost bike




Minha habitual pedalada de final de semana teve destino certo esta manhã: uma homenagem a mais um ciclista morto (assassinado!) nas ruas desta cidade. O sr. Manoel Pereira Torres atravessava na faixa com sua bicicleta, com o sinal aberto para os pedestres, próximo ao viaduto Vereador José Diniz. Um motociclista que passava em alta velocidade no corredor exclusivo de ônibus o atingiu em cheio. Com o impacto, a bicicleta foi lançada contra um poste de aço e dobrou ao meio. Já seu Manoel foi arremessado foi arremessado contra o semáforo, a três metros de altura. Morreu na hora.
A ghost bike é uma bicicleta pintada de branco instalada no local da morte do ciclista. Foram também pintados nos dois lados da avenida os dizeres "devagar vidas", tudo como ação em nome de uma maior tolerância no trânsito e, por extensão, em nossas vidas.
Leia mais a respeito da morte de seu Manoel e desta ghost bike (e de outras) neste post do Vá de Bike. E aprendamos alguma coisa.

domingo, 24 de janeiro de 2010

paulistana

Se a aniversariante de amanhã pudesse soprar velinhas, arrisco-me a dizer que seu pedido secreto seria o de pararem de chamá-la terra da garoa. Certamente muitos usam o apelido sem a menor noção de seu porquê, e nem pensam que ele já não faz o menor sentido. A chuvinha fina que não falhava nos outrora agradáveis finais de tarde paulistanos remontam a uma época sem ilhas de asfalto e concreto, em que a periferia braba ainda era zona rural. Pertence ao passado, como os bondes e os cursos d'água limpos e não canalizados e, da mesma maneira que estes, só existem hoje na memória de quem os viu, pois a ganância de uns assim o quis. Alcunha mais adequada seria terra das tempestades, ou dos contrastes absurdos. Mas seria péssimo marketing. A Califórnia é lembrada por suas praias, não pelos terremotos.

sábado, 12 de dezembro de 2009

mansão matarazzo (ou, a força da grana)

Hoje acompanhei meu pai numa ida rápida (exceto pelo trânsito) à Avenida Paulista. Como estávamos de carro, foi necessário procurar os serviços de um dos estacionamentos praticantes de preços abusivos da região. Paramos naquele na esquina da avenida com a Rua Pamplona. Muitos que passam por ali não devem saber, mas naquele terreno árido, sem interesse ao público, existiu a residência de uma das mais influentes famílias paulistanas do seculo passado. Daí veio a motivação para a pesquisa e o texto que se segue.
Francisco Matarazzo veio da Itália, como tantos outros imigrantes em busca de nova vida no Brasil no final do século XIX e começo do século XX. Com o tempo, o "conde" construiu o maior império industrial da América Latina. Como residência para sua família, mandou erguer uma mansão na Avenida Paulista, então endereço de outros aristocratas paulistanos. A construção ficou pronta em 1941.
A partir da década de 1960, as grandes construtoras voltaram seus olhos para a avenida, então puramente residencial, e a região à sua volta jamais foi a mesma. Os palacetes foram vendidos e derrubados um a um, para a construção de edifícios, em sua maioria, comerciais. Surgia a Paulista cosmpolita que conhecemos. Poucas das antigas mansões prevaleceram e, até o final dos anos 1980, a propriedade dos Matarazzo era uma delas.
A então prefeita Luiza Erundina queria que o local abrigasse um centro cultural. para o trabalhador. O imóvel chegou a ser tombado pelo Conpresp, responsável pela preservação do patrimônio municipal. Mas a família Matarazzo se opunha a essa destinação para o casarão, atenta à especulação imobiliária que fazia do metro quadrado na região o mais caro da cidade à época. Tentaram mesmo implodi-lo, sem sucesso. Na mídia, muito se discutiu sobre a validade de um tombamento numa região já descaracterizada - valeria a pena manter a mansão como um dos poucos resquícios da antiga Avenida Paulista, contrastando com todos aqueles prédios modernos? Argumentos pró e contra surgiram aos montes, e a ideia do espaço cultural não vingou.
Em 1993, Paulo Maluf assumiu a Prefeitura. Ele suspendeu o tombamento da mansão. O órgão nacional de patrimônio (Iphan) chegou a manifestar-se a favor do tom]bamento. Em 1995, porém, na calada da noite, tratores contratados pelos próprios Matarazzo avançaram contra a casa e a puserram abaixo. O poder da família há muito declinara, e um dos seus poucos símbolos desapareceu pelas mãos de quem deveria ter mais interesse em preservá-lo.
Desde a demolição, funciona no terreno o atual estacionamento. Em 2007, finalmente a família Matarazzo concretizou sua venda. Duas gigantes do mercado imobiliário arremataram-no por R$ 125 milhões. As megaempresas pretendiam construir no espaço mais um grande empreendimento comercial para São Paulo. Até agora, nada se fez.
Restam quatro casarões na Avenida Paulista. Um deles, a Casa das Rosas, é tombado e utilizado como espaço cultural. A região não tem mais o metro quadrado da cidade; as grandes construtoras hoje fazem seus melhores negócios junto à Marginal Pinheiros. Porém, quase todo ponto da cidade está apto a receber novos empreendimentos, desde que não haja legislação em contrário. A história pregressa do local não importa.
Mansão Matarazzo, de possível casa de cultura a estacionamento, ao menos até que se decida que a hora mais rentável para construir chegou. Mais um conto de "Sampa".

