domingo, 17 de janeiro de 2010

o direito de não dirigir

Minha carteira de motorista venceu na última semana e não tenho a menor pressa em pedir por sua renovação. Houvesse ainda algo em mim do adolescente que teve aulas de direção com o pai e mal podia esperar para pilotar quando quisesse, a coisa seria diferente. Cresci, amadureci e notei que não há nada de romântico em guiar um automóvel. Já devo ter cansado meus (poucos) leitores com minha posição crítica a esse respeito, mas lá vou eu retomar a temática "anticarro" novamente.
Dirigir bem consiste em evitar o próximo acidente. Impossível contar com a prudência alheia, ao se verificar o flagrante desrespeito às leis e as estatísticas assustadoras de acidentes de trânsito. E ainda há o tráfego intenso. Perde-se tempo e paciência como nunca em nossas ruas e avenidas, com óbvias consequências sobre nossa qualidade de vida. Mesmo quem não dirige sofre. A poluição nas grandes cidades hoje é causada principalmente pela fumaça emitida por automóveis. É dinheiro queimado, e assim chegamos ao ponto.
Os carros que tanto queremos dirigir, o combustível que os faz andar - boa parte de seu preço consiste em impostos. Nosso país tem uma das maiores cargas tributárias do mundo. E é fato que essa enorme quantidade de dinheiro não é bem aplicada. Por exemplo: mesmo com todo a receita gerada pelo imposto sobre propriedades de veículos, muitos adotam como solução mágica para a conservação de estradas a sua concessão à iniciativa privada. Já quanto às cidades, o mesmo governo que incentiva a expansão de crédito para a compra de carros e motos não investe o suficiente em transporte público, como se movido por uma lógica de mercado que em absoluto cabe a quem deveria agir pelo bem comum. Pagamos e pagamos (inclusive na renovação de nossas preciosas carteiras de motoristas) para manter uma situação que não melhora. Pagamos para pagar mais, às vezes com vidas.
Não tenho interesse em voltar a esse jogo tão cedo, então, adio a renovação da bendita CNH o mais que puder. Já que não há pressa, planejo-me para, em meus deslocamenteos, ir mais devagar. E ao longe. Se há escolha, não se deve desperdiçar.

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