quarta-feira, 14 de abril de 2010

a locomotiva sem trilhos

Estou numa campanha heroica para destruir o insensato mito "São Paulo, locomotiva do País". Nada mais oportuno do que falar de transporte sobre trilhos.

Esta saiu no jornal de hoje:

Obra do Metrô descobre trilho de bonde na zona sul

Antes de os automóveis reinarem absolutamente em nossas ruas, e ai de você se ficar na frente deles, o transporte público era realizado por trens, ou por bondes. Uma das justificativas (?) para a aposentadoria dos bondes foi justamente a de atrapalharem o trânsito. O que a prefeitura fez então, à época? Jogou asfalto por cima dos trilhos. Os de Santo Amaro não são os primeiros e nem serão os últimos a serem "reencontrados".
Os últimos anos do bonde, aliás, coincidiram com a construção de diversas avenidas, como a 23 de Maio e as marginais, as freeways, caminhos livres para os automóveis.
Anos depois, o governo acordou para a vida e resolveu expandir a malha ferroviária da cidade, ainda que bem-len-ta-men-te. Ora, tivesse havido algum planejamento naqueles, os pequenos bondes teriam sido substituídos por trens de superfície, e hoje não teríamos de esperar a boa vontade dos nossos atuais governantes para que, por favor, façam com que não percamos uma vida no trânsito e de quebra, sermos transportados com um mínimo de conforto.
Mas na época acharam que asfalto é que era progresso. Ainda tem quem ache...
E se eu for falar do ramal da Cantareira de trem, da qual fazia parte a estação Jaçanã do samba do Adoniran, aí o sangue ferve de verdade. Não é que me asfaltaram uma ferrovia?
Você aí, preso no trânsito, respirando essa coisa tóxica do escapamento do seu carrão, continua achando São Paulo sensacional? Vai fundo. Ou melhor, fique aí nesse anda-para.

Um comentário:

André disse...

Do livro que estou lendo sobre a história de Santo Amaro:
"(...)o progresso acabou expulsando o bonde."
Por progresso, entenda-se, o que está por aí hoje.
Então tá.