Um pouco da história dos Matarazzo conta-se aqui, e pode-se ver o terreno da mansão enquanto ela ainda estava em pé aqui. Nas duas páginas, textos que serviram de base à minha pequena pesquisa. E nesta foto, a antiga entrada do casarão, tudo o que sobrou dele.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

metrô

Surpreendente a notícia divulgada esta semana de que 56 por cento dos usuários de Metrô em São Paulo possuem carro. É a confirmação de que existe um bom número de pessoas que se convenceu de que o "conforto" do automóvel no uso diário é ilusório e, tendo a oportunidade de utilizar um transporte coletivo mais eficiente, embora em vias de saturação, fazem-no sem pestanejar. Dá a esperança de que um bom número de veículos pode sim deixar as ruas quando a expansão do Metrô sair da propaganda. E a coisa poderia melhorar ainda mais se houvesse esperança de revitalização das linhas de ônibus e trólebus.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quando um provincianismo cairia bem

Em vez de dizer que tal lugar em SP ainda tem "clima de interior" - a imprensa adora usar essa expressão quando se refere aos poucos redutos de paz que sobraram na metrópole" - o correto seria afirmar que o ar da referida localidade é o que deveria predominar na cidade se o crescimento imediatista e a especulação imobiliária permitissem um mínimo de qualidade de vida ao cidadão.


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Como nessa cidade a gente tem mania de megaobra - como a mais que discutível Nova Marginal - , o Metrô é a solução da lavoura para o caos no transporte público. Não importa o quanto as obras demorem. Acintosa a propaganda do Serra-2010 citando estações que ainda sequer saíram da fase de projeto como realização de governo. Enquanto isso, ônibus e trólebus não recebm nem um centavo de investimento, nem em propaganda. A única coisa que a prefeitura "faz" para quem insiste bravamente nesse meio de transporte sem jeito é congelar a tarifa em ano eleitoral via aumento de subsídios às empresas que exploram as linhas. Exploram é ótima palavra, aliás, já que elas são estupidamente bem remuneradas para prestar um serviço lamentável.


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Quem foi o doutor Chucri Zaidan e por que uma avenida com o nome dele pode trazer a "modernidade" da região da Berrini para poucos metros de portão de casa? Alguém pediu por isso? Aí a Vila Cruzeiro vira uma nova Vila Olímpia? E a ponte na cara do Burle Marx. Será que o parque continua o mesmo? E a ampliação da marginal, túneis, viadutos e tantas outras "obras" viárias para você que simplesmente anda de carro achar que as coisas vão melhorar um pouco até que tudo fique entupido como antes? Parece que o malufismo só muda de rosto e você aí no "conforto" de seu automóvel a um por hora nem vê.


sábado, 12 de setembro de 2009

(sem) alternativas (?)

Volta e meia alguém se pergunta: o que seria de uma cidade como São Paulo sem as marginais, sem Radial Leste e outras grandes artérias? Essas que vivem congestionadas, o povo se esquece de mencionar. Bem...poderíamos ter um transporte público melhor, mais eficiente. Pois é.
E a ampliação da Tietê vai mesmo sair...não é grande surpresa que a tal liminar contra a obra não tenha sido aceita, apesar da chuvarada de terça mostrar que aquele nadinha de área ainda permeável que vai ser substituído por asfalto pode, sim, fazer falta.
No mais, pagando o preço. Pra sempre?


***

Um dia eu paro de postar e pensar em mobilidade urbana. Acho...




quarta-feira, 9 de setembro de 2009

eu lembro...

(instantâneos de uma infância na cidade veloz)

...o cheiro de chocolate vindo da fábrica da Lacta no Brooklin...era atravessar o viaduto da Vereador José Diniz sobre a Vicente Rao e o doce aroma surgia a nos deleitar.
...The Waves, um parque aquático perto do Centro Empresarial, onde hoje estão um Extra e um Assai. Nunca entrei lá. Devia ser caro.
...fábricas da Monark e da Caloi na Marginal Pinheiros. E tantas, tantas outras.
...anúncio da Metal Leve na Pedro Álvares Cabral, um pouco depois do Detran. Tinha uma engrenagem que não parava...
...idas ao Mappin Itaim e Praça Ramos.
...a vizinhança na periferia tomada por ruas de terra. Era poeira ou lama.
...as milhares de linhas de ônibus que ligavam cada "jardim" com nome de mulher ou de flor com ruas trafegáveis (vide acima) ao centro da cidade, antes da implantação dos terminais municipais (Santo Amaro, João Dias, Capelinha...)
...ônibus. De todos os tipos. Pintados em todas as cores. Uns muito velhos, outros nem tanto. Alguns menos barulhentos. Trólebus, uns que pareciam trólebus (eram da Mafersa). De linhas retas ou arredondadas. Até de dois andares. Levando a toda parte.
Foi o que lembrei agora.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

a velha monark

Subindo num ônibus no ponto da Marginal Pinheiros mais próximo de casa, seguindo sempre adiante, em poucos minutos chega-se ao que já foi uma fábrica da Monark. A quem o nome nada diz, esclareço: tratava-se de uma montadora de bicicletas. Não sei quando o complexo foi desativado - certamente antes de eu passar a atentar em tais coisas, infelizmente - mas sei do que acontece agora, porque vejo: sua demolição começou há alguns dias.
A história da velha fábrica não é única, bem sabemos. Tantas outras indústrias já deixaram a cidade em busca de vantagens logísticas e fiscais. Cabe perguntar o que foi permitido a seus antigos funcionários buscar, após a extinção de seus postos de trabalho.
Os antigos terrenos industriais, alguns ainda não tiveram destinação definida. Estes abrigam esqueletos apodrecendo ao sol, desgastando-se sob as intempéries, até o mercado lembrar-se de utilizar essas áreas. Em tantos outros, as velhas fábricas já foram abaixo, cedendo espaço a mais torres, em sua maioria residenciais, daquelas que prometem conforto e lazer total a seus moradores. Assim que eles conseguirem sair do trânsito, ao menos.
Ainda não sei o que será da antiga Monark. Garanto a informação neste espaço assim que a tiver.


Em tempo: não estou atacando a saída das indústrias, muito menos pretendo com este post algo do tipo bons-tempos-eram-os-antigos. Apenas observo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

seis milhões...e contando

Seis milhões é o número de veículos emplacados na cidade de São Paulo atualmente. Estima-se que tal marca será alcançada hoje.
E contando, pois logo todos estarão parados num congestionamento monstruoso e ficará fácil dizer qual o número exato deles "na mão".
Previsões apocalípticas à parte: a média habitante/carro de São Paulo é a mesma de Paris. Seria chique, se os parisienses não tivessem à sua disposição uma rede de trens metropolitanos que atravessam todos os arrondissements da cidade. Já o nosso metrô é aquela coisinha insignificante que bem conhecemos. E quando finalmente se dispõem a ampliar a malha...
Transporte de massa aqui na cidade sempre foi tão coisa de pobre que foi deixada para último plano ao longo dos anos. E o resultado são centenas de ruas e avenidas entupidas de carros, a maioria deles com um único ocupante - o condutor. Coisa triste de constatar; faça o exercício.
E lá vamos nós rumo a razão um por um?

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

o bilhete único integrado e as eleições

Foi anunciado hoje o valor do bilhete com o qual será possível usar ônibus, trem e metrô: três reais. Valor abaixo daquele sugerido por técnicos do Estado, que temem por uma saturação das já bastante utilizadas linhas Azul e Vermelha. Eles queriam que o bilhete custasse R$ 3,60, valor que já representaria um desconto razoável para quem usa ônibus e metrô - atualmente, a soma das tarifas é de R$ 4,10. Os três reais anunciados hoje parecem uma dádiva dos céus. Porém, se nós não pagamos, alguém paga, evidentemente. No caso, os governos estadual e municipal vão dividir as despesas. A carga de subsídios ao transporte coletivo, já elevada, subirá ainda mais.
E temos ainda a pressa em implantar o novo sistema. Já há catracas compatíveis com o novo bilhete na Linha 2, da Paulista, e na linha de trens da CPTM que acompanha a Marginal Pinheiros, previstas para entrar em operação já no dia 30. Mais uma vez, profissionais da área tinham reservas quanto a essa data, prevendo transtornos que poderiam ser evitados adiando o ínício do funcionamento do sistema para janeiro.
Tudo isso tem uma justificativa: a proximidade das eleições. Tanto José Serra, prefeito, quanto Geraldo Alckmin, governador, são candidatos virtuais à presidência da República. Os dois, obviamente, querem colher os frutos políticos dessa medida. À primeira vista, o principal beneficiado é o prefeito, que prometeu a integração plena do transporte coletivo em sua campanha. Alckmin não perde tempo e, em entrevistas, faz questão de frisar que a parceria entre a Prefeitura e o Estado possibilitou a chegada do bilhete. A disputa dentro do partido promete.
E como ficam as coisas para os eleitores? A integração ônibus-trem-metrô inegavelmente facilita a vida de quem depende de transporte público. Mas o caráter visivelmente eleitoreiro de sua implantação urgente pode causar transtornos, e não falamos somente daqueles citados anteriormente neste texto. Será que um valor tão baixo para o bilhete - praticamente 25% de desconto em relação à tarifa atual para ônibus e metrô - e tão oneroso aos cofres públicos prevalecerá? É impossível prever com exatidão para quais setores serão destinados os recursos estaduais e/ou municipais; ajustes emergenciais podem ser necessários a qualquer momento. A pechincha no bilhete integrado é séria candidata a ser a primeira coisa a ser revista, em casos de aperto nas contas estatais.
Se não houver maiores problemas logísticos, o bilhete integrado é garantia de votos para o PSDB, qualquer que seja o candidato do partido. É impossível prever, entretanto, se o desconto "amigo" na tarifa poderá ser mantido a médio prazo - até depois das eleições, digamos.