segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

salto de sete quedas

Deixo de lado as motivações um tanto quanto mesquinhas do post anterior para falar brevemente de uma beleza brasileira, nossa, perdida há mais de vinte e cinco anos em nome do progresso pelo progresso.
Todos ouvem falar de Foz do Iguaçu, da maravilha de contemplar a imponente queda d'água que se faz ouvir a quilômetros de distância, espetáculo da natureza. E Salto de Sete Quedas, dizem-nos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo, era ainda maior, mais belo, mais digno de superlativos. Situava-se no Rio Paraná e desapareceu completamente quando da originação do lago da usina hidrelétrica de Itaipu, colosso que abastece Brasil e alguns países platinos. Outra das faraônicas obras concebidas em época de ditadura militar que, sem o devido planejamento, cobrou seu preço. Ou alguém acredita que tamanha força da natureza cessa de existir por acaso?
Salto de Sete Quedas. Uma rápida pesquisa no Google nos permite descobrir que o sete era número cabalístico; podiam identificar-se quase vinte diferentes quedas nas "Cataratas do Paraná". O Wikipedia destaca ainda que resquícios do Salto são identificáveis quando do abaixamento do nível de água na usina, ressaltando, ao mesmo tempo, que a magnitude de outrora é irrecuperável mesmo com um improvável esvaziamento da represa.
São outros os tempos agora, foram-se os militares, vive-se à sombra dos estragos de sua época, com os quais é imperativo aprender. Devemos acreditar que um Salto de Sete Quedas não seria destruído nos dias de hoje, não porque agora temos "democracia", mas por haver maior comprometimento com a causa ambiental em toda parte. E em parte desse processo de crença induzida (porém não passiva, irmãos) contribuímos eu neste post e quem mais dedicou seu tempo a este assunto, na Internet ou por outras mídias.
Não se esqueçam de nossas cataratas submersas, mesmo aqueles que nasceram após o desastre, e não por ímpeto masoquista em recordar tristes histórias. Se alguém merece mesmo se incomodar com o sepultamento do Salto a ponto de ter noites mal dormidas são os responsáveis por tal barbárie. A gente lamenta e vai em frente, em nome do que ainda existe e vale a pena preservar.

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