segunda-feira, 18 de maio de 2009

descendo lenha

Um certo jogador de futebol disse um grande jornal que seu rebento é "praticamente europeu", apesar de ter nascido nestas paragens, e prefere que ele tenha amiguinhos nascidos no berço da civilização ocidental. Ao chamado ídolo do esporte não ocorre, entretanto, que é brasileira a equipe que defende, que é majoritariamente brasileira a empresa que lhe rendeu milhões para anunciar suas cervejas, e, sobretudo, foi em terras brasileiras que ele teve a única oportunidade de se destacar em alguma coisa nesta vida e se tornar a máquina de dinheiro de hoje, chance sem a qual jamais ousaria sonhar com a possibilidade de escolher entre os companheiros de seu filhinho, somente infantes nascidos no continente europeu. Óbvio que o profissional da bola não pensou nisso antes de articular suas palavras, nem em todos os conterrâneos despossuídos que esperam sua nova e brilhante jogada. Despossuídos como ele poderia ser até hoje. E que, convencidos por tão fenomenais palavras, podem vir mesmo a se convencer de que somos piores que europeus, norte-americanos, o que o valha.

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