segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

são paulo no rumo certo. para a vala

E a semana se inicia com o anúncio oficial da (pré-)candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo. O tucano deve agora disputar as prévias que definirão o nome que seu partido lançará para o pleito; estas, no entanto, tendem a se tornar uma mera formalidade, uma vez que os demais postulantes tendem a declinar de suas pré-candidaturas - todas anteriores ao anúncio de Serra - em favor do ex-prefeito, que aparece em primeiro lugar nas pesquisas em que é citado como o candidato do PSDB, ainda que apresente o maior índice de rejeição entre todos os possíveis concorrentes.
Está na frente pois é o nome mais conhecido no páreo. A rejeição se explica pelo mesmo motivo, e também (assim esperamos) porque estamos falando de José Serra, aquele político que abandonou a mesma prefeitura paulistana seis anos atrás para disputar uma nova eleição após afirmar categoricamente - e até registrar em cartório - que não o faria, e que até ontem tinha como objetivo candidatar-se novamente à presidência da República.
Pois bem, Serra é candidato e, apesar de todas as circunstâncias que o desabonem - somem-se a estas o apoio incondicional do impopular prefeito atual e seu ex-vice, Gilberto Kassab -, tem grandes chances de se eleger. Para tanto, deve se basear no tradicional conservadorismo do eleitor paulistano, bem como polarizar a disputa com o PT, ingrediente este que tem funcionado às mil maravilhas na capital e no Estado nos últimos anos - com a ajuda de setores da mídia, diriam alguns, não sem certa razão. E lá vai São Paulo eleger aquele que vai derrotar os petistas, a qualquer custo - ainda que "qualquer custo" signifique "não há programa de governo".
Não que as demais alternativas sejam muito melhores, na realidade, ao menos entre as candidaturas mais expressivas. Que temos na disputa até o momento? O mui católico Gabriel Chalita mudou de partido duas vezes nos últimos três anos - do PSDB para o PSB e depois para o PMDB - e pode ter plagiado a si mesmo para conseguir uma nova titulação acadêmica, competindo assim em escrúpulos com Kassab, mais ocupado em fundar um partido fisiologista para chamar de seu que em administrar de fato a cidade. Soninha Francine saiu do PT e se lançou candidata a prefeita em 2008 pregando um "novo jeito de fazer política" e dois anos depois estava abraçada a José Serra na campanha eleitoral de mais triste memória da história recente, em que o fanatismo (inclusive religioso) quase decidiu quem seria o novo presidente. Netinho de Paula é outro que aparentemente só tem compromisso político consigo mesmo. Celso Russomano, do PP de Maluf, é opção que se restringe aos mais reacionários.
Por último, Fernando Haddad e o PT. Nada contra o ex-ministro da Educação, apesar dos problemas do Enem. Mas o partido foi protagonista de uma extraordinária lambança nos últimos dias. Crítico ferrenho da administração de Gilberto Kassab, até por um mínimo de coerência - que lhe tem faltado em outros Estados e a nível nacional -, o PT pleiteou o apoio do prefeito à campanha de Haddad, convidando-o inclusive para a comemoração de seus 32 anos de existência, apenas para depois ver a decepção de sua militância remanescente e amargar a "noiva" declarando fidelidade canina a José Serra. O partido comprometeu o que lhe resta de dignidade em nome de uma ação político-partidária pragmática que sequer se concretizou. (Viram como é possível fazer crítica pertinente, sem copia e cola da Veja?)
A verdade é que, após atropelar os colegas de partido, José Serra larga na frente na disputa deste ano, ainda que poucos creiam na possibilidade de o eterno candidato cumprir seu mandato até o final e, por consequência, tenha algum compromisso com a busca de soluções para os problemas desta cidade. Dos demais candidatos, embolados no pelotão posterior, também não se pode esperar muito; ou o próprio postulante ou seu partido não inspiram confiança. Vai assim se desenhando a certeza de mais quatro anos de descasos e abandono da capital paulista, mais notadamente dos locais onde a população mais pobre está. Até onde pode descer, São Paulo?

